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In this episode of Na Mané, the focus is on participation and social control. Samuel Nascimento, a representative of the Carrapato community, and Alex, a representative of the Municipal Health Council, discuss their roles in stimulating social participation. They talk about the importance of communication, literacy, and cultural activities in the community. They also discuss the origins of the community radio and library, and how these initiatives contribute to the health and well-being of the community. The radio played a vital role during the pandemic by providing positive and informative content. The community's actions, such as promoting environmental awareness and proper waste management, also impact the health of the population. The discussion highlights the need for a local health council to further engage the community in decision-making. Overall, the episode emphasizes the importance of social participation and control in improving community health. Olá, saudações a todos, sejam bem-vindos ao segundo episódio do Na Mané! Nessa lagoa tem uma pedra encantada A mãe d'água faz morada Na profundeza das águas dois crioulos Hoje daremos continuidade ao tema da semana passada sobre a participação e controle social De maneira especial, contaremos com a presença do Samuel Nascimento ele que é representante da comunidade Carrapato e o Alex, representante do Conselho Municipal de Saúde Me chamo Daniela, sou fisioterapeuta e faço parte da residência em saúde coletiva da URCA Olá a todos, eu sou o Bruno, sou biólogo e estarei aqui com vocês nesse momento Olá, me chamo Tamiris Mendes, sou profissional de Educação Física e daremos continuidade com algumas perguntas para o Samuel Então, seja bem-vindo Samuel A primeira pergunta que a gente tem é Como o que você faz na comunidade contribui para estimular a participação social? Conte-nos um pouco sobre as suas ações na comunidade Bom, a minha participação na comunidade Primeiramente, enquanto liderança dentro da comunidade a gente sempre procura estimular o pessoal a participar ativamente a partir das reuniões, rodas de conversa, debates e aí a gente sempre traz isso no nosso grupo e também dentro das ações que a gente desenvolve na nossa comunidade A gente tem alguns pontos que a gente usa um dos pontos é a comunicação popular que é um dos pontos importantes que a gente sempre está instigando a participação do pessoal não só da comunidade, mas das comunidades vizinhas também com incentivo à leitura, com a biblioteca comunitária sempre instigando a participação das crianças, primeiramente as ações socioambientais também pela localização aqui da nossa comunidade, no Sopé da Serra e também a questão cultural que é um dos pontos importantes que a gente sempre está trabalhando aqui na nossa comunidade e mais recentemente a gente está trabalhando aqui, inclusive na rádio a questão do trabalho com a saúde ela começou na pandemia, com a necessidade mesmo de ampliar as informações e foi muito bacana, foi muito legal que teve uma participação uma aceitação das comunidades e está até hoje essa temática dentro da programação da rádio Samuel, você falou um pouquinho da rádio agora conte para a gente como se deu a origem da rádio, da biblioteca Bom Tamise, a história da rádio é uma história bem longa ela começou em 2007, com uma experiência de rádio pirata rádio FM pirata, chamada Carrapato FM ela durou apenas alguns tempos mas aí veio a proposta de fazer uma rádio difusora com as caixinhas nos postes e aí de 2008 até 2018 ela retornou enquanto rádio literária porque rádio literária? Ela nasceu, na verdade ela retornou dentro da biblioteca a gente não tinha estúdio na época então a gente resolveu usar um espaço da biblioteca para retomar as atividades da nossa rádio e aí por isso que o nome de Carrapato FM se tornou rádio literária por conta dela ressurgir dentro da biblioteca que se chama Oca Literária, o nome da biblioteca e estamos até hoje, conseguimos alguns projetos e conseguimos esse estúdio que a gente está hoje e aí a ideia é a gente sempre ir evoluindo e também ganhando força através da temática da comunicação popular em parceria com outras rádios alternativas rádios livres também e esse é o intuito da nossa rádio com relação à biblioteca, era um desejo antigo das primeiras lideranças aqui da comunidade e aí a gente teve a oportunidade com os alunos do ITA que vieram visitando algumas comunidades para desenvolver um projeto o projeto deles era criar uma biblioteca dentro da comunidade e eles vieram visitar aqui a experiência de nossa comunidade se encantou e decidiu fazer o projeto aqui na nossa comunidade então foi aí que surgiu esse projeto da nossa biblioteca e todos os livros da biblioteca foram de doações todos os livros que a gente tem e até