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Dr. Raquel Ruiz discusses the book "Avaliação da Aprendizagem Escolar" by Cipriano Carlos Luquezzi. The book gathers articles on the practice of school evaluation, including critical studies and proposals for improvement. Luquezzi emphasizes the need to understand the difference between examining and evaluating, as well as the importance of inclusion and a change in mindset towards evaluation. He criticizes the current system, which focuses more on promotion than on learning. The book also explores the historical background of exam-based pedagogy and its negative effects on the teacher-student relationship. These practices have been inherited from the 16th and 17th centuries and are still prevalent today. The book highlights the influence of bourgeois society and its mechanisms of control, such as fear and competition. Professora doutora Raquel Ruiz, do Bunda na Cadeira e Sem Enrolação. Hoje nós vamos estudar um clássico da avaliação, a Avaliação da Aprendizagem Escolar, Cipriano Carlos Luquezzi. Bora comigo, moçada! Ele é maravilhoso! Bora estudar! Gente, Luquezzi, ele é licenciado em Filosofia, ele é bacharel em Teologia, mestre em Ciências Sociais, pela Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, doutor em Educação, em História Política e Sociedade, pela pós-graduação da PUC, de São Paulo. E ele desenvolveu durante toda a vida dele o estudo da Avaliação da Aprendizagem Escolar. Bora para o livro! Na introdução, ele discorre sobre o que é o livro. Ele fala que a Avaliação da Aprendizagem Escolar é objeto de pesquisa e de vários estudos. E o livro vai reunir artigos publicados ao longo dos anos de trabalho com a avaliação escolar, em que se tem estudos críticos sobre a prática da avaliação, bem como proposições de encaminhamento. Então, o livro traz as críticas sobre a avaliação. É um livro que, o meu livro, ele é de 95, porém tem a publicação anterior, imagino há quanto tempo ele vem orientando sobre a avaliação. Então, ele traz a crítica sobre essa avaliação e traz proposições também. No discorrer do livro, ele aponta algumas necessidades que eu quero destacar aqui. Ele fala que nós temos que entender o que é examinar, que está ligado à questão da classificação e atletividade, e o que de fato é avaliar, que está incluído a questão do diagnóstico e a inclusão. A inclusão, inclusive acesso ao currículo, ao conhecimento. E ele fala da metanoia, que está ligada a uma conversão, ou seja, uma mudança de conduta que se expressa na prática diária. Ou seja, eu preciso ter uma mudança no meu pensamento, na minha postura em relação à avaliação. Então, faz-se necessário, na minha prática da avaliação, a avaliativa, ter essa mudança. Capítulo 1. Avaliação da aprendizagem escolar. Apontamento sobre a pedagogia do exame. Aqui ele vai discorrer, dentro de um processo histórico, o que ele entende por uma pedagogia do exame. O presente texto compõe-se de um conjunto de observações gerais sobre a prática da avaliação da aprendizagem na escola brasileira. Então, nesse capítulo, ele vai estar tratando da prática da avaliação da aprendizagem no Brasil. Ele traz apontamentos gerais. Luquez afirma que a avaliação na nossa prática educativa ganhou amplo espaço nos processos de ensino. A tal ponto que a nossa prática educativa escolar passou a ser direcionada para uma pedagogia do exame. Gente, é uma denúncia. Ele fala assim, olha, a avaliação na prática, dentro da escola, ela se tornou em uma pedagogia do exame. Agora ele vai discorrer o que é essa pedagogia do exame. Ou seja, as atividades docentes e discentes estão voltadas para o treinamento do vestibular. Aqui, como assim, nessa época, 1995, antes, aquela questão do endeudamento ao vestibular também, que era muito forte. Hoje também é, nós temos aí. Ainda temos o vestibular. Porém, a gente já tem um outro olhar. Porém, ainda é muito forte. Então, quando ele escreveu o livro, isso estava no auge. E olha lá o que ele fala. O nosso exercício pedagógico escolar é atravessado mais por uma pedagogia do exame do que por uma pedagogia ensino-aprendizagem. Estou mais preocupado com a questão do exame do que com a aprendizagem do meu aluno. Lucas, ele vai falar que a nossa atenção está ligada mais na promoção do que na aprendizagem. Ele fala assim, atenção na promoção. Os alunos procuram saber as normas e os modos pelos quais as notas serão obtidas e manipuladas em função da promoção de uma série para a outra. E olha o que ele diz ainda. O que predomina é a nota. Não importa como essa será obtida, nem por quais caminhos. São operadas e manipuladas descoladamente do percurso ativo do processo ensino-aprendizagem. Ou seja, não estou preocupada com a construção do conhecimento. Estou preocupada em ter nota para passar. Olha só. Lucas, ele fala assim, que a avaliação é como se ela não tivesse nada a ver com esse processo. O percurso ativo do processo da aprendizagem. Ele fala assim, olha, é totalmente descolado de uma realidade. Os professores usam as provas como instrumento de ameaça e tortura prévia dos alunos, elegando ser um elemento motivador. Gente, aí tem toda uma pedagogia por trás, todo um teórico por trás, que leva a essas ameaças, a essa tortura prévia. Vocês vão ver, ele traz isso no livro. Ou seja, eu ameaço e aí o aluno motiva para... Que horror. Os pais das crianças e jovens estão na expectativa das notas dos seus filhos. Os professores vão à reunião para entregar os boletins aos pais e conversar com eles sobre as crianças que estão com problema. Ou seja, qual que é o problema? A nota baixa. E o sistema social? Ele fala assim, além do aluno, dos pais, dos professores, tem o sistema ainda social, que contenta-se com as notas obtidas nos exames. O próprio sistema de ensino está atento aos resultados