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Comentário sobre a primeira estrofe do hino 35 do hinário: Navio de Pedra

Comentário sobre a primeira estrofe do hino 35 do hinário: Navio de Pedra

JAIRO  SAMSONASJAIRO SAMSONAS

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This recording is about the 35th hymn of the "Navio de Pedras" hymnal titled "Abra a Porta dos Sonhos" (Open the Door of Dreams). The lyrics suggest that opening the door of dreams means allowing dreams to become a reality. The concept of cleaning the house every day represents organization and removing dirt symbolizes letting go of negative things. The rain symbolizes tears and emotions that can bring about change. The speaker emphasizes the importance of distinguishing between dreams and fantasies, as fantasies may not align with reality. Singing this hymn can lead to a deeper reflection on one's existence. The use of imperatives in the lyrics makes the message direct and personal. The discussion of these ideas took about 15 minutes. Bom, então a nossa gravação hoje, ela é sobre o hino de número 35 do Inário Navio de Pedras e esse hino ele tem por título a expressão Abra a Porta dos Sonhos e ele começa assim, Abra a porta dos sonhos, limpe a casa todo dia, bota a sujeira fora, deixa a chuva lavar. É interessante porque nessas expressões elas estão todas iniciadas dos versos com imperativo, então é uma ordem expressa, Abra a porta dos sonhos, limpe a casa todo dia. Então, pela palavra ou pelo termo casa, a gente pode fazer várias interpretações, mas nós vamos trabalhar primeiro com a ideia da conotação do abrigo. A casa é aquela que abriga, a casa é aquela que acolhe, que pode ser tanto a nossa casa física como pode também ser comparada em muitos momentos ao nosso corpo que abriga essa nossa essência de vida, então pode ser comparada também a nossa consciência que abriga todo um histórico de existência e assim por diante. Então é a ideia de abrigo daquela que acolhe, que recebe, que guarda indefinidamente ou por um determinado tempo. Botar a sujeira fora, então se você limpa a casa todo dia, limpeza tem a ver com organização. É interessante que limpar nem sempre é lavar, limpar nem sempre está ligado a essa conotação de tirar a sujeira. Por mais que a limpeza possa trazer a ideia de tirar a sujeira, eu quero dar um exemplo de um ferro velho, vamos ali limpar o ferro velho, vamos limpar uma área no ferro velho, não significa que será passado pano, que será tirado a poeira, a limpeza ela tem graus ou níveis, assim diríamos, então limpar uma área dentro de um ferro velho significa que aquilo vai continuar sujo, talvez continue feio, que aquele espaço continue empoeirado, mas ele estará limpo dentro de um conceito mais amplo do que significa limpeza para receber então outras coisas também consideradas de certa forma sujas. Então nem sempre o limpar significa ficar brilhando. Então se você considerar que a casa, o seu corpo, é a sua casa ou é a morada do seu espírito e que você tem que fazer uma limpeza nessa sua casa, você tem que fazer uma limpeza nesse seu corpo, nem sempre será necessariamente que essa limpeza vai trazer um brilho, porque às vezes você está trabalhando com limpezas em níveis diferenciados. Então muitas vezes você vai mexer em algo dentro de você que já está como um ferro velho e que você vai organizar, essa limpeza é uma organização para que algo que talvez esteja dentro desse ferro velho possa sofrer uma mobilidade, sair de um canto para outro. Então dentro do seu próprio corpo, dentro da sua própria vida, a limpeza nem sempre ela vai significar o brilho, ela vai trazer a conotação de mobilidade, de tirar algo que até então está em um determinado ponto para que possa abrir espaço para outro, e ainda usando essa metáfora do ferro velho, muitas vezes para você limpar uma área dentro daquele espaço delimitado ali no ferro velho, significa que você vai colocar em evidência algo que está amontoado, e ao colocar em evidência isso vai passar por um processo de separação. Então deixa eu esclarecer melhor, vamos imaginar que você tenha que limpar o canto esquerdo próximo ao muro, e lá está cheio de entulhos, então quando você tira aquilo, de repente uma lona será estendida, uma mesa será colocada, para você então entender o que está naquele entulho que vai de fato para o lixo ou que vai de fato para outros setores, pode ser o plástico, pode ser o ferro, pode ser o papel. Então eu quero aqui apenas que você entenda que nessa expressão, abrir a porta dos sonhos significa permitir trazer para a realidade a possibilidade de sonhar, a realidade desprovida de sonhos, ela pode ser uma realidade muito dura. Uma pessoa, por exemplo, que é morador de rua, que vive na sarjeta, se ele não tiver o sonho de que a vida vai ser melhor amanhã, no dia seguinte, aquela situação em que ele está vivendo como morador de rua, pode ser o elemento definitivo para que a vida dele se extingua. Então o sonho é muito importante, é importante que a gente saiba trabalhar, porque essa questão de ir ao mundo dos sonhos, que é o mundo subjuntivo, faz com que você lide com as vontades, com os desejos, e ao mesmo tempo em que você está trabalhando o sonho, que você está trabalhando o desejo, automaticamente você está trabalhando a realidade, porque muitas vezes o seu sonho, o seu desejo, a sua vontade, ele não é necessariamente seu. Nós temos no mundo hoje uma grande quantidade de gente que alimenta e que trabalha demasiadamente em busca dos seus sonhos, mas