hoje o pessoal doa o livro e a gente sempre procura trabalhar com as crianças, manter ao máximo as crianças naquele ambiente da biblioteca para eles irem gostando desse ambiente incentivar a leitura criação de histórias algumas crianças da comunidade inclusive já fizeram livro a gente fez lançamento de livros com eles até para incentivar as crianças e foi bem bacana esse momento e são sempre atividades que a gente sempre procura está interagindo com as crianças e também com as demais pessoas dentro da biblioteca além deles lerem os livros eles também produzam, tenham produções literárias na biblioteca uma proposta que a gente trouxe da biblioteca para a rádio é um programa chamado Sementes da Leitura que é um programa que inicialmente começou com uma aluna da URCA que era aluna do curso de História e ela é da comunidade a Ana Beatriz começou com esse projeto, do programa e atualmente a gente vai ela deu uma parada e a gente vai retomar esse programa com as crianças as crianças que vão conduzir esse programa que é um projeto bem bacana chamado Sementes da Leitura bem Samuel, sabemos que a saúde sofre impactos relacionados aos determinantes sociais da saúde que esses determinantes eles vão desde fatores bem intrínsecos como a idade, sexo, enfim como fatores mais extrínsecos como as condições socioeconômicas, condições de trabalho, de saúde, enfim e então com base nisso podemos refletir que as ações que você comentou para a gente elas vão impactar na saúde da população tendo em vista que a saúde também não é só ausência de doenças, mas resultante desses determinantes sociais da saúde como você acha que essas ações podem contribuir para a saúde dos usuários? Bom Dani, aqui na comunidade a gente vê esse impacto a gente pode perceber principalmente durante a pandemia durante a pandemia a gente percebeu esse impacto que foi receber essa pandemia foi uma coisa que aconteceu de repente então de repente as pessoas começaram tiveram na verdade que mudaram seus hábitos seus costumes e aí na comunidade a rádio teve um papel fundamental que foi produzir conteúdos que tivessem um impacto positivo para as pessoas porque a gente sabe que durante a pandemia o volume de informações e notícias referentes ao que estava acontecendo foram grandes e fora outras notícias muito impactantes então o papel da comunicação da rádio aqui na comunidade foi justamente trazer essa leveza para a comunidade então a gente pode perceber que contribuiu de certa forma para a saúde psicológica da comunidade nesse sentido trouxe as festividades que aconteciam presencialmente da comunidade para a rádio então o pessoal começou a ter uma relação com a outra pessoa através da rádio, com a participação da rádio então eu pude perceber mais diretamente esse impacto durante a pandemia teve esse papel muito importante outra coisa também na questão ambiental aqui na comunidade o trabalho com as crianças que também causa um impacto muito grande com a questão do lixo, o cuidado com lixo porque o lixo também gera diversas doenças e a comunidade limpa de certa forma com cuidado com lixo sendo de certa forma uma prevenção para evitar certas doenças então são esses impactos que a gente percebe mais diretamente com o que a gente desenvolve aqui na comunidade Samuel, a gente fica muito feliz na sua expressividade, no que você traz, nos traz enquanto um dos mobilizadores da comunidade com isso a gente percebe também na sua fala e nas nossas interações com a comunidade o quanto de potencial que ela possui desde a biblioteca, a própria rádio Carrapato que vocês conseguem fazer essa divulgação esse trabalho maravilhoso de entrar na casa das pessoas da comunidade e além também em outras esferas levando então comunicação, informação de forma muito plausível inclusive dentro dessa perspectiva que vocês já produzem de forma bem emancipada eu gostaria também de entender se você, enquanto pessoa ativa na comunidade percebe que os ouvintes da Carrapato possuem um interesse e se eles estão abertos a criação de um conselho local de saúde aqui na comunidade Carrapato Bem, eu acredito que os ouvintes da rádio o pessoal da comunidade tenha esse entendimento com relação a isso porém, eu acredito que se precisa mais de uma estimulação apesar da comunidade ser bem participativa que a gente percebe nas reuniões da comunidade da associação algumas oficinas palestras a gente percebe muito a participação da comunidade mas é sempre bom a gente estimular ainda mais eu vejo essa questão do conselho local de saúde como um ponto bem importante dentro da comunidade porque aí você tem uma interação mais direta com os profissionais de saúde com a comunidade, com a população e aí você vai conseguir perceber mais diretamente quais são realmente os anseios dos moradores o que é que eles pensam o que é que eles entendem o que é o