gerais, importando as notas, as curvas estatísticas, que ele chama de aparência. Os pais, o estabelecimento de ensino e todo o sistema social estão centrados nos resultados dos exames, nas notas. Entenda também esses exames como as nossas avaliações externas também, no caso do sistema. Então aí ele faz um resumo, ele fala assim, o sistema de exames, com suas consequências em termos de notas e suas manipulações, polarizam as todas. Ou seja, nós somos manipulados pelas notas, por esse sistema de exame. A nossa prática educativa pauta-se em uma pedagogia do exame. Luquez, ele ainda afirma que, olha só, que a atenção centralizada nas provas apresenta alguns desdobramentos na relação professor-aluno. Que esse endeusamento nas notas vai determinar essa relação professor-aluno. Olha o que ele fala aqui. Provas para reprovar. Os docentes elaboram as provas para testar e até reprovar o aluno, e não para auxiliá-lo na aprendizagem. Eu estou muito brava com a sala, com o aluno, então eu vou elaborar uma prova, não para fazer um diagnóstico, mas para que eu possa derrubar esse aluno, para que ele possa ter a nota baixa e pronto, acabou. Não estou preocupado com a construção do conhecimento, com a questão da aprendizagem, se ele aprendeu ou não. Olha lá, outro desdobramento. Ponto a mais e ponto a menos. Promessa de dar pontos e ameaças de tirá-los. São usadas em atividades extras, que não estão ligadas diretamente a um conteúdo. Olha, gente, vocês vão ficar com pontos positivos se vocês ficarem quietos na minha aula. Às vezes a aula está um saco, chata pra caramba, que a coisa mais deliciosa seria eu pendurar na cortina e brincar de sardã, porém eu ameaço com ponto a mais e ponto a menos. Vocês vão ter um ponto a mais na nota se vocês ficarem quietos. E não tem nada a ver com o conteúdo que eu estou dando. Se eu estou dando, vamos supor, sei lá, números inteiros. Um professor de matemática. Mas eu vou dar um ponto a mais lá na prova porque vocês ficaram quietos, ou seja, completamente descolados de uma realidade. Uso da avaliação da aprendizagem como disciplinamento social dos alunos. Ou seja, eu uso pra disciplinar, como dirias a bala, pra trabalhar um conteúdo atitudinal. Ou seja, a atitude social que não tem nada a ver com o conteúdo, por exemplo, conceitual. Aí as explicações. Esses fatos não se dão por acaso. Lucas começa explicando. E ele vai falar de onde nós herdamos. Tais práticas já estavam inscritas nas pedagogias do século XVI, XVII, no processo de emergência e cristalização da sociedade burguesa e perduram até hoje. A burguesia, quando ela tem o poder econômico, ela começa a exigir educação, porque educação não era pra todo mundo. Quando ela assume essas questões educacionais, sociais e econômicas, ela acaba perpetuando a burguesia para continuar no poder e os outros para estudarem, para servir a burguesia, que a gente chama de escola dualista, que a gente não vamos falar disso agora. Vamos continuar. Estar atento ao livro. Lucas traz pra gente uma retomada rápida da pedagogia jesuítica. Olha o que ele fala. No século XVI, os jesuítas tinham atenção especial para o ritual das provas, ocasiões solenes com bancas examinadoras e comunicação pública dos resultados, seja pela emulação, ou seja, eu vou querer vencer o outro ou me igualar a alguém, ou pelo vituperio, pela palavra, atitude ou gestos que tem aquele poder de ofender, aprontar, insulto. Daí, decorrentes. E Lucas fala, a gente vive isso até hoje. A gente marca um dia especial pra essa prova, a gente põe tanto, olha, essa daqui é um peso maior, e depois ainda a gente passava as notas, ainda fazia o primeiro, fazia o ranking, o primeiro, o segundo, o terceiro, o último lugar. Imagina quem ficava em último lugar. Então, assim, nós fomos herdando. E isso fomos deixando acontecer sem uma reflexão crítica em relação à avaliação. Aí ele traz também a pedagogia comeniana. A educação tem como centro de interesse a ação do professor. Não prescinde, ou seja, não separa do uso dos exames como estímulos aos estudantes ao trabalho intelectual da aprendizagem. Olha só. O medo, segundo Comênios, é um exemplo, é um excelente fator para manter a atenção dos alunos. Assim, aprenderão com muita facilidade, sem fadiga, e com economia de tempo. Ou seja, nós herdamos. Se você colocar a dar medo, se o aluno sentir medo, você vai economizar no tempo. Ou seja, eu não estou preocupada com essa construção da aprendizagem, estou preocupada em disciplinar. Continuando. Aqui no caso vai discorrer sobre a sociedade burguesa, dessa hegemonia. Então, além de vivermos ainda a hegemonia da pedagogia tradicional, estamos mergulhados nos processos econômicos, sociais e políticos da sociedade burguesa, cuja qual aperfeiçoou seus mecanismos de controle. A seletividade escolar e seus processos de formação das personalidades dos educandos, o medo e o fetiche, são mecanismos imprescindíveis em uma sociedade que não opera na transparência, mas sim nos subterfúgios. Olha que parágrafo. Olha o que ele coloca pra gente. Ele fala, olha, nós ainda estamos selecionando na escola quem deve seguir ali pra uma vida acadêmica de sucesso e quem vai apertar o botão da fábrica. Eu seleciono quem vai estourar e quem não vai. Quantas crianças e adolescentes discutaram? Você não serve pra isso, vai fazer outra coisa. E os processos de formação das personalidades também do educando. Ele fala que isso acaba determinando a submissão, a ter condições de um diálogo crítico, de argumentação. Mas são mecanismos do medo e fetiche, de uma sociedade que não opera na transparência, mas tem seus subterfúgios pra se manter, por exemplo, a classe burguesa sempre dominando. Para o autor, a avaliação da aprendizagem escolar ao longo da história da educação moderna e a nossa prática por meio de exames e provas foi se tornando