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Vygostsky_Afetividade_Mediação_Lingua

Vygostsky_Afetividade_Mediação_Lingua

Marcelo B Santiago

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In this video, the focus is on the book "Piaget-Vygotsky-Vallon: Psychogenetic Theories in Discussion." The speaker discusses the contributions of Vygotsky and the importance of understanding his concepts. Vygotsky is considered a cognitive author and his work explores the functioning of intelligence and cognition. The author emphasizes the concept of "mental functions" and distinguishes between basic involuntary functions and higher-level voluntary functions. The speaker also mentions the idea of children raised by animals and how their lack of social interaction affected their development. Vygotsky's theory emphasizes the role of language and symbols in cognitive development, and the importance of social interaction in learning. The speaker concludes by highlighting the significance of language as a mediator of knowledge and the cultural and historical influences on cognitive processes. se a intenção é pedagógica. No vídeo de hoje nós vamos falar sobre o livro Piaget-Vygotsky-Vallon teorias psicogenéticas em discussão. Como esse livro é muito importante tanto para quem faz concursos públicos quanto para professores de dentro da sala de aula, no vídeo de hoje nós falaremos exclusivamente do Vygotsky, mas em seguida nos próximos vídeos falaremos também sobre Piaget e por fim falaremos em Vallon. No vídeo de hoje ou as contribuições de hoje foram descritas pela Marta Oliveira em dois capítulos intitulados Vygotsky e o processo de formação de conceitos, o problema da afetividade em Vygotsky e também vamos abordar os questionamentos que ela respondeu no apêndice do livro. Mas como sempre vamos direto ao assunto sem enrolação. A primeira coisa que nós precisamos saber quando falamos sobre esse livro, principalmente para nós estudarmos corretamente o livro, é entender que esses autores não vão falar dos temas mais comuns ou mais clichês de cada um dos pensadores, isso porque eles definiram um foco muito específico. Aqui o objetivo é dizer o que cada um desses pensadores falaram sobre o funcionamento da inteligência ou funcionamento cognitivo e também a afetividade. É por isso que no vídeo de hoje nós não vamos conversar sobre as zonas de desenvolvimento real, proximal e potencial e também não vamos falar sobre brincadeiras, que são dois temas muito importantes do Vygotsky mas que não são abordados nesse livro. E para começarmos a falar sobre a teoria primeiro vou trazer alguns conceitos importantes sobre o Vygotsky. Apesar de ser considerado como interacionista ou sócio-interacionista por muitos autores, a Marta Oliveira vai dizer que atualmente ele é considerado um autor cognitivista e isso porque ele trouxe muitos estudos e contribuições sobre a forma como o cérebro funciona ou sobre como o nosso cognitivo aprende. No entanto é importante nós sabermos que o autor nunca utilizou ou que ele não utilizava o termo cognitivo e isso porque ele faleceu em 1934 e o termo cognitivo é muito recente. As palavras ou os termos que ele utilizava naquela época eram funções mentais e também consciência. Aliás funções mentais é um dos termos chefes quando falamos sobre o Vygotsky e é exatamente por isso que eu vou trazer algumas informações importantes sobre esse termo. A primeira informação é que o autor vai falar em funções mentais para escrever ações que hoje nós chamamos de memória, percepção, atenção e pensamento. Para ele todas as palavras são explicadas por um único termo, funções mentais. Além disso o autor vai falar em dois tipos ou duas funções mentais ou ainda que o nosso cérebro funciona de duas formas. O primeiro tipo de função mental ele chama de elementar ou funções mentais elementares que são as funções básicas, aquelas involuntárias, automáticas, impulsivas quando nós agimos sem pensar. A segunda função mental ou segundo tipo de função mental o autor chamou de funções mentais superiores que são as funções que ocorrem com planejamento, com pensamento abstrato, de forma voluntária, com intenção. Também é importante nós mencionarmos que o autor estudava esses dois termos de forma interrelacionada, mas a gente já volta a esse assunto logo mais. Você já ouviu falar em crianças selvagens, ou seja, crianças que foram abandonadas pelos seres humanos e criados por animais? E por ser criados por animais essas crianças acabaram adotando comportamentos animais? Eu vou citar três exemplos atuais sobre esse fenômeno. O primeiro é Oxana encontrado em 1991 e possuía comportamento de cachorro. O Xandeu encontrado em 1972 se comportava como lobo e o Jon encontrado em 1991 foi cuidado por