SUS, por exemplo eu acho muito importante essa questão da criação dos conselhos locais de saúde nas comunidades sobre controle social, participação social que é o Alex de Osberto Alex, seja muito bem-vindo desde já agradecemos a sua aceitação ao nosso convite e de início, para entendermos mais o que significa controle social gostaríamos que você nos respondesse o que você traz entre suas motivações sobre controle social no caso, o seu próprio conceito formado por suas vivências gratidão Bruno pela convocação é sempre um prazer falar sobre sobre essa temática porque se respeita a vida de todo mundo a vida das pessoas, a vida comunitária porque todos usam SUS o Sistema Mundial de Saúde está presente na vida de todos os brasileiros não há esse brasileiro que diga não preciso, não uso SUS a defesa da democracia e da participação e do controle social para que as coisas aconteçam para que as políticas públicas cheguem de fato na vida das pessoas é importante que elas participem não existe nada sem participação então, a partir daí como é que a pessoa da comunidade participa da associação comunitária ela participa das reuniões da comunidade quando a comunidade resolve realizar algum enfrentamento de algo que está afligindo seja uma rua que ficou intransitável por conta das chuvas seja muitas vezes um serviço ineficiente de coleta de lixo a comunidade se organiza seja para baixo assinado, recorrendo aos meios de comunicação tem até as formas das pessoas se juntarem para o enfrentamento dos seus problemas mas quando a gente pensa em políticas públicas essa participação e mobilização social ela precisa ser melhor organizada e por isso que ao longo da história do país da história da saúde pública e das grandes políticas públicas se instituiu a participação popular como princípio e o exercício do controle social através da constituição dos conselhos de políticas públicas que todo mundo já deve ter escutado em algum momento falar sobre o conselho de saúde o conselho da assistência social os conselhos setoriais, como o da pessoa idosa da criança ou adolescente o conselho de cultura, o conselho de defesa do meio ambiente esses conselhos são representativos das lutas comunitárias da participação popular das pessoas que envolvidas através de suas representações pela conquista de direitos pela manutenção de direitos e aí nesse sentido o controle social é o exercício da participação de uma forma mais organizada através dos conselhos que vão gerenciar os recursos daquela política pública determinada se referia ao conselho local de saúde que seria uma instância do conselho municipal de saúde, do conselho estadual de saúde, onde no território a comunidade ia discutir os determinantes e condicionantes de saúde discutir porque é que naquele território há uma determinada dificuldade de acesso há determinados insumos ou mesmo consultas discutir a vida a partir, por exemplo de uma estratégia de saúde da família então o conselho ia pensar a política de saúde e o conselho municipal gerenciar o fundo municipal de saúde, os recursos que chegam ao município para que aconteçam as políticas de saúde as atividades de educação em saúde a assistência farmacêutica a média complexidade por exemplo os exames, as cirurgias a vigilância sanitária que observa, por exemplo a qualidade dos alimentos se os serviços de saúde estão prestando bem aquela assistência o setor regulado o comércio então o SUS é bem amplo e é o conselho de saúde que vai fazer essa fiscalização esse acompanhamento dos recursos se está bem gerido se as coisas de fato estão acontecendo se está chegando na ponta da população de saúde mental, por exemplo então tudo que está ligado às nossas vidas a partir da assistência da educação de você ter não só acesso aos serviços mas uma promoção de fato da saúde então o conselho se preocupa com tudo isso e as pessoas podem ingressar dentro dos conselhos a partir das suas representações locais o conselho sempre tem três segmentos segmento gestor prestador de serviços então quem está nas coordenações secretário de saúde, coordenador do CAPS são pessoas que estão na gestão prestador de serviços é aquela rede que é conveniada ao SUS por exemplo, o SUS, ele constitucionalmente ele pode conveniar ou contratar profissionais e empresas em um laboratório, por exemplo o município pode ter o seu laboratório no caso do Estado tem um laboratório lá sem mas ele pode contratar empresas laboratórios que vão prestar o serviço à população e vão receber de acordo com a prestação desse serviço ou então um convênio com um hospital por exemplo, que é uma entidade filantrópica e ele pode receber recursos para prestar os serviços hospitalários à população então quem é o segmento gestor ou prestador de serviços eles podem ingressar no conselho a população de uma forma geral se ele representa uma