um fetiche. Vamos entender o que é esse fetiche. Primeiro, vou ser pegando num dicionário. Fetiche é um substantivo masculino, com origem no termo fetiche do idioma francês e pode significar um objeto enfeitiçado. Ou um comportamento ou parte do corpo, objeto que desperta uma excitação sexual. Isso é mais pro lado psicológico. E tem também a questão do fetichismo da mercadoria, de Karl Marx. Para Karl Marx, esse fetichismo da mercadoria é uma expressão atribuída, sendo um conceito central e crucial no sistema econômico criado pelo filósofo e economista Alemão Marx, que indica que, graças a esse fenômeno psicológico-social, os produtos parecem ganhar vontade própria e deixam de ser meros objetos e passam a ser alvos de adoração. Pelo ser humano. Dessa forma, os indivíduos se comportam como objetos e os objetos se comportam como pessoas. Agora nós vamos ler o que Luqueze coloca pra gente. Olha o que ele fala. Fetiche, para Luqueze, é uma entidade criada pelo ser humano para atender uma necessidade, mas se torna independente dele e o domina universalizando-se. Então, em relação à avaliação, essa adoração pelas notas nos tira do eixo em relação para que ela realmente serve? Que é para você redimensionar a sua prática educativa. Está lá na Resolução 4 de 2010, das diretrizes gerais da educação básica. Fala que a avaliação é redimensionadora da minha prática, ou seja, minha sala não está aprendendo, então eu vou mudar minha metodologia. O que está acontecendo? Ele fala assim, não, a gente não pensa, a gente não analisa. Ou seja, a avaliação vai se tornando um fetiche. A nota vai sendo endeusada e eu não estou nem preocupada se o aluno está aprendendo ou não. Esse fetiche em relação à adoração, às notas, domina tanto a gente que a gente fica acrítico, não consegue analisar nada. Ele só reproduz uma realidade, não a transforma. Aí ele traz alguns apontamentos. A avaliação é praticada com independência do processo de ensino e da relação professor-aluno. Olha aqui mais o que ele fala para a gente. As provas e exames são realizadas conforme o interesse do professor e do sistema de ensino. Nem sempre considera-se o que foi ensinado. Continuando os apontamentos dele. O mais importante do que ser uma oportunidade de aprendizagem significativa, a avaliação tem sido uma oportunidade de prova de resistência do aluno aos ataques do professor. As notas são operadas como se nada tivesse a ver com a aprendizagem. Ou seja, eu dou nota para te disciplinar, eu faço prova para te derrubar e a sua aprendizagem que se lasque. As médias são médias entre números e não expressões de aprendizagem. Aprendizagens bem ou mal sucedidas. Alunos são reprovados por décimos. A relação professor-aluno passa a ser uma relação entre coisas, ou seja, as notas. É essa nota que acaba nos dominando. Ela vai tornando o nosso fetiche, a nossa fantasia, a nossa adoração e que me deixa completamente paralisado. E é muito interessante pensar nas médias porque, olha só, eu apliquei uma prova e a maioria tirou 5, valia 10, conseguiram ali 50%. Eu implanto o professor e falo, poxa, tem alguma coisa errada. Eles estão aprendendo aí só 50%, vou mudar minha metodologia e vou dar de novo esse conteúdo e vou dar uma prova, uma avaliação diagnóstica novamente. No caso, conforme o Luquez, como ele indica como tem que ser. Aí eu expliquei de novo, fizeram de novo a avaliação, tiraram 10. Aí o Luquez fala assim, e aí, você vai mandar esses alunos com 5 ou vai pegar 10 com 5, vai virar 7,5? Ele fala, olha, se antes eles sabiam 50% do conteúdo, depois do segundo diagnóstico, da segunda prova, eles sabem 100%. Ele fala, é justo que eles vão com os 10. Por quê? Se antes eles sabiam 50, agora eles sabem 100. Por que eu tenho que fazer uma média que não retrata uma realidade do conhecimento do meu aluno? É isso que ele começa a questionar. E olha, gente, faz tempo. E a ficha, que é também cair a ficha antiga, não caiu até hoje. Para muitos professores. Olha que mais que ele aponta ainda. As notas despontam como uma divindade adorada por professores e alunos. O professor adora pela nota baixa, adora pela nota baixa. E por mostrar lisura e poder. O aluno, por outro lado, está à procura do santo graal, a nota. Não importa se essa é expressa ou não a aprendizagem, ele a quer. Ou seja, todos nós estamos enfeitiçados, fetichizados pela nota. É a nota que domina tudo. É em função dela que se vive na prática escolar. Aí ele vai falar sobre o medo. Que nós herdamos lá dessa pedagogia ecumeniana, no século XVI. Fator importante no processo de controle social. É um bom freio às ações supostamente indesejáveis. Daí a escola, o Estado, a igreja, a família, utilizarem-se dele de forma exacerbada. Medo gera submissão. Olha lá, forçada. E habitua as crianças e jovens a viverem sobre sua égide. Petrifica ações e leva a estresse permanente. Gente, que horror. Por isso que muita gente não gosta de ir para a escola. Por isso que quando a gente fala, até hoje na faculdade, quando eu vou dar aula. Ai, professora, que medo, que desespero. Porque nós herdamos isso. Nós herdamos e falamos, gente, para. Esquece a nota, vamos focar na aprendizagem. E o aluno fica bravo com você quando ele tira a nota baixa. E você fala ainda para ele, calma. Vamos aprender, vamos cuidar da nossa aprendizagem primeiro. Depois a gente pensa na nota. Então, é uma forma de controle social pelo que é de fala para a gente. E outra coisa, essa questão em relação a querer disciplinar. Por exemplo, se o aluno vivenciou alguma atitude inadequada na sala de aula. Eu preciso conversar a respeito disso. A gente precisa ter argumentações, ter um debate. Não no sentido de uma emulação, mas um debate no sentido de crescimento. De ter uma formação crítica, de pensar a respeito dessas atitudes. Em que eu preciso considerar o olhar