que no fundo, no fundo, aquele sonho não é o sonho dele no sentido do seu eu estrito interior da sua alma, ele está trabalhando em busca da projeção de algo que foi construído dentro dele. Então muitas vezes essa pessoa sofrendo consequências do meio em que ela vive, ela elabora, ela compra a ideia e aceita a ideia de que tem que batalhar em busca de algo ou fazer determinadas coisas, porque aqui é o sonho da sua vida, mas de que vida que ele está falando? da vida de ilusão que ele tem? Então é um conjunto com jogos e regras que precisam ser bem analisados para que você possa definir com clareza no seu interior até que ponto o que você está buscando é de fato sonho, até que ponto o que você acredita ser realidade que almeja esse determinado sonho é realmente a realidade. Então aí tem um jogo interessante para ser analisado. E dando sequência a gente continua aqui ainda nos primeiros versos desse hino que diz abra a porta dos sonhos, limpe a casa todo dia, bota a sujeira fora e deixa a chuva lavar. A chuva é interessante trabalhar com essa ideia da chuva aqui, porque a chuva ela naturalmente permite a existência de uma tempestade, a chuva naturalmente permite a existência de ventos, de um temporal. É raro o momento que a gente tem uma chuva muito branda, que acontece, existe, mas quando a gente fala em chuva e se você pensar numa chuva forte, torrencial, você vai imaginar aquela chuva em que coloca o mundo escuro, então com relâmpagos, com trovões. E em se tratando do seu corpo, da sua vida, uma coisa interessante que faz a gente pensar no que seria a chuva, seria a nossa chuva de lágrimas, que é quando coloca a gente em tempestade, que é quando mexe com o nosso interior e você realmente tem uma mudança no clima. Então, basicamente, abrir a porta dos sonhos, limpar a casa todo dia, botar a sujeira fora, deixar a chuva lavar, significa que às vezes, para você trabalhar determinados sonhos, você vai mexer na realidade. Para você trabalhar determinados sonhos, você vai descobrir que a realidade é, na verdade, uma ilusão. E quando você descobrir que aquela realidade, aquilo que é tão sólido para você como pleno, é uma ilusão, pode levar você a concluir que o seu sonho nada mais é do que uma fantasia. E aí você está, no mundo das ilusões, buscando uma fantasia. Basicamente, essas palavras, elas trocam de lugares em termos de conceito e conotações dentro do jogo de palavras, mas a gente pode colocar aqui fantasia como, a fantasia está dentro de uma concepção onde ela é diferente do sonho. Como assim? Nem toda fantasia é um sonho, entende? A gente costuma dizer que o sonho, ele ligado a essa ideia do mundo subjuntivo, que vem para o mundo da realidade, e quando ele vem para a realidade, ele vem para o modo do futuro, que é aquilo que acontecerá, que é aquilo que alguém fará, ou coisa do gênero, então veja você que a gente vai ao mundo do subjuntivo buscar os sonhos e traz para a realidade, mas geralmente não é uma realidade do agora, é uma realidade programada para que aconteça. E esse futuro, então, passa a ser uma realidade presente. Então qual é a diferença, basicamente, entre sonho e fantasia? É que a fantasia, dificilmente, ela se encaixa nos parâmetros da realidade. A fantasia está ligada ao imaginário, ao alegórico, então dizer que algo é fantasioso é que ele não tem a possibilidade de ser real, é uma fantasia. A fantasia, por si só, já trabalha com a ideia da ilusão. Então se você ficar muito preso à fantasia, acreditando que isso é um sonho, você vai querer trazer essa fantasia para o mundo da realidade, você vai querer que essa fantasia se torne real e ela não se realizará. Geralmente a fantasia não se realiza porque ela não se encaixa nos parâmetros da realidade, da verdade. Então existem tipos de fantasia em que você almeja determinadas coisas, mas quando você quer encaixar aquilo no seu mundo real, ele não se adequa aos parâmetros da realidade que você vive, que você possui. Então é importante a gente fazer uma reflexão sobre isso, porque esse jogo de palavras, e principalmente dentro de um trabalho, em que a pessoa está em transe, e essa é uma das finalidades da música, essa é uma das finalidades do canto, da melodia, da harmonia, em junção com os instrumentos, em junção aos movimentos e todas as outras ferramentas que são possíveis de serem acopladas dentro de um trabalho como esse, você vai levar a mente do ser humano ou permitirá que o ser humano entre em um processo de consciência alterada, onde o trabalho e a reflexão com todas essas terminologias acabam se tornando chaves que vão abrindo portas e janelas para uma reflexão mais profunda do próprio ser da sua existência. Então a simples expressão também destrói um pouco essa questão da proteção que a gente tem e aí você adentra de maneira sutil ao inconsciente desse indivíduo. Então a simplização de cantar, abrir a porta dos sonhos, que parece uma brincadeira de criança, limpar a casa todo dia, botar a sujeira fora, deixar a chuva lavar, isso vai mexendo. Chuva traz a ideia de água, o imperativo por si só já tem uma força muito grande no impacto das palavras, da ordem e esse imperativo está construído diretamente para a segunda pessoa, então essa segunda pessoa é você, ou seja, é tu, entende? Então o recado é direto. Vamos fazer em cortes cada uma dessas estrofes, porque pelo que eu estou vendo aqui, 15 minutos basicamente já foram aí só para a gente comentar essa primeira parte. Obrigado.

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