associação comunitária do seu bairro e ela está devidamente legalizada ela também pode plantear a sua vaga no conselho no conselho municipal de saúde e os trabalhadores da saúde, os profissionais seja de nível médio ou superior o fundamental é que eles tenham assento do conselho de saúde fisioterapeutas, fonoaudiólogos, médicos, enfermeiros mas também o agente comunitário de saúde, o agente de endemias todas as categorias de saúde elas representando o segmento trabalhador participo do conselho e o segmento usuário, que é um dos mais importantes inclusive todo conselho deve ser paritário o que significa isso? que sempre na sua organização tem mais funcionários do que profissionais e do que gestores a cada quatro vagas do conselho duas é de usuário, uma de profissional de saúde e uma de gestor então é sempre dobrada a vaga do usuário isso é princípio da equidade também possibilitar que o usuário tenha uma presença uma força maior dentro do conselho porque é onde a saúde acontece dentro das comunidades o usuário pode participar do conselho? não, ele precisa estar vinculado à sua luta comunitária então ele precisa estar associado a um grupo comunitário legalmente constituído ele precisa representar um grupo ou representar um coletivo ou uma comunidade para poder participar do conselho então essa é a estrutura básica dos conselhos de políticas públicas do conselho de saúde o exercício do controle social é fundamental para que a gente tenha uma saúde de qualidade para que a gente possa cada vez mais defender o SUS porque o SUS tem muitos inimigos eu fico às vezes indignado quando eu vejo alguém falar mal do SUS o SUS não é para a gente falar mal, é para a gente lutar por ele se ele tem suas falhas, suas dificuldades imagina um país desse tamanho, com tanta desigualdade social com um sistema único de saúde que é referência conta seus princípios filosóficos, doutrinários a sua própria estrutura porque é o único sistema universal de saúde do mundo que atende mais de 200 milhões de pessoas porque o SUS é para todos os brasileiros e brasileiras ele atende todos os brasileiros e o SUS tem o princípio da equidade ele deve dar mais a quem mais precisa ele deve considerar as especificidades os determinantes e condicionantes de saúde então, ao conselho, também esse instrumento legal de fiscalização, de acompanhamento, de monitoramento das verbas que entram na saúde vai ser um grande instrumento de defesa do sistema único de saúde do mundo pessoal, vocês não conseguem visualizar o Alex mas ao falar, ao mostrar aqui toda a sua trajetória os olhos dele chegam a brilhar então, vou tentar descrever dessa forma aí para vocês poderem captar um pouco da imagem então, Alex a gente gostaria de saber também, entendendo mais um pouco quais as características que te permitem integrar um conselho porque a gente já sabe que você faz parte do conselho mas o que é que te permite talvez já tenha sido contemplado na sua sala a gente gostaria de frisar mesmo deixar bem esclarecido é importante dizer que a participação, ela é conquista nós precisamos aprender a participar inicialmente do pequeno local onde a gente convive a vida comunitária é o grande ensinamento de tudo se eu moro em uma localidade como Carrapato e a gente pode citar muitas outras esse é o primeiro exercício da minha participação olhar para a vida, para a dinâmica comunitária eu me reconheço nessa luta eu me reconheço nesse enfrentamento e isso a gente vai aprendendo vai conquistando cada possibilidade de integrar e colaborar e contribuir mais e mais com a vida da cidade do estado, do país eu sempre tive em mim isso como estudante de ingressar em grêmio de escola da comunidade escolar, da vida escolar depois na universidade também e como profissional eu tive uma grande escola que foram os movimentos sociais essa para mim foi a grande escola porque antes de eu ingressar no sistema de saúde hoje eu sou um profissional que atuo exclusivamente no sistema de saúde, eu fiz essa opção eu não tenho trabalhos particulares consultório não, eu fiz uma opção de trabalhar na saúde 100% no sistema de saúde mas antes de ingressar, via concurso público eu tive uma grande escola que foram os movimentos sociais aqui da região atuei muito tempo em pastorais sociais aqui mesmo no Carrapato para mim foi uma grande escola acompanhei boa parte dessa geração que hoje está mais à frente dos trabalhos, acompanhei eles ainda jovens no início da sua trajetória da sua formação isso foi criando casca quando através de concurso público eu cheguei no sistema de saúde já vinha com essa casca para não perder essa capacidade de se indignar não perder a capacidade de dar respostas à comunidade de encontrar as formas de ser um profissional melhor mas também com que a minha ação pudesse chegar a mais pessoas e aí a participação via conselho de