do outro, o meu olhar. E temos que chegar no senso comum. Que é melhor para alí o coletivo, para todo mundo na sala de aula. E a questão do respeito em relação ao outro é inegociável. Tem coisas que são inegociáveis. Ai ele vai falar também do castigo. É um instrumento gerador do medo. Seja ele explícito ou velado. Hoje usamos um castigo sutil ou psicológico. Ameaça é um castigo psicológico antecipado. Mais pesado e significativo que castigo físico. Do ponto de vista do controle. Gente, isso é muito sério. Tanto que hoje no ECA, o Estatuto da Criança e Adolescente. A lei 8069 de 1990. Nos seus artigos 18A. Já vai falar o que é castigo físico. O que pode acontecer. Toda essa questão, esse jogo. Essas ameaças, esse jogo psicológico. Não pode se trabalhar dessa forma. Continuando. As principais consequências da pedagogia do exame são. A pedagógica. Essa centralização nos exames. Sem auxiliar na aprendizagem. Essa é a consequência de uma pedagogia do exame. Não vai ajudar em nada a aprendizagem. A função verdadeira da avaliação da aprendizagem seria. Auxiliar a construção da aprendizagem satisfatória. Aquela que acontece mesmo essa aprendizagem. Porém, como está centrada nas provas e exames. Não cumpre sua função de subsidiar a decisão da melhoria da aprendizagem. Isso dentro da pedagogia do exame. Olha agora a psicológica. O desenvolvimento de personalidades submissas. O fetiche por seu lado não transparente. Inviabiliza tomar a realidade. Como limite da compreensão das decisões da pessoa. A avaliação utilizada de modo certificado. É útil ao desenvolvimento da autocensura. De todos os tipos de controle. Olha lá. De todos os tipos de controle. O autocontrole é a forma como os padrões externos. Cerceiam os sujeitos. Sem que a coerção externa continue a ser exercida. O sujeito é preso em si. Ou seja, é tão fetichizado psicologicamente. Essa personalidade submissa. Em relação a nota. Fico me autocontrolando. Você tem que ficar quieto. Você tem que obedecer. Você não pode falar sobre a nota. Aquele endeusamento. Que você fica preso em si mesmo. O autocontrole psicológico. Talvez seja a pior forma de controle. Desde que o sujeito. Olha lá. Desde que o sujeito é preso de si mesmo. Olha só para a Luqueze. Em relação às consequências sociológicas. Dessa pedagogia do exame. A avaliação da aprendizagem. Utilizada de forma fetichizada. É bastante útil. Para os processos de seletividade social. Quando eu tenho esse endeusamento. Eu consigo selecionar quem vai ser doutor. E quem não vai ser doutor. E eu vou ler uma parte aqui do livro para vocês. Olha só. Olha o que ele fala aqui para a gente. Se os procedimentos da avaliação estivessem. Articulados com o processo de ensino e aprendizagem. Propriamente dito. Não haveria possibilidade. De dispor-se deles. Como se bem entendesse. Estariam articulados com os procedimentos de ensino. E não poderiam por isso mesmo. Conduzir ao arbítrio. Muito. Luqueze é maravilhoso. Finalizando o Luqueze. Nesse capítulo 1. A avaliação está mais articulada com a reprovação. Do que com a aprovação. Daí vem a contribuição a favor do processo de seletividade. Desde que utilizada independente. Da construção da própria aprendizagem. E finalizando o último parágrafo do capítulo. A seletividade social. Já está posta. A avaliação colabora com a correnteza. Acrescentando mais um fio d'água. E aqui gente. Finalizando o Luqueze. Acabando com mais um Bunda na Cadeira e Sem Enrolação. As questões de Luqueze. Nós vamos tratar separadamente. Um beijo. Simbora para o segundo capítulo. Olá, sou professora doutora Raquel Ruiz. Do Bunda na Cadeira e Sem Enrolação. Continuando esse clássico da avaliação. A avaliação da aprendizagem escolar. Cipriano Carlos Luqueze. Capítulo 2. Bora comigo estudar. Olha só. Neste capítulo, o autor vai analisar a questão do autoritarismo. Na avaliação escolar. E procura mostrar um caminho. Que possibilite a transformação dessa realidade. Do autoritarismo. E a pedagogia do exame. Na escola, ou seja, a superação desse autoritarismo. E a pedagogia do exame. Nesse capítulo, a gente costuma despentar muito na prova. Olha o que Luqueze fala. Ele fala que essa avaliação da aprendizagem escolar. Ela não se dá e nem se dará num vazio conceitual. Mas sim dimensionada por um modelo teórico de mundo. E de educação. Traduzido em prática pedagógica. Ou seja, essa avaliação que nós praticamos. Dentro da escola. Ela tem toda uma teoria que a sustenta. E ele vai tratar dessas duas tendências. E são essas duas tendências que caem muito em prova. Que sustenta essa questão da avaliação da aprendizagem escolar. E essa teoria acaba sendo revelada na prática pedagógica. Luqueze aponta que talvez ainda hoje. Se exercita-se na prática da avaliação da aprendizagem escolar. Como se esta não estivesse a serviço de um modelo teórico. De sociedade de educação. Como se fosse uma atividade neutra. Luqueze fala que não existe essa neutralidade. Sempre vai ter o que? Uma teoria que a sustente. Algo sustenta essa avaliação da aprendizagem escolar. Que defende essa pedagogia do exame. E ele vai fazer essa denúncia. Bom bode. Luqueze fala assim. O que predomina na prática escolar. É o modelo teórico que pressupõe a educação. Como mecanismo de conservação e reprodução da sociedade. Aí ele traz ao serbo Jay Pasteron. No livro dele. O que é essa conservação e reprodução? Ou seja. Esse modelo teórico. Que acontece lá na avaliação. Da aprendizagem escolar. Que acontece dentro da escola. É para manter esse mecanismo de conservação da sociedade. Ou seja. A burguesia continua sendo burguesia. O operário continua sendo operário. Para manter essa conservação e reproduzi-la. Ele fala que não acontece uma transformação social. E agora eu quero relembrar com vocês um pouquinho. Não está no livro. Mas só para vocês se situarem. Em