macacos. Nos comentários eu deixo um link caso você queira ter mais informações sobre esses casos. E a pergunta que nós nos fazemos quando verificamos esse tipo de fenômeno é, a nossa humanidade ela não é pré-determinada biologicamente? Segundo Vygotsky nós temos uma dupla natureza, a biológica e a social. O autor também vai utilizar aqui os termos filogênese para explicar esse conhecimento, esse desenvolvimento que veio ocorrendo por toda a nossa espécie, ou nas palavras da autora, a presença de uma estrutura básica estabelecida ao longo da história da espécie humana. Ele vai falar também em ontogênese, que é processos mentais e relações desenvolvidas individualmente, desenvolvidas por cada um de nós. Em outras palavras, essas crianças possuíam uma parte dessa dupla natureza, que era a parte biológica. No entanto, quando nós falamos sobre o desenvolvimento pessoal e individual, e também aquele que ocorre de forma social, essa parte foi negada às crianças. E é por isso que elas adotaram o comportamento do grupo do qual elas faziam parte, no caso, os animais. Sobre isso a Marta Oliveira ainda vai falar. De um lado, o conhecimento do cérebro como substrato material da atividade psicológica. De outro, a cultura como parte essencial de contribuição do ser humano no processo em que o biológico se transforma no sócio histórico. Um conceito muito frequente na teoria Dovigodski é a ideia de internalização. Segundo o autor, primeiro há sempre um movimento que é externo ao ser humano, então ele observa tudo ao seu redor por meio das relações interpessoais. E a partir dessa visualização dos exemplos que nós temos do lado externo, nós começamos a incluir esses comportamentos. Começamos a internalizar. Ao longo do seu desenvolvimento, o indivíduo internaliza formas culturamente dadas de comportamento num processo em que atividades externas, funções interpessoais, transformam-se em atividades internas, intrapsicológicas. As funções psicológicas superiores, baseadas na operação com o sistema simbólico, são, pois, construídas de fora para dentro do indivíduo. O processo da internalização é, assim, fundamental no desenvolvimento do funcionamento psicológico humano. Falando nisso, se você gosta de resenha pedagógica e também de legislação educacional, não se esqueça de se inscrever no canal, acionar o sininho, porque a gente tem conteúdo inédito toda semana. Mas voltando ao assunto, na última citação apareceu a palavra sistema simbólico, que é outro termo muito importante de Vygotsky. Mas para falar sobre essa temática de uma forma mais significativa, eu quero primeiro te mostrar um vídeo. Segundo o dicionário, símbolo é tudo que representa, sugere ou substitui alguma coisa. No vídeo, o símbolo, ou desenho, substituia um animal, ou fazia com que os adultos pudessem ensinar sobre a categoria animal sem ter a necessidade de ter um animal ao seu lado. Outra observação importante que nós temos para fazer sobre esse vídeo é que, ao ensinar a linguagem, que no caso era Libras, a gente percebe que os adultos estavam ensinando uma classificação, que seria então a classificação animal. E essa ideia é muito importante, porque na construção do pensamento, o autor vai falar muito sobre essa conexão entre linguagem e o pensamento. Afinal de contas, quando nós ensinamos crianças pequenas, estamos ensinando quase sempre linguagem, cores, frutas, animais e várias outras formas de classificar e organizar as informações. E é por isso mesmo que o Vygotsky vai falar que a linguagem é o sistema simbólico básico, é aquilo que dá início a nossas construções cognitivas. A Marta Oliveira vai falar que, ao utilizar a linguagem para nomear determinado objeto, estamos na verdade classificando esse objeto numa categoria, numa classe de objetos que têm em comum certos atributos. A utilização da linguagem favorece assim processos de abstração e generalização. Os termos abstração e generalização trazem essa ideia, de eu não precisar ter o concreto, o material na minha frente, porque eu consigo utilizar minhas funções mentais, eu consigo utilizar o meu pensamento abstrato. Mas a gente já volta também a esse conceito. Vygotsky defendia que a linguagem vai ter duas funções, ou ele via duas funções muito importantes na aprendizagem da linguagem. A primeira era o intercâmbio social, que é as nossas trocas, estar em comunidade, aprender com a comunidade. E a segunda função era criar os pensamentos generalizantes, que é fazer essas organizações mentais. A Marta Oliveira também vai utilizar essa temática. Ela vai dizer que, além de servir ao propósito de comunicação entre indivíduos, a linguagem simplifica e generaliza a experiência, ordena as instâncias do mundo real em categorias conceituais, cujo significado é compartilhado