saúde conselho de política do povo foi muito nesse sentido também de que a nossa contribuição chegasse não só àquelas pessoas que a gente tinha um contato direto mas pudesse chegar a toda a população do município Alex, eu não tenho muita expertise assim para falar de conselho e aí eu tenho várias dúvidas, como por exemplo de observar com maior proximidade a vivência de um conselho mas suponhamos que eu não faço parte eu não tenho assento como representante eleito para estar nesses enfrentamentos e aí como eu ou outra pessoa da comunidade pode vir a participar dos conselhos que já estão ativos, acompanhar essas reuniões como os usuários do SUS eles podem se inserir nesses espaços e também possuírem, no caso, esses assentos figurados como representantes Bruno, excelente pergunta Bruno dá a possibilidade de a gente esclarecer pontos fundamentais primeiro dizer que os conselhos de políticas públicas conselho de saúde, vamos pegar o exemplo do conselho de saúde não é um clube fechado não é um local onde privilegiados que não conseguiram se eleger ou entrar vão se reunir as reuniões são abertas qualquer do povo pode participar de qualquer reunião do conselho existem, por exemplo, as conferências municipais de saúde que acontecem normalmente de 4 em 4 anos que é uma forma das pessoas participarem e apresentarem propostas que aprovadas podem se constituir em programas e surgir ideias de melhorias do sistema único de saúde mas do ponto de vista legal existe uma legislação que é a lei 8.142.90 posterior a lei 8080 ela dispõe justamente sobre a participação da comunidade na gestão do sistema de saúde e institui o conselho de saúde nas suas mais diversas instâncias que já tinha sido criado antes mas a partir dessa legislação fica bem claro dentro do sistema de saúde como se dá o exercício desse controle social através das instituições e dos conselhos tem o nacional, o estadual, o municipal pode ter também os conselhos locais de saúde e para participar e ter assento de fato você tem que ser eleito nos três segmentos, como já falei anteriormente segmento usuário, segmento gestor prestador segmento trabalhador de saúde então você representa aquele segmento você representa a associação comunitária que você faz parte se você adentrar o conselho através de eleição representando o segmento usuário pegando o exemplo aqui do Carrapato o Carrapato concorre a uma vaga no conselho municipal de saúde a pessoa que é eleita, indicada pelo Carrapato ele representa o Carrapato dentro do conselho municipal de saúde mas qualquer do povo, Bruno, pode participar só não vai ter direito a voto isso é uma questão regimental só tem direito a voz e voto aqueles que são conselheiros e conselheiras de saúde são pessoas que detêm o assento no conselho mas qualquer do povo pode apresentar propostas dentro do conselho pode assistir às associações pode fazer reuniões, tem voz dentro do conselho só não vai ter direito a voto mas quando tiver uma nova eleição do conselho aquele que já participa ativamente já conhece a dinâmica do conselho é importante que ele também seja candidato para ter o seu assento dentro do conselho mas é para a gente distinguir, Bruno, o que seria de fato o exercício do controle social e a participação então pegando o conselho como exemplo estão com os assentos dentro do conselho mas qualquer do povo pode participar das reuniões, das conferências de momentos que inclusive são provocados pelos conselhos de saúde pegando esse nosso exemplo e lembrando que todas as políticas públicas do país tem os seus conselhos estabelecidos educação tem o seu conselho, assistência social tem o seu conselho, cultura tínhamos o conselho de segurança alimentar que agora retorna também e é isso, sempre que a gente perde um conselho desses a gente olha e reflete sobre a democracia porque se entra um governante que não gosta de conselho a gente vai perceber que ele também muitas vezes se constitui uma ameaça à democracia a gente tem que ter muito cuidado com isso mas seria basicamente isso esses conselhos são extremamente importantes mas para ter direito a voz e voto ele precisa ser eleito e ter o seu assento assegurado dentro do conselho de saúde pegando esse nosso exemplo Alex, dentro dessa estruturação que você bem coloca dá para perceber que nem tudo é flor nem tudo são flores então a gente gostaria de entender também quais são as desvantagens desse processo de participação social como controle social então na sua perspectiva dentro do seu trajeto da sua vivência mesmo você tem uma vivência forte traçando esse percurso a gente gostaria de entender mais sobre quais as desvantagens no caso que você poderia colocar assim Bruno, eu não falaria em desvantagem não é fácil é uma luta que é um exercício que não é fácil é cansativo, exige muito seu tempo precisa que você estude bastante