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Nesse podcast os doutores e professores da UFRRJ Roberto Barbosa, Luciano Suzart e Marcelo Herbst discutem sobre as visões deformadas do trabalho cientifico se baseando no texto do Gil Perez.
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Nesse podcast os doutores e professores da UFRRJ Roberto Barbosa, Luciano Suzart e Marcelo Herbst discutem sobre as visões deformadas do trabalho cientifico se baseando no texto do Gil Perez.
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Nesse podcast os doutores e professores da UFRRJ Roberto Barbosa, Luciano Suzart e Marcelo Herbst discutem sobre as visões deformadas do trabalho cientifico se baseando no texto do Gil Perez.
This podcast is about the text "Reformed Vision in Scientific Work" by Gil Pérez. The participants introduce themselves as professors in the field of chemistry and discuss the distorted perception of scientists and the university. They emphasize the need for a collective approach to knowledge and the importance of educating students about the true nature of science. They also discuss the challenges faced by the education system in providing a comprehensive and holistic education. They highlight the role of universities in producing knowledge and the need for society to understand and appreciate this contribution. The conversation concludes with a discussion on the structural issues within the education system and the need for a paradigm shift in how knowledge is acquired and disseminated. Então, gente, esse podcast é sobre o texto que eu mandei pra vocês, né, anteriormente, que é o visão reformada no trabalho científico, que é a do Gil Pérez, que tem outros autores também. Pra disciplina, a gente ensina um, tô só tentando pra ficar constante em vídeo, certo? Primeiramente, queria, se pudessem se apresentar, como quiserem, por favor. Só me chamo Roberto Barbosa de Catir, sou professor aqui da Rural, desde 2017, já tenho quase 14 anos na universidade, atuariante na Federal do Amazonas e fiz doutorado em físico-química e atuo, atualmente, mais na área de ensino de química. Prazer estar aqui. Eu sou o Luciano Ramos, sou da área de química orgânica, trabalho com química em produtos naturais, minha linha de pesquisa é basicamente essa. Leciono há uns três semestres, talvez, a disciplina que seja mais fronteiriça com o trabalho de vocês, que é a história e evolução da química, talvez por essa razão eu venha participar e fazer parte dessa discussão. E estou aqui na Rural, também, no departamento de química orgânica, de 2009 pra cá. Essa cor de vidro, não é? Eu que falo idade, né? Mas tudo bem. Eu sou o Marcel Leves, trabalho no departamento de química fundamental, na aula de geral em orgânica. A minha formação foi em química inorgânica e, de uns anos pra cá, 10, 12 anos, eu venho trabalhando com filosofia da química e cosmologia, sempre voltado pro ensino. Estou professor aqui na Rural desde 2006. Eu venho preparando um roteiro aqui, só que eu não gosto muito de roteiro. Acho que as discussões melhores são aquelas que não seguem o roteiro, na verdade. A gente vai começar a discutir, vai ir pra outros caminhos, daqui a pouco a gente tá falando de puta, né? A gente adora um puta, inclusive. Mas, pra começar a discussão, no texto ele fala muito sobre várias deformações e tem alguns trabalhos já em cima desse texto que eu li, antes de fazer tudo isso, programar isso. E uma das coisas que mais chama a atenção dos alunos é sobre a definição de cientista. Como que a gente define um cientista e como que vocês veem um cientista ser definido por outras pessoas. Acho que tem um estereótipo muito grande sobre o fazer ciência, o ser cientista, e como que vocês veem isso? Como que isso atrapalha? Podem desbravar essa questão. Por favor. Eu começo aqui, vou me adiantar. Eu acho que, sem querer entrar tanto no texto, eu acho que é que nem quando a gente se reclama para os alunos, ou até do profissional. Então, se há essa visão deformada, é porque talvez não haja uma falsificação científica acontente. Eu também não acho tão ruim existirem essas visões diferentes de ciência. A ciência é uma construção humana. O cientista é uma construção humana, social. Então isso é uma coisa que pode ir mudando com o tempo também. Nem a gente que está dentro, pratica ciência, tem uma ideia tão clara disso. Acho que a nossa ideia tem aquela questão da descoberta, do cientista maluco, o cara isolado. Então me chamou a atenção uma vez uma escola que veio, umas turmas que conversaram comigo, fiz experimentos no laboratório, e eles olharam para mim, eu não sabia que um cientista sorria. Você está sorrindo, quer dizer, tem realmente um estereótipo. Qual o estereótipo? Como é que vai... A gente vai... Não tem estereótipo. É ter um contato com a ciência, respeitando a relação universidade-escola. Então a gente precisa de um impacto mais social do fazer do cientista, é importante na educação também, é importante a alfabetização científica. Porque senão a gente vai... Os professores que ensinam ciência, eles precisam não só de uma base melhor, uma formação melhor, mas uma formação continuada também. Eu acho que a questão começa... A gente fala assim, o cientista, parece o João Arnaldo falando. Cientistas descobriram, cientistas não sei o que e tal. Então a gente faz uma pesquisa, conversa por aí. Eu me definiria mais como pesquisador e menos como cientista, para sair desse estereótipo que o Alberto fala. Não quero ser essa pessoa que sai na mídia como o cientista que descobriu. Eu faço pesquisa, faço metódico, continuado, da trabalho. Brinco em aula, trabalho honesto como qualquer outro e tal. Eu precisei me formar para isso. Então acho que tem essa questão. E a gente não pode não levar em consideração a realidade social que a gente vive. São discussões outras aí que vão mostrar para nós que a minoria da população brasileira vai chegar ao ensino superior. Dessa minoria, uma minoria menor ainda vai fazer pós-graduação no sentido de fazer pesquisa e se transformar em pesquisador para talvez, quem sabe, vir a ser chamado cientista. Então a gente não pode deixar isso de lado. Então acho que existe essa primeira deformação que tem tudo a ver com a bolha em que a gente vive e trabalha. A universidade, a pós-graduação, a pesquisa em si mesmo. É uma bolha dentro da bolha. Então se a gente não levar isso em consideração, não tem como. E como é que se faz para eventualmente mudar isso? Eu concordo com o Roberto. Essa coisa de você falar em alfabetização ou letramento científico, depende mesmo do que você vai querer tocar, lá nas séries iniciais. E voltando um pouco para o texto que você entregou para a gente, esse texto tem vinte e poucos anos. Então se você pegar aqui o resumo, está assim, visão é deformada. No abstrato já está nature of sight. Então já de uma década para cá, um pouco menos, natureza da ciência já é um tema difícil aqui no Brasil. Então quer dizer, isso também já vem sendo trabalhado em sala de aula, junto ao ensino de ciências. Desmistificar o que é fazer ciência. O que é essa natureza da ciência? Brincando com um