relação a esses dois autores. O que é essa denúncia que Luqueze fala. Só para contextualizar um pouco Luqueze. Quando ele traz esses três autores. No livro Escola e Democracia de Demerval Saviane. Ele também traz esses três autores. Inclusive até mais. Nós vamos falar só rapidinho dos dois. Bourdieu e Passeron. Eles fazem a denúncia. Eles estudaram. Fazem a denúncia da teoria do sistema de ensino. Como violência simbólica. Ele fala que os marginais, os marginalizados. São os grupos das classes dos dominados. Que é imposto a eles. Significações como se legítimas fossem. Ou seja. Vamos fazer uma analogia com a avaliação. É como se, olha. Aquele sistema de avaliação. Que acontece para esses grupos dominados. Olha, você serve para apertar parafuso. Porque aqui as avaliações que nós fizemos. Revela isso. Você não serve para estudar. Não serve para ser doutor. Então, vai apertar parafuso da fábrica. Mais ou menos isso. Fazendo uma analogia. Grosso modo da avaliação. Eles também fazem uma denúncia. Ele fala que as relações de forças são dissimuladas. Não se percebe também a realidade. Eles tratam também da violência simbólica. Nessa dominação cultural. Em que, olha. Eu não posso ser doutor porque eu sou ignorante. Não tenho cultura para isso. A violência material. Dominação econômica. Olha, você não consegue estudar. Não consegue ter cultura. Porque você não consegue guardar dinheiro. Porque você não consegue investir. Ou seja. O culpado ainda é o marginalizado. Que não consegue nem ter dinheiro para comer. Que dirá para acessar a cultura. Entre aspas. Então, a educação aqui. Para eles, reforça essas marginalizações. E a teoria da escola com aparelho ideológico do Estado. Althusser, ele fala assim. Que marginal é aquela classe que trabalha. São os trabalhadores. E ele traz dois aparelhos aí. Ele fala do aparelho repressor do Estado. Que está ligado ao governo, à polícia. Ao administrativo, ao exército. E ele fala que eles funcionam como uma violência. No sentido de perpetuar essa ideologia. Dessa classe dominante. E o aparelho ideológico do Estado. Que ele coloca a escola, a família. Sindicato. Sistema religioso. Neo-jurídico. Sistema político. Que funciona o quê? Para manter essa ideologia. Então, vamos entender essa fala do Luquezi. Quando ele traz esses três autores. É nesse sentido da denúncia mesmo. Continuando. Luquezi enfatiza que se faz necessário. Situar a avaliação escolar. A serviço de uma pedagogia. Que esteja preocupada com a educação. Como um mecanismo de transformação social. E não dessa conservação. Ele fala que temos que transformar. E Saviani também vai defender. Pela teoria crítica social dos conteúdos. Essa transformação social. Continuando. Agora uma parte do capítulo dois. Ele vai falar agora. Contextos pedagógicos. Para a prática da avaliação educacional. A avaliação escolar no Brasil. Está a serviço de uma pedagogia dominante. Que por sua vez. Serve a um modelo social. O liberal conservador. Nascido dos empreendimentos transformadores. Da revolução francesa. 1789. Ele vai citar. Isso aqui é parágrafo do livro. Cai muito gente. Olha só. O que é esse modelo liberal conservador? Ele fala que cada indivíduo tem o direito. Como esforço próprio. Livremente. Sob a lei. De buscar sua autorrealização. Por meio da conquista de bens. No caso intelectual. E da propriedade privada. Cada um tem esse direito. Você pode. Mas o que eles não revelam. É que nem todos vão conseguir. Nem todos vão ter. Uma educação adequada para chegar até lá. Nem todos vão ter. A questão financeira adequada. Para chegar até lá. Olha só gente. O que ele fala aqui. O modelo liberal conservador. Produziu três pedagogias diferentes. Relacionadas entre si. E com o mesmo objetivo. De manter a ordem social. Ou seja. Conservar a sociedade. Na sua configuração. Ou seja, para manter. Você não transforma. A realidade de ninguém. Você mantém. Operário para ser operário. Doutor para ser doutor. E a escola. Fazendo esse papel. Inclusive por meio da avaliação. Para manter. Essa ordem social. Ele vai falar. Da pedagogia tradicional. Que ela está centrada. No intelecto. Na transmissão do conteúdo. E na pessoa do professor. A renovada. Entrevista. Que está centrada nos sentimentos. Na espontaneidade. Da produção do conhecimento. E no aluno em sua individualidade. Ele não faz um aprofundamento. Aqui está do jeitinho. Que Lucas escreveu. Claro que se a gente fosse realmente. Trabalhar de forma aprofundada. Aí olha. Páginas e páginas. Mas a forma que cai no seu concurso. É isso aqui. É Lucas. E fazendo parte. Desse rol aí. Junto com a pedagogia tradicional. A renovada. Tem a pedagogia tecnicista. Centrada na exacerbação. Dos meios técnicos. De transmissão. E apreensão dos conteúdos. E no princípio de rendimento. Eu preciso entender. Eu preciso executar. Então só recapitulando. Porque isso aqui a gente cai muito. Tem várias questões. Em concurso de professor. Coordenador, diretor, supervisor. Falando dessas três pedagogias. Segundo o Lucas. Tem outros autores também. Então a pedagogia tradicional. A pedagogia nova ou renovada. A pedagogia tecnicista. Elas reforçam a manutenção. Não a transformação social. Só para lembrar. A pedagogia tradicional. Ela tem a ênfase no intelecto. Ela é conteudista. Muito conteúdos cognitivos. Quantidade. Muita quantidade mesmo. O professor é aquele que. É o que sabe. Aqui é só o aprender. É aprender, aprender, aprender. Entre aspas. A pedagogia nova ou renovada. Está muito ligada. A questão do sentimento. Dos aspectos psicológicos. Da experiência. Tem aqui o técnico. O pedagógico. O aluno ele vai o que? Aprender a aprender. É só para a gente ter uma. Só para situar. E na tecnicista. Eu tenho uma organização. Muito racional. O professor, o aluno. Ele é secundário. É só ligado a execução. Tem aqui. Muito