pelos usuários dessa linguagem. Existe uma outra situação que é muito famosa, que é muito recorrente quando nós estamos falando sobre linguagem, que é a ideia da ponte que a linguagem vai estabelecer entre o conhecimento, aquele objeto e a pessoa que está aprendendo. Ou ainda, na linguagem dos autores, a linguagem fornece os conceitos e as formas de organização do real, que constituem a mediação, ou seja, a troca entre o sujeito e o objeto de conhecimento. E é por isso também que as palavras ganham muito importância na teoria do autor. Afinal de contas, cada palavra é um signo mediador. E como signo mediador, elas são generalizantes, ou elas ajudam a construção desse pensamento que é mais abstrato, desse pensamento que não precisa apontar um objeto para falar sobre o objeto, que é o que ocorria lá no início da civilização. Para o Vygotsky, pensamento verbal não é uma forma de comportamento natural e inata, mas é determinada por um processo histórico e cultural. Lembra das crianças selvagens que nós vimos no primeiro exemplo? Uma informação importante sobre todas essas crianças é que elas não desenvolveram a linguagem. Afinal de contas, elas não tiveram ninguém que mediasse esse conhecimento, que fizessem essas trocas sociais com elas. No caso dessas crianças, todas elas foram encontradas utilizando a linguagem dos animais com o qual elas estavam convivendo. Agora, para a gente fechar bem essas ideias iniciais, eu vou trazer uma citação que é muito importante e eu vou fazer a leitura bem rápido. As concepções de Vygotsky e o funcionamento do cérebro humano fundamentam-se em uma ideia de que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo da história social do homem. Na sua relação com o mundo, mediada pelos instrumentos e símbolos desenvolvidos culturalmente, o ser humano cria as formas de ação que os distinguem de outros animais. Sendo assim, a compreensão do desenvolvimento psicológico não pode ser buscada em propriedades naturais do sistema humano. Ou seja, o autor não acreditava que algumas capacidades e características do ser humano podem ser explicadas de forma inata ou podem ser ditas que nós nascemos com essas habilidades, como é o caso da linguagem. Ainda sobre a linguagem, o autor vai trazer um novo enfoque e aqui, para ficar mais claro novamente, a gente vai verificar dois vídeos bem rápidos. Vezes no primeiro vídeo, as crianças comunicavam ou utilizavam a linguagem e a vocalização para fazer trocas com o seu exterior, para passar uma mensagem, ou para tentar manter essa relação externa. Esse exemplo é o que o autor chamou de fala socializada, que seria o primeiro tipo de fala que ocorre nas crianças. No segundo exemplo, a criança utiliza a fala de forma pessoal, é ela com ela mesma, e a função nesse caso era organizar seus pensamentos ou tentar traçar planos, verificar uma sequência lógica daquilo que ele ia fazer. Nesse segundo exemplo, o autor chama de discurso interior. E apesar de nós termos escolhido um vídeo onde a criança vocaliza essas informações, neste livro, a autora vai falar que não há vocalização nesse tipo de discurso, ele é interno. Aliás, o Vygotsky vai falar que é como se fosse um dialeto pessoal. A função do discurso interior é apoiar os processos psicológicos mais complexos, processos de pensamento, de autorregulação, de planejamento da ação, de monitoração do próprio funcionamento afetivo-voletivo. Como você já deve ter percebido, essa ideia de que as coisas ocorrem primeiro fora de nós, depois nós internalizarmos, ele é frequente nas ideias do Vygotsky, mas aqui existe uma informação ou uma alerta que nós temos que trazer. O autor acredita, sim, que nós aprendemos por meio dos exemplos, mas nós também fazemos a nossa reflexão. É por isso que sempre que aparecer a ideia de que este autor é inflexível, determinista, ou ele fala só em uma habilidade de codificar ideia e codificar o mundo, só observar e internalizar sem nenhum tipo de reflexão, isso não combina com o autor, não é isso que ele acredita. Ao refletir o mundo exterior, indiretamente, através da fala, a qual desempenha um papel profundo não apenas na codificação e decodificação das informações, mas também na regulamentação de seu próprio comportamento, o homem é capaz de executar tanto as mais simples formas de reflexão da realidade, como as mais altas formas de regulamentação de seu próprio comportamento. Lembra-se que no início eu falei que o autor não utilizava o termo cognitivo, ele utilizava funções mentais e consciência. Sobre o termo consciência, a Marta Oliveira vai dizer que ele é um componente mais elevado na hierarquia das funções psicológicas, isso porque ele é uma forma da constituição da subjetividade, ou seja, da constituição do eu, a partir da intersubjetividade, a