se dedique, acompanhe o que está acontecendo no país o que acontece, por exemplo, no Congresso Nacional quais são as ameaças as próprias fragilidades precisa ter muita clareza de tudo isso e de fato assim é uma luta eterna que não vai parar muitos vieram antes de nós e depois de nós muitos outros vão continuar a nossa luta, mas você é gratificante, você saber que está podendo atuar por sua coletividade pelo seu município, pelo seu país pelo seu estado, isso é muito gratificante então eu diria para todos vocês parte sim, precisamos de muito mais pessoas nessa luta os conselhos precisam ser renovados muitas vezes, os conselheiros têm mandato normalmente 4 anos, prorrogado por mais 4 mas a gente percebe assim que precisa mais gente interessada em ingressar nos conselhos em participar dos encontros, das reuniões ver isso como possibilidade de enfrentamento das desigualdades sociais como forma de a gente ter um SUS cada vez mais forte uma saúde pública de qualidade e não sofrer esse risco de a gente perder um dos melhores sistemas de saúde do mundo um único, repito, um único que atende todos os brasileiros universal, gratuito com equidade, com todas as suas falhas com todas as suas dificuldades e a gente precisa de mais pessoas para a gente cada vez mais lutar pelo fortalecimento do sistema de saúde por vida e por mais saúde para a nossa população Alex, plantando aí sementes para a gente estar colhendo aí no futuro e essa é a caminhada, esse é o rumo a gente vai construindo então essa corrente dentro do que você coloca a gente percebe que existem algumas ameaças e quais seriam assim que você poderia colocar ou quantificar, qualificar da sua forma que você quiser se posicionar aqui quais são essas ameaças que você, por exemplo, você enquanto figura representada e estando dentro do conselho, tem enfrentado diante dos órgãos de controle social ameaças a democracia, ameaças à saúde à saúde pública, à saúde coletiva a gente vê a ascensão do fascismo são sempre situações que colocam em xeque o sistema de saúde que afeta diretamente os mecanismos de participação e de controle social porque para olhares totalitários tudo isso nem deveria existir para que participação, para que um conselho nos sistemas totalitários mentes e pessoas que defendem sistemas totalitários eles não estão nem aí porque a população pensa, para a população ter um espaço de decisão então eu diria assim que um dos pontos de maior ameaça que a gente vê hoje é a ascensão da extrema direita, é a ascensão de possibilidades de sistemas totalitários de pessoas que defendem o autoritarismo, o fascismo a gente precisa estar muito atento a isso porque tudo isso vai se serpenteando vai ocupando inclusive as mídias sociais, as redes sociais se a gente olhar hoje por exemplo, Twitter Facebook, você vai perceber como os próprios podcasts aí no Youtube a gente percebe que há muita propagação dessas ideias que são extremamente contrários a qualquer possibilidade de participação e com isso sendo contrários a democracia, são contra a saúde pública, universal, gratuita que o sistema público de saúde representa essa talvez seja a mais drástica a gente precisa estar muito atento mas a própria dificuldade das pessoas se interessarem por participar das reuniões dos conceitos, das conferências é algo que a gente precisa também estar sempre porque essa crise de participação porque as pessoas não estão mais tão interessadas em ocupar esses espaços a gente percebe muita gente interessada a gente precisa animar mais a juventude as juventudes para isso, por exemplo e fazer com que haja cada vez mais diversidade que a população preta seja representada que a população LGBTQIA+, seja representada nesses espaços e outras mais diretas como a emenda constitucional 95 o teto de gastos a crise quase crônica de subfinanciamento da saúde como é que você vai gerir a saúde coletiva com cada vez mais dificuldade de recurso é um desafio para os gestores também conseguir atender e acolher a população com recursos que são limitados e estar sempre atento a tudo isso a quem a gente elege na Assembleia Legislativa, na Câmara dos Vereadores na Assembleia Constitucional que a gente coloca nesses assentos porque o que eles legislam, ou deveriam legislar diz respeito a vida de todo mundo e estão lá as decisões ligadas à Seguridade Social que interessam muito Previdência, Aposentadoria Assistência Social e Saúde para acompanhar essa pauta que está sendo votada com relação à Seguridade Social e vai simplificar no resultado nessa política de fato chegando às nossas comunidades Então, desafios são muitos mas a gente não pode baixar a guarda nem se refestelar da luta a gente precisa de cada vez mais pessoas nessas frentes múltiplas de atuação Alex, já existe, ou vocês já conseguiram pensar em desenvolver estratégias que vocês possam