especialista. Procura-se uma certa neutralidade. Que não existe. Tecnicista. E preciso formar. Indivíduos eficientes. Aqui é só o aprender a fazer. Por favor, não confundam. Não tem nada a ver. Com os 4 pilares da educação. Vamos lá, continuando. Olha lá. Segundo o Luquezzi. Todas as pedagogias tradicionais. A renovada. A tecnicista. Tentam produzir sem conseguir. A equalização social. E esta. Não pode ser atingida. Porque o modelo social não permite. O que é equalizar? É um ato e efeito. De pelo menos tentar. Trazer um equilíbrio. De uniformizar. Para que ninguém possa. Tenha muito mais conhecimento. Do que outro. A ponto de ser explorado. Nesse sentido. Falando da educação. Luquezzi fala. Por conta. Dessas 3. Pedagogias. Equalização social. Porém o próprio modelo delas. Não consegue. Fazer com que isso possa acontecer. O modelo social. Conservador. E suas pedagogias respectivas. Permitem e procedem. Renovações internas. Porém não permitem. E nem propõe propostas. Para a superação. Está sempre ali na manutenção. E por meio da educação. De contornos definidos. De tal forma. Que a integridade do sistema. Permaneça intocável. Continuando. Essas 3 pedagogias. Não podem propor. Nem exercitar. Tentativas de transformação. Pois sempre vão reforçar. As desigualdades sociais. Luquezzi ainda cita. Que nessa prática social. Conservadora. Foi se formulando pedagogias. Que buscaram a transformação. Da realidade. Da desigualdade social. Reforçada pelas práticas educacionais. Então paralelo. Concomitantemente ao mesmo tempo. Em que. As pedagogias. Tradicionais. Elas reforçavam. Essa desigualdade social. E a manutenção. Também foram. Desenvolvidas outras. Em que estava focada. Na transformação. Da realidade. Dessa desigualdade social. Reforçada pelas práticas educacionais. Continuando. Temos aí a pedagogia libertadora. Fundada pelo professor Paulo Freire. A ideia de que. A transformação virá. Pela emancipação. Das camadas populares. Em um processo de conscientização. Cultural e política. Além dos muros da escola. Paulo Freire. Ele destinava-se. A educação de adultos. Ele trabalhou na alfabetização de adultos. A pedagogia libertária. Contra o autoritarismo. E centrada na ideia. De que a escola. Deve ser um instrumento de conscientização. E organização política. Dos educandos. Aqui ela é totalmente. Antiautoritária. E autogestionária também. Chega a se propor. A não ter nem direção. Todo mundo é gestor. E autogerindo. Então. Olha só. Por último. A pedagogia dos conteúdos. Socioculturais. Representada pelo professor. Bermeval Saviani. Acabamos de falar dele. Olha só. A ideia. Dentro dessa. Pedagogia dos conteúdos. Socioculturais. É de igualdade de oportunidade. Para todos no processo de educação. Para todo mundo. E na compreensão. De que a prática educacional. Se faz sim. Pela assimilação de conteúdos. De conhecimentos sistematizados. Pela humanidade. E na aquisição de habilidade. De assimilação. E de transformação desses conteúdos. No contexto de uma prática social. Ou seja. Não é para trabalhar conteúdo. Da mesma forma como é trabalhada. Na pedagogia tradicional. Em que é conteudista. E sem uma aprendizagem. E sem uma aplicabilidade. Mas aqui não. Aqui você vai aprender. Ter assimilação dos conteúdos. Você vai aprender. Para o que? Para transformar uma realidade. Em uma prática social. Continuando. Para Luqueze. A prática da avaliação educacional. Escolar. Tem suas concepções firmadas. No primeiro grupo de pedagogia. Da liberal. Cujos objetivos estão na domesticação. Dos alunos. Na manifestação e exacerbação. Do autoritarismo. A avaliação educacional. Dentro desse modelo liberal. Será um instrumento disciplinador. Não só de condutas cognitivas. Como também das sociais. No contexto da escola. Agora olha só. A prática da avaliação. Nas pedagogias preocupadas com a transformação. Deverá estar atenta. Ao modo de superação. Do autoritarismo. E ao estabelecimento da autonomia do educando. Pois um novo modelo social. Exige. A participação democrática de todos. Não cabe mais. A forma de avaliação. Naqueles moldes. Daquelas três pedagogias. Nesse contexto. A avaliação educacional. Deverá manifestar-se. Como um mecanismo de diagnóstico. Da situação. Tendo em vista o avanço e o crescimento. E não a estagnação. Disciplinadora. A avaliação é para que? Diagnosticar a minha realidade. Meu aluno está aprendendo? Então o que eu posso fazer para ele aprender? Como eu faço para ele poder caminhar e ele poder crescer? Como eu faço para ele avançar? E não para ter uma estagnação disciplinadora. Você não consegue. Você tirou zero na prova. Você não vai bem. Não quero saber o quanto você sabe. Você não serve para o estudo. Tchau. Para casa. Não pode mesmo. Segundo Freire. Segundo Luquese. Há dois grupos de pedagogia. Cujos objetivos são? A domesticação. E a humanização. Olha só. Lá na domesticação. Eu vou ter o que? A conservação e reprodução da sociedade. Elas propõem. Esses grupos pedagógicos propõem e praticam. A adaptação. E o enquadramento dos educandos. E o modelo social. Já na humanização. Nesse grupo da humanização. Esse grupo pedagógico. Das pedagogias. Vida a transformação da sociedade. O aluno é sujeito do processo. E não objeto de ajustamento. E aí ele vai falar sobre essa avaliação dentro desses modelos. Cada um desses modelos exigem práticas diferentes de avaliação escolar. A primeira. Domesticação. Ela é autoritária. Ela visa o controle. Tem uma coação explícita sobre os alunos. Medo. É o que nós vimos aí. As denúncias do Luquezi, por exemplo. E ele é um instrumento disciplinador. Cognitivo e social. Num contexto escolar. Agora na humanização. Dentro desse grupo de pedagogias. Humanizadoras. Como é essa avaliação? Ela supera o autoritarismo. Ela considera essa autonomia do educando. A participação democrática. É uma avaliação