partir do outro. Lembrando que esse termo eu, o outro e o nós são termos que os professores que estão em sala de aula, eles já conhecem, isso porque a BMCC já utiliza essa linguagem, ou ela utiliza essa terminologia. Aliás, eu vou deixar nos cards o nosso vídeo sobre BMCC na educação infantil, pois assim você vai poder verificar como esse conteúdo vai aparecer na lei. Mas vamos voltar assunto, agora nós vamos começar a conversar sobre como a linguagem vai ajudar a construção do pensamento, ou ainda, quais são os passos que o nosso pensamento passa até nós termos uma capacidade cognitiva maior, ou até que a gente desenvolva funções mentais superiores. O autor vai falar em três passos, e eu vou começar a citar agora com bastante cuidado, porque esse termo é essencial para a nossa prática, principalmente para o nosso diagnóstico da realidade. No primeiro passo, ou seja, logo após o nascimento, quando a criança já começa a aprender a linguagem, ela vai ocorrer ainda sem nexo, ou com o nexo vago e instável, baseado naquilo que ela vê, aquilo que está ao seu redor. A autora vai falar em conjuntos sincréticos ou conceitos misturados. A criança ainda não faz muita conexão na fala, é uma fala mais instintiva, pensamento por complexos. A criança já começa a conectar os conceitos, ela começa a agrupar as informações por similaridade, por aquilo que ela considera igual, e também a reunir informações. Mas preste atenção, esse momento ainda é muito ligado ao que ela vê na sua frente, as coisas que ela consegue pautar, ao que é concreto. Um complexo é, antes de mais nada, um agrupamento concreto de objetos unidos por ligações factuais. Quando a criança ou mesmo um adulto está nesse estágio do pensamento, as suas explicações serão muito baseadas naquilo que ela viveu, sem conexão ou sem explicação científica. E é bem comum nós ouvirmos nesse tipo de explicação a frase senso comum, que nada mais é do que as explicações que não foram pesquisadas ou investigadas, são opiniões baseadas muito mais no que eu acho do que em fatos. Já no terceiro estágio, a criança ou o adulto formará os conceitos propriamente ditos. A criança agrupa objetos com base num único atributo, sendo capaz de abstrair características isoladas da totalidade da experiência concreta. E aqui há um alerta, uma informação importante. Apesar do autor falar em primeiro, segundo e terceiro estágio, ele não vai definir essa rigorosidade, de que primeiro passamos pelo primeiro, depois pelo segundo, para somente chegar no terceiro. A ideia do autor é que essas aprendizagens, ou os primeiros estágios, ocorrem de forma mais ou menos paralela, que se agrupam em algum momento. Ou seja, elas não seguem uma ordem pré-definida. Elas são duas raízes independentes. Sobre esses conceitos que a gente acabou de conversar, é importante eu mencionar que quase sempre no texto aparece criança. No entanto, a gente vai observar em culturas diferentes o desenvolvimento também diferente. Diferentes culturas produzem modos diferentes de funcionamento psicológico. Grupos culturais que não dispõem da ciência como forma de construção de conhecimento não têm, por definição, acesso aos chamados conceitos científicos. Assim, os membros desses grupos culturais funcionariam intelectualmente com base em conceitos espontâneos, gerados nas situações concretas e nas experiências pessoais. É muito importante nós termos em mente essa ideia de conceitos espontâneos e conceitos científicos. Conceito espontâneo vai ser sempre aquela explicação que vem de forma desestruturada, que eu não precisei provar ou investigar ou mesmo estudar para ter ela. Ele tem um teor que nos lembra muito o opinativo, onde eu falo mesmo que eu não tenha conhecimento ou que eu não entenda o que está acontecendo. Em relação ao científico, aí eu tenho que analisar a partir de dados, a partir de informações que nem sempre serão concretas, palpáveis. Elas serão abstratas. Existe um exemplo muito polêmico que eu vou trazer agora com muito respeito e sem objetivo de julgamento. É para a gente compreender mesmo esse conceito aplicado na prática. Os conceitos de sistema solar, planetas e GPS são conceitos abstratos. Eles não são palpáveis e também não são espontâneos. Alguém teve que estudar para trazer essas informações. No entanto, esse conhecimento muitas vezes não é repassado para algumas comunidades ou é repassado pela escola sem sentido ou sem que aquilo faça sentido. Por isso, há uma parcela grande da população que não teve acesso a essa informação ou não teve acesso à informação de forma significativa. E é justamente por não ter tido acesso à educação ou não ter tido acesso a argumentos ou a tentativas de aprendizagem significativa que muitas pessoas, mesmo após adultas, vão tentar