enxergar dentro da esfera de participação social e como base de enfrentamento a esses desafios que você vem colocando? Sim, a profissionalização do povo é uma forma de enfrentar, esclarecer as pessoas cada vez mais projetos como esse aqui do Carrapato que cria sua própria estratégia para não ficar dependendo da informação externa e alheia que muitas vezes vem recheada de fake news a própria formação das pessoas para identificar, por exemplo, o que é uma fake news como produzir uma notícia que de fato construa conhecimento junto com a comunidade, que esclareça que informe, não deforme o pensamento das pessoas que precisam investir em educação popular em saúde cada vez mais para que haja de fato emancipação para que haja diálogo para que a gente contribua de fato para um projeto popular e democrático que está sempre em construção como eu disse agora há pouco que a democracia está ameaçada é porque ainda estamos construindo para essas ameaças no momento que a gente efetivar de fato esses projetos a gente tem emancipação e aí as pessoas vão estar mais protegidas de qualquer possibilidade de tiranias de ser solapada a democracia em nosso país Eita que o clima agora ficou um pouco pesado dentro dessas colocações que a gente tem proposto Alex, mas vamos falar de um ângulo de felicidade vamos aqui pensarmos o seguinte Saúde e felicidade, já dizia a mesinheira lá do pé de serra as três diziam isso que é a dona Rina que é do pé de serra do crado do Chico Gomes dona Rina, dona Iraci e dona Peinha dona Iraci já fez a sua passagem dona Peinha passa por um momento delicado de saúde dona Rina está aí representando as duas das articulações e as duas diziam, as três em uníssono saúde é felicidade e se a gente pegar a definição da OMS de saúde é um conceito de felicidade Isso mesmo, saúde é um valor imaterial e aí transpassa diversas características que podem estar aí ingressando e construindo essa saúde Alex, para a gente finalizar como última pergunta agradecemos aqui pelo seu tempo sua disponibilidade e também ainda instruído integrado com o conselho local de saúde o que essa comunidade precisa possuir ter como característica para que venha então a ser criado esse conselho dentro dessa comunidade como é que podemos tirar assim como pontapé inicial para então implementar esse conselho e deixar esse conselho firme, porque não é só criar o conselho é fazer com que o conselho permaneça aí nas gerações e que seja um conselho forte que represente de fato a comunidade então o que você conseguiria trazer como resposta e talvez até como, poderia não só dizer como resposta mas como motivação para que as pessoas que estejam lá nos escutando agora nos acompanhando, elas se sintam motivadas chamadas a implementarem conselhos nas suas comunidades De fato eu não ia ter uma resposta para isso o que a gente pode dizer é investir na organização local o conselho local de saúde ele é uma consequência da própria organização comunitária é uma comunidade que resolve ter a sua associação comunitária atuante aí mantendo sempre legalizado em dias, como a população gosta de dizer é uma comunidade que já tem uma dinâmica de se encontrar, de dialogar sobre as potencialidades e dificuldades da sua comunidade é uma comunidade que já tem o hábito de planejar de reivindicar a necessidade da comunidade é que tem um processo organizativo já encaminhado o conselho local é uma consequência e ele se dá a partir da atuação de uma estratégia de saúde da família, na maioria das vezes então toda comunidade, toda área na estrutura do sistema de saúde é para ser coberta por uma estratégia de saúde da família um postinho, o PSF a Unidade Básica de Saúde tem o que a gente chama, que a população conhece por PSF mas é a estratégia de saúde da família então a estratégia de saúde da família atuando naquela comunidade não só encastelado dentro da unidade básica dentro do postinho, mas de fato na vida na vida das pessoas junto da agente comunitário, de saúde do agente de edemias, mas também os outros profissionais o profissional, como dizia Dom Pedro Casadalga lá do São Fez do Araguai grande mestre, também já se encantou ele dizia com as sandálias e os pés vermelhos porque é uma característica do solo da região solo vermelho, então olha para os teus pés estão vermelhos do chão que tu pisa então o profissional de saúde precisa fazer esse movimento de saída da unidade básica, de chegar os pés vermelhos do pisar do pisar no chão da realidade, pisar na terra pisar na comunidade, então a partir daí aí criam-se as condições essenciais e fundamentais para se constituir um conselho local de saúde porque já é consequência de uma relação de um diálogo estabelecido de uma comunidade que tem sua organização e de uma equipe que compreende de fato a sua importância e a sua atuação no território então é só estruturar, ver quem são os representantes quais os segmentos que eles representam e todas as decisões daquela equipe daquele estratégia de saúde da família que afeta a comunidade discutidos sempre no conselho local e que o conselho local muitas vezes seja uma grande preparação para que as pessoas possam chegar no conselho de saúde com mais casca com mais conhecimento e colaborar cada vez mais com o seu município Alex, a gente tem conhecimento de que o SUS ele tem um histórico gigantesco de luta a base do SUS, a solidificação do SUS ela vem a base de muito suor muito árduo, a sua implementação a sua estruturação, a própria constituição ela tem essa trajetória, esse histórico no nosso país e dentro dessa introdução eu queria que você ouvisse um pouco mais falar sobre a evolução da participação popular em saúde desde a implementação do SUS até os dias atuais de uma forma bem sucinta a gente está te cobrando um contexto histórico prolongado mas a gente precisa de um podcast só para responder essa evolução em três linhas você disse bem, sangue, suor e lágrimas muitos se perderam no caminho como diz a canção, muitos que vieram antes de nós muitos participaram dessa luta para que a gente hoje tenha minimamente uma estrutura e uma condição de participar tem uma constituição, mesmo com todas as emendas uma constituição que a gente pode chamar de constituição cidadã que tem um artigo quinto, lindíssimo tem artigos que garantem de fato a saúde como direito em linhas gerais para se constituir a estrutura hoje de participação e de controle social tivemos muitos percalços muitos obstáculos não foi com a constituição somente porque demorou ainda um pouco para se efetivar do ponto de vista jurídico as formas de participação a constituição é de 88 a gente só teve a regulamentação do SUS em 90 dois anos depois e um ano depois, e foi por muita luta porque não se queria isso foi cortado da regulamentação da lei 8080 que era os mecanismos de participação então só um ano depois se conseguiu instituir e a partir daí todo o processo de municipalização da saúde de constituição dos conselhos municipais e é uma constante luta inclusive nas conferências e aí eu faço esse destaque para encerrarmos da importância das conferências de saúde tivemos ano passado a conferência nacional ano 2022, passado a pandemia foi ano de realização de conferências municipais ela sempre acontece de quase 4 anos agora nós vamos ter as conferências temáticas já se avizinhando aqui a conferência de gestão do trabalho de educação e saúde foi uma conferência importantíssima tivemos a conferência temática da saúde mental a população acompanha isso, porque é através das conferências que as propostas são apresentadas, são debatidas são defendidas e aprovadas, vão ser a base e o cerne para novos programas para as novas ações para se constituir de fato em políticas efetivas para a nossa população e a conferência é uma grande escola realizada do exercício do controle social então fique atento sempre que acontecer conferência no seu município, na sua região vocês participem efetivamente, cobrem do seu conselho a ampla divulgação dessas conferências então é um grande instrumento de exercício do controle social mas a luta é constante ela é contínua, ela não vai parar ela vai continuar inclusive depois de nós e que a gente possa dar minimamente essa contribuição para animar as juventudes os mais jovens, os mais novos as crianças, para que cresçam vendo a importância de fazer a diferença nesse pequeno mundo que vivemos agradecemos a sua participação foi muito plausível, achei um desperdício e a gente traz a importância de que você está nos acompanhando para a gente entender um pouco mais sobre o SUS sobre controle social sobre participação social é importante que a gente se empodere dessas temáticas e a gente também agarre essas temáticas como forma de viver e de promover saúde além de entender um pouco do passado o SUS é jovem e a gente precisa entender esse histórico de luta porque de acordo com o que falava George a gente não pode repeti-lo o que a gente tem em mente é sempre essa lembrança de que o SUS foi construído a base de sangue, de suor, de muita garra, de luta popular uma conquista popular para a população isso para todos e é isso pessoal, agradecemos por estar acompanhando o nosso podcast e até o próximo CarrapaCast é uma criação da rádio literária Carrapato além de ser elaborado através da disciplina de educação popular e participação social com orientação dos educadores Alex e Osbertos e com o apoio da NIEJA, Keila Formiga dentro do programa de residência multiprofissional e saúde coletiva da URCA edição Fábio, roteiristas Ana Beatriz e Beatriz produção Luana, Tamires, Grazi e Daniela apresentadores Bruno e Virna entrevistados Samuel Nascimento e Alex Osbertos Legendas pela comunidade Amara.org