diagnóstica. É uma avaliação para o avanço e crescimento do aluno. Ou seja, não é um avanço e crescimento sem uma aprendizagem. Mas com aprendizagem. Porque senão também não seria humanizadora. Você deixar esse aluno sem aprender. Então é muito diferente esses dois grupos pedagógicos. A atual prática da avaliação educacional escolar. Manifestação e exacerbação do autoritarismo. A definição mais comum adequada encontrada nos manuais. Estipula que a avaliação é um julgamento de valor. Sobre manifestações relevantes da realidade. Tendo em vista uma tomada de decisão. Gente, presta atenção que está escrito aqui. A definição mais comum adequada encontrada nos manuais estipula que a avaliação é o que gente? Um julgamento de valor. Sobre as manifestações relevantes da realidade. Sobre aquelas manifestações importantes da realidade naquela avaliação em relação à construção do conhecimento. Tendo em vista uma tomada de decisão. Olha, meus alunos não aprenderam nada. Eu tenho que tomar uma decisão aqui agora. Troco minha metodologia. Trabalho só com esses três agora. Como que eu vou fazer? Não é jogar ninguém à deriva. É ter noção da minha realidade e dentro dessa realidade da avaliação tomar decisões pra que possa ter um julgamento de valor pra redimensionar minha prática enquanto docente. E visando o que também? O crescimento e aprendizagem desse aluno. Em primeiro lugar, a avaliação é um juízo de valores de qualidade sobre um dado objeto a partir de critérios pré-estabelecidos. Era um juízo de valor, por exemplo, eu quero ensinar lá números naturais ou na educação física. Eu quero ver o quanto meu aluno aprendeu a respeito do sistema respiratório enquanto faz ou executa um exercício. Aí o objeto avaliado será tanto mais satisfatório quanto mais aproximado do ideal estabelecido. Claro, se eu preciso que os meus alunos aprendam 100%, quanto mais a aprendizagem chegar desse 100% será satisfatório para todo mundo como protótipo ou como estágio de um processo. Ou seja, não como algo assim em si mesmo, mas como um processo continuado. Em segundo lugar, esse julgamento faz-se com base nos caracteres relevantes da realidade, do objeto ali da avaliação. O juiz emergirá dos indicadores da realidade que delimitam a qualidade esperada do objeto. Este também dependerá da finalidade que se destina. Vamos até o fim e aí a gente conversa. Exemplo, se pretendo avaliar o conhecimento matemático, não será observado condutas sociais. Coerente, gente, se eu pretendo, sabe, tudo bem, vamos supor que você está lá trabalhando a matemática, ensinando tal, daqui a pouco dois alunos na sala saem no braço, brigando. Você vai dar zero na matemática porque eles saíram brigando? Ou você vai tratar essas questões dos conteúdos atitudinais, a questão da violência, do bullying, todas essas questões para uma convivência harmoniosa. Claro que ajuda, né, você ter uma aula harmoniosa e tranquila para a aprendizagem da matemática, por exemplo. Mas eu não posso atribuir o juízo de valor na conduta social se eu estou querendo avaliar conhecimento matemático. As condutas sociais eu trato de forma diferente. É preciso tomar os indicadores, então, olha lá, específicos do conhecimento e do raciocínio matemático. Então, se a questão, vocês brigaram, nós vamos conversar a respeito, mas tirar os dez na matemática. Eu não posso falar, vocês estão com oito porque vocês brigaram. Você está avaliando o conhecimento, a aprendizagem dele. Agora, a atitude, as posturas, nós vamos conversar depois. Ou na mesma hora, né, de preferência. Em terceiro lugar, a avaliação conduta uma tomada de decisão ou de posição sobre o objeto avaliado. Este coloca mais poder na mão do professor. Sim, é aí que eu, enquanto professor, preciso ser maduro o suficiente para não usar como força, né, de coerção, de medo, de manipulação. Ou seja, vou ter uma tomada de decisão para o crescimento do meu aluno, para a construção da aprendizagem. É no contexto desses três elementos que compõe a compreensão constitutiva da avaliação que na prática escolar pode-se dar o arbitrário da autoridade pedagógica. Temos que romper, né, com essa arbitrariedade. Olha só, gente, de acordo com o Luqueze, a prática da avaliação atual tem como função do ato de avaliar a classificação e não o diagnóstico. Esse livro foi escrito antes de 1995 e ainda vejo muitos resquícios e práticas mesmas de classificatórias e não de diagnóstico. Já era pra gente ter superado, né? Bora, continuando. Ou seja, o juízo de valor que teria a função de possibilitar uma nova tomada de decisão passa a ter a função estática de classificar um ser humano histórico num padrão determinado e estigmatizado. Ou seja, aquele juízo de valor que tem a função nossa, meus alunos tiraram 3, a maioria foi de 5 pra baixo, ou seja, eu tenho que tomar uma decisão aqui pra que eles possam aprender. Qual é a decisão classificatória? Se vocês ficaram só um tiro nove, o resto, muito ruim, ainda colocava no ranking, assim, né? Pregava na parede ou passava a nota pra todo mundo da sala. Se você ainda passava constrangimento e vergonha, ainda mais o último. E não tinha uma tomada de decisão pra que o aluno tivesse uma aprendizagem e pudesse evoluir no aprendizado dele e no conhecimento. E ele ainda fala assim, tem a função de classificar um ser humano histórico num padrão determinado e estigmatizado. Do ponto de vista da aprendizagem escolar, classificar seria em inferior, médio ou superior. O aprendizado educando encerra-se neste ato de avaliar. O valor atribuído é registrado pelo professor e definitivamente aquele permanecerá nessa situação. Num troco, num troco, às vezes o professor errou a questão, a questão não estava clara, né? Às vezes aqueles pegam, mas é isso mesmo, inferior, médio ou superior. E não muda. O valor foi atribuído, registrado e acabou. O ato de avaliar não serve como pausa para pensar a prática e retornar a ela, mas sim como um meio de julgar a prática e torná-la estratificada. Julgo e é assim e acabou. Como a função classificatória, instrumento estático e frenador do processo de crescimento, essa função classificatória, a avaliação não auxilia o avanço e o crescimento. A função classificatória, segundo Luquez ainda, subtrai, tira da prática da avaliação aquilo que é constitutivo. A gente está aqui em vermelho, porque isso aqui já caiu em prova também, tá? A obrigatoriedade da tomada de decisão. Somente com uma função diagnóstica, momento dialético, de avanço, para que esses alunos possam avançar, do senso do estágio em que se está e da distância em relação à perspectiva a ser atingida, servirá para essa finalidade. Para isso que eu tenho que ter uma função diagnóstica. O meu aluno está aqui no conhecimento, mas ele tem que chegar aqui. Nessa distância, estão lembrando o que? Vygotsky, né? Aí ele fala, olha, o que eu faço aqui nesse meio? Essa função, essa tomada de decisão aqui nesse meio, nesse vácuo que ele não entendeu ainda, para que ele possa chegar aqui no ideal. Continuando. A descrição da fenomenologia da avaliação da aprendizagem escolar revela-se com maior força no processo de obtenção de médias de aprovação ou médias de reprovação. Ele falou assim, olha, as pessoas estão ligadas a uma média e a média não retrata uma realidade. Ela é uma fantasia, essa média. Ou ele sabe dois, vinte por cento, ou ele sabe dez por cento, quando tira um, fazendo uma porcentagem, e aí eu pego um junto com dez, divido, não retrata a realidade. Aí ele traz um exemplo. Um aluno classificado em inferior, não se faz nada para que ele saia dessa situação. A média não garante a real posição do educando, ou seja, não garante o valor do novo desempenho, mas garante-lhe a média do desempenho anterior e posterior. Mas não o quanto de fato ele evoluiu. Para Luquezzi, a média não revela nem o valor anterior do desempenho e nem o posterior, mas o enquadramento do educando a partir de posicionamentos estáticos e autoritários a respeito da prática educacional. Então, pra ele, esse posicionamento da média, essa questão da média, é um... uma realidade estática e autoritária a respeito da prática educacional. Os mais aptos socialmente permanecem na situação de mais aptos e os menos aptos, no mesmo ponto de vista, permanecem menos aptos. O ritual pedagógico não propicia a modificação da distribuição social das pessoas e não auxilia no quê? Nessa transformação social. Quando eu faço essa avaliação dentro da escola para manter ou até para expulsar o aluno da escola. Na concepção do modelo liberal, o docente então desempenha o papel disciplinador e determina o relevante e irrelevante que fica na dependência do arbítrio pessoal do professor e do estado psicológico. O docente também utiliza a avaliação como mecanismo disciplinador de condutas sociais. Olha lá! Ameaça, por exemplo, com o poder da avaliação caso a ordem social da sala de aula seja infringida. Olha isso! Cria armadilhas nos testes. Testes para derrubar os indisciplinados, os dados relevantes que sustentariam a objetivação do juízo de valor na avaliação são substituídos pelo autoritarismo. Assim, a avaliação descaracteriza-se mais uma vez na sua constituição ontológica, ou seja, na sua constituição plena e integral. Continuando. Luquez faz mais uma ressalva aqui a respeito do juízo de valor. Ele fala assim, a possibilidade arbitrária do estabelecimento ou mudança de critério de julgamento a partir de interesses faz com que aconteça o que? Que não ocorra uma posição de objetividade na avaliação em que o professor estabeleceria mínimos necessários a serem atendidos pelo educando. Tendo como base a escolaridade, maturação educando, os pré-requisitos da disciplina, habilidades necessárias, por exemplo. Outra manifestação do papel autoritário da avaliação é a comunicação do que se pede num teste, que pode não ser clara e o professor, na sua autoridade, sempre dirá que tem razão. Utilizar a avaliação como mecanismo disciplinador de condutas sociais é outro uso autoritário da avaliação. Pessoal, chegando agora na última parte do capítulo, lá na página 41. Avaliação educacional no contexto de uma pedagogia para humanização. Uma proposta de ultrapassagem do autoritarismo. Para Luquez, é preciso romper com esse modelo de sociedade e com a pedagogia que o traduz. Ele ainda afirma Para que a avaliação educacional assuma o verdadeiro papel de instrumento de diagnóstico para o crescimento, terá que se situar em uma pedagogia preocupada com a transformação social, não com a manutenção. A função diagnóstica deverá ser um instrumento dialético do avanço, um instrumento da identificação de novos rumos. Olha só isso aqui. O resgate do significado de diagnóstico, o fato de eu fazer uma avaliação diagnóstica como forma de combater o autoritarismo, não significa menos recuo da avaliação. Ou seja, esse aluno vai ter que aprender, vai ter que pôr a bunda na cadeira e estudar. A avaliação não significa que ela será mais frouxa, mais fácil. Não, mas ele vai ter mecanismos e conhecimento para realizá-la. A avaliação deverá verificar não a partir dos mínimos possíveis, mas sim dos mínimos necessários, qualificando cada aluno para ser sujeito da história e tenha capacidade de governar. É preciso que a ação pedagógica em geral e a avaliação sejam racionalmente decididas. Ou seja, sugere-se que ao planejar tecnicamente suas atividades de ensino, o professor deverá estabelecer brevemente o mínimo necessário a ser aprendido efetivamente pelo aluno. Povo meu! Acabamos aqui, mais um bunda na cadeira e sem enrolação. Luquese maravilhoso! Maravilhoso! Espero estar ajudando vocês. E agora, bora até o próximo capítulo. Vamos lá! Um beijo!