compreender esse fenômeno a partir de explicações palpáveis, explicações espontâneas. E é por isso que a explicação de que a Terra seria plana e não redonda, ela é absorvida por muitas pessoas. Afinal de contas, a explicação de que o horizonte é reto, é plano, ele me parece um argumento mais palpável, mais visual do que aquele outro que me exige um conhecimento que é abstrato. O problema desse tipo de explicação espontânea para um problema que é abstrato é que normalmente ele desconsidera outras explicações que nesse caso, por exemplo, a explicação sobre a reta ou sobre o horizonte que é reto, ele ignora a ilusão de ótica. Segundo o autor, embora os conceitos científicos e espontâneos sejam opostos, sejam diferentes, eles são complementares ou eles estão intimamente relacionados. E para falar sobre isso, eu vou trazer dois exemplos. Quando nós estamos atuando dentro da sala de aula com crianças muito pequenas, antes de nós falarmos sobre conceitos históricos, é importante que a criança já tenha compreendido o presente e o passado, por exemplo. Se ela não compreender presente e passado, se torna muito complexo a aprendizagem desses conceitos. O segundo exemplo é sobre o conhecimento geográfico. Para me explicar sobre cidades e estados, é necessário primeiro que a criança compreenda o aqui e o lá. Mas vamos mudar um pouco de assunto, vamos falar sobre o que o autor falou sobre afetividade. A Marta Oliveira vai falar aqui que o Vygotsky dava-se em grande importância a afetividade. Afinal de contas, uma das críticas frequentes dele ao modelo tradicional de educação é que somente um elemento ou uma parte do ser humano era tido como importante, só o cognitivo. E o autor achava, ele acreditava, que nós deveríamos verificar o ser humano de forma muito completa, em todos os seus aspectos. Em outras palavras, para ele, o defeito da escola tradicional era separar entre os aspectos intelectuais de um lado e os voletivos e afetivos de um outro lado. Quando consideramos um ato de pensamento relativo à resolução de uma tarefa de importância vital para a personalidade, torna-se claro que as conexões entre o pensamento realista e as emoções são frequentemente muito mais profundas, fortes, impulsionadoras e mais significativas do que conexões entre as emoções e o devaneio. No apêndice do livro, existem algumas perguntas iguais que serão respondidas pelos três autores. Na questão sobre autonomia, a autora teria que defender em quais momentos fica claro para o Vygotsky que o aluno possui autonomia. Como esse conteúdo pode cair na sua prova, eu vou ler rapidinho aqui para você saber exatamente quais são as palavras que ela utilizou. Um, a cultura não é pensada como um dado, um sistema estático ao qual o indivíduo se submete, mas como um palco de negociações em que seus membros estão em constante processo de recriação e reinterpretação de informações, conceitos e significados. Em segundo lugar, a configuração absolutamente particular da trajetória da vida de cada indivíduo. Ele fala em filogênese para espécie, histórico para o grupo cultural e ontogênico para o indivíduo. Em terceiro lugar, a natureza das funções psicológicas superiores, principal objeto de seu interesse e refere-se a processos voluntários, ações conscientes, controladas, mecanismos intencionais. Essas funções são as que representam maior grau de autonomia em relação ao controle hereditário. Sobre falsa habilidade, a ideia é a seguinte, se Vygotsky estivesse aqui hoje, existe alguma parte ou algum conceito que deixaria ele confuso ou que surpreenderia esse autor em relação à sua própria teoria? E a autora vai trazer uma experiência que aconteceu com ela durante o acompanhamento da alfabetização de adultos. O que ela observou é que eles seguiam exatamente os passos que foram descritos pela Emília Ferreiro, ou seja, mesmo os adultos passavam pelas fases da aquisição da escrita, que foram estudadas por essa autora a partir dos conceitos do Piaget, que aliás é o nosso próximo vídeo. Mas antes, se você gostou desse vídeo, se ele foi útil para você de alguma forma, por favor curta o vídeo, deixe um comentário. Vamos tratar da teoria sociocultural proposta por Levi Vygotsky. Nesse sentido, vamos entrar no segundo teórico das abordagens psicogenéticas tratadas nessa disciplina. Com relação aos objetivos da semana, os objetivos dessa aula, vamos seguir o esquema de destacar as reflexões, de olhar conceitos básicos, de pensar as contribuições e as limitações, sempre nessa perspectiva de articulação com a prática. Algumas reflexões iniciais sobre a teoria socio-histórica, que vale a pena a atenção de vocês. Com relação a essa citação, a consciência se reflete na palavra, como o sol em uma gota de água. A palavra está para a consciência, como o pequeno mundo está para o grande mundo, como a célula viva está para o organismo, como o átomo para o cosmo. Ela é o pequeno mundo da consciência. A palavra consciente é o microcosmo da consciência humana. Aqui nós tratamos de algo central, que vai aparecer em diversos momentos dessa teoria, que merece o nosso foco de atenção. O objetivo teórico de Vygotsky, ao construir a teoria socio-histórica, é exatamente pensar sobre a origem e o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores e reunir-se tanto seus fundamentos biológicos quanto as influências socio-culturais. É um exemplo, assim como o Piaget e o Vallon, que veremos no próximo vídeo, de abordagem psicológica genética e interacionista. É importante destacar o conceito de genético. Genético não tem a ver com a origem, a gênese da construção do conhecimento nas pessoas, no ser humano. O genético é muito focado na ideia de como as crianças aprendem e de como o ser humano constrói o conhecimento. O Vygotsky é um autor muito importante e inovador. Ele teve uma vida curta, como vocês percebem nos dados bibliográficos, e ele traz uma proposta exatamente de síntese que superasse as imitações, as concepções mecanicistas vinculadas ao behaviorismo e as concepções mentalistas. Então, essa tentativa de síntese é para superar os grandes pontos de tensão entre o behaviorismo e as teorias mentalistas. E esse respeito pelo ser humano como algo que faz uma integração é algo muito presente, tanto nessa abordagem quanto nos teóricos que são contemporâneos e os subsequentes ao Vygotsky. Então, os objetivos básicos da teoria sociocultural. Entender esses funcionamentos a partir de um suporte biológico, então o cérebro como um sistema aberto de grande plasticidade, então ele traz essa ideia de que todas as experiências de aprendizagem são válidas no sentido de promover o desenvolvimento, então a aprendizagem assume um status social muito relevante partindo de um aparato biológico, e nesse caminho há uma ênfase muito grande na questão cultural. Então, a cultura é parte integrante da natureza humana e todo o desenvolvimento psicológico é entendido nesse sentido como não universal, porque ele vai sofrer influência direta desse contexto sócio-histórico culturalmente determinado. Então, a relação do homem-mundo vai ser sempre mediada por sistemas simbólicos, sendo o principal deles a linguagem. Nesse ponto, a grande contribuição, se eu pudesse destacar uma, porque foram muitas, é exatamente pensar nessa constituição do ser humano a partir desse desenvolvimento mediado ou por signos, ou mediado por signos, linguagem, essa ideia da mediação presente na obra do Vigós. E aqui um ponto para esclarecer é o conceito de processos psicológicos superiores. Então, os processos psicológicos superiores vão caracterizar o funcionamento psicológico tipicamente humano. Então, nesse ponto, o que nos diferencia dos animais estariam nessa abordagem circunscritos a essa ideia de funções psicológicas superiores. Então, envolve essa capacidade simbólica. O pensamento, a linguagem, a tomada de consciência e o controle dessa atividade psíquica nos permite diferenciar dos animais, uma vez que todas as nossas ações têm um sentido. E essa ideia da transmissão cultural desse sentido, até, segundo essa abordagem, é o grande mote que nos diferencia dos animais. Na contraposição, no sentido de algo elementar, nós temos os processos psicológicos básicos que vão envolver ações reflexas, ações condicionadas, características muito presentes nas crianças pequenas e nos animais. Então, esse esquema é bem interessante. Há funções elementares, essas básicas, mas a cultura, a dimensão cultural, vão permitir o desenvolvimento das funções psicológicas superiores. As funções psicológicas superiores vão ser o campo da atuação do professor. Todos nós trabalhamos para a promoção do desenvolvimento dessas funções. Voltando ao conceito de mediação. O conceito de mediação é algo extremamente complexo, que não vai se limitar em uma disciplina, muito menos a uma leitura pontual. O conceito de mediação proposto pela teoria sociocultural é altamente complexo, exige muitos estudos, mas o nosso objetivo aqui é realmente colocar alguns pontos de luz, e um deles tem a ver com a mediação simbólica. Essa mediação envolve sempre a intervenção de um elemento intermediário numa relação, que deixa de ser direta. Então, não é mais estímulo-resposta. Então, a relação não é mais direta. Ela deixa de ser direta para sofrer a influência de algo, e esse algo pode ser um signo, pode ser algo que faça parte da constituição. Por exemplo, um livro pode ser algo que faça mediação. Nesse ponto, a gente não está destacando só a ideia de mediação como pessoa, mas qualquer algo que vai interferir na minha relação com o objeto do conhecimento. E esse elo intermediário, que é o X, é o elemento mediador. Então, nessa teoria, a mediação é muito mais ampliada do que dizer que é o professor como o mediador. Então, vale a pena quem se interessar pela temática se aprofundar nos estudos da mediação. Então, baseando-se na teoria marxista, se a gente for retomar os princípios básicos, o Wigowski vai propor uma analogia entre dois tipos de elementos mediadores das relações humanas. Os instrumentos que vão mediar a relação entre o homem e a natureza, que são sempre orientados externamente, têm um caráter mais objetivo, e os signos, que vão funcionar como instrumentos da atividade psicológica, ampliando as possibilidades de controle do homem sobre si mesmo. Os signos vão ser orientados subjetivamente. Então, eu quis destacar isso para vocês perceberem a complexidade da mediação. Os signos são essas marcas mais elementares, que são externas. A criação e o uso de signos para o Wigowski é algo que vai permitir esse salto qualitativo e o desenvolvimento dos processos mentais mais complexos, e ao longo da história humana. Esses sistemas vão ser compartilhados, e para compartilhar esses sistemas, a linguagem entra como constrúpto principal. Então, durante o desenvolvimento, os signos externos, sobretudo a linguagem, vão ser internalizados e se transformam em representações mentais, ideias, conceitos e imagens. Então, a capacidade de representação simbólica é o que vai permitir o homem se libertar do tempo, do espaço, e fazer relações entre passado e futuro, justamente por adquirir essa capacidade de pensar e refletir conscientemente sobre os fenômenos e sobre aquilo que envolve o seu cotidiano. A mediação simbólica, por sua vez, constitui a base das funções psicológicas superiores, e aqui eu destaquei a consciência. Durante o desenvolvimento, as relações vão ser mediadas, vão sempre predominar em relação às relações diretas. Os significados vão ser fornecidos pela cultura. Então, essa ideia de mediação também permite que a gente faça um filtro entre o real e o mundo simbólico. Essa ideia do desenvolvimento psicológico que se dá de fora para dentro, o sujeito vai aprender e vai se desenvolver a partir dessa influência do externo para o interno, é um conceito muito estudado pela teoria chamado internalização. Na internalização, é importante destacar que ela não envolve um processo passivo de absorção do que está externo, mas sim um trabalho de transformação e síntese. Vocês provavelmente já ouviram falar da dialética na teoria sociocultural. O que é essa dialética? É esse ir e vir, essa transformação e a síntese. Então, sempre que há a internalização, se constrói algo novo. Toda função, eu vou ler essa citação, toda função aparece duas vezes em dois níveis ao longo do desenvolvimento da criança. Primeiro, entre as pessoas, como categoria intrapsicológica, e depois dentro da criança, como categoria intrapsicológica. As relações reais entre os indivíduos estão na base de todas as funções superiores. Esse é um trecho da obra Formação Social da Mente, escrita por Vygotsky em 1994. Então, chegamos a um ponto crucial da abordagem, que é essa relação entre o pensamento e a linguagem. O quanto é importante pensarmos práticas que vão permitir essa relação. Os processos psicológicos superiores vão envolver sempre a mediação, a intervenção de signos, e o principal sistema simbólico é a linguagem. Aqui, para destacar para vocês, há duas funções básicas na linguagem, uma de comunicação, a função comunicativa de interação e intercâmbio social, e uma chamada de pensamento generalizante, que é essa organização do real em diferentes categorias e conceitos. Também vou passar rapidamente, mas a ideia aqui é destacar também essa noção de desenvolvimento em estágios, mas em estágios que vão se interrelacionar. Há uma fase pré-intelectual da linguagem, para uma fase pré-linguística do pensamento, com a utilização de signos e de instrumentos variados, que levam a uma inteligência prática, e, novamente, essa citação ilustra essa relação. O pensamento não é simplesmente expresso em palavras, é por meio delas que ele passa a existir. A aprendizagem vai sempre destacar essa relação intrínseca com esse processo que envolve sempre a interação. O processo em que um indivíduo vai adquirir conhecimentos, habilidades, atitudes e valores, sempre a partir do seu contato com esse outro. O desenvolvimento é visto, então, como resultado da aprendizagem, que é um ponto fundamental de diferenciação entre Vygotsky e Piaget. O Vygotsky vai partir do desenvolvimento para a aprendizagem, e o Vygotsky é o contrário. A aprendizagem é o que permite o desenvolvimento. E aqui eu trago para vocês algo muito comum no contexto educacional, que é a grande e tão falada ZBT. Eu costumo brincar com os meus alunos e dizer assim, será que é possível pegar uma régua e medir a ZBT? É algo para a gente refletir e pensar criticamente. Por que todo concurso público de professor pergunta o que é a ZBT? Porque ela faz muito sentido para a prática. Então, muito mais do que decorar um conceito, é importante que vocês entendam esse conceito de fato, pela importância que ele assume no processo de ensino-aprendizagem. Então, o que é a ZBT? Para a teoria, no desenvolvimento, há sempre dois níveis. Ele propõe a existência de dois níveis de desenvolvimento. Um chamado de desenvolvimento real, que se relaciona com aquilo que eu já sei, as funções mentais já estabelecidas, a capacidade já dominada e exercida de forma independente, e o nível de desenvolvimento proximal. O potencial, desculpem, potencial. O que é esse potencial? É aquilo que eu posso vir a ser capaz de fazer. Então, entre o real, o que eu já sei, e o que eu posso vir a fazer, há essa tal zona de desenvolvimento proximal. Então, eu trago o conceito, mas eu gostaria que vocês pensassem sobre ele. Qual é a diferença? O que é a essência de decorar um conceito e entender? É pensar no dia a dia do professor. Como será que ele lida com essa tal zona de desenvolvimento proximal? Ele tem que lidar tentando, de alguma forma, sistematizar o conhecimento daqueles alunos. Então, o que o meu aluno já sabe e o que o meu aluno deve aprender a fazer? Para ele atuar nesse meio, eu tenho que atuar exatamente nessa distância entre o real e o potencial. Então, a VDP é essa distância, como eu disse, ela é determinada sempre através da solução de problemas, sobre a imitação do adulto ou de um parceiro mais capaz. Então, esse é o ponto central, não é decorar um conceito, é entender a importância dele. Então, a partir do momento que eu digo que aprendizagem, uma boa aprendizagem, uma boa prática, é aquela em que atua na VDP, eu estou dizendo que eu preciso estimular a interação entre pares, a interação sempre a partir da colaboração, porque é isso que vai permitir essas conexões entre o que eu sei e o que eu posso vir a saber. Então, novamente, é importante a interação e a aprendizagem consolidando funções psicológicas em vias de construção e, ao mesmo tempo, se cria novas zonas de desenvolvimento proximal. Esse é um conceito importante. Então, a partir do momento que eu consigo atuar nessa zona, entre o que eu já sei e o que eu posso vir a saber, eu consigo criar outras VDPs. Então, esse movimento é um movimento que permite que a gente continue aprendendo de modo inacabado ao longo da vida. Algumas contribuições, a evolução da escrita, eu vou deixar para vocês. Eu acho que vale a pena a gente destacar essas semelhanças entre piaget e bigode, que vocês vão ter outros materiais para fazer esse movimento, mas essa ideia da gênese, vocês vão ver que também é uma preocupação do Valon, uma abordagem interacionista e essa capacidade de representação simbólica que permite esse salto qualitativo no desenvolvimento. Diferenças. O piaget procura detectar estruturas, mecanismos universais do funcionamento psicológico humano. Então, aqui está uma base biológica e o bigode, ele vai por outra via. Ele considera o homem como um produto sócio-histórico, portanto sujeito às especificidades do seu contexto cultural, rompendo com a suposta universalidade do funcionamento psicológico humano. Então, esse sentido é bacana destacar para vocês. Então, aqui a gente tem do individual, do interno, então a gente poderia marcar aqui o desenvolvimento, e daqui a gente tem o social e o externo, a aprendizagem. Para o piaget, há uma direção, o desenvolvimento vai impactar na aprendizagem, então é o que permite, é o que precede, e para o bigode é o contrário. A aprendizagem é o que vai preceder o desenvolvimento, é o que vai permitir e criar as condições. Algumas limitações, acho que deu para vocês sentirem o tanto de contribuições, e as limitações é um exercício, a gente pensar até que ponto faz sentido, não faz, dentro de um contexto histórico-cultural. Então, essa abordagem oferece princípios gerais para a educação e não se constitui um método de ensino, e essa ideia da motivação para a aprendizagem, que deve sempre partir dos interesses e das curiosidades, é isso que vai permitir a criança se desenvolver. Então, nesse sentido, ficam as nossas reflexões finais de quais são os desafios de levar isso para o cotidiano das escolas brasileiras e de como a gente se fortalece para romper com esses desafios e criar novas possibilidades. Espero que vocês tenham gostado, na próxima semana a gente continua nas abordagens psicogenéticas com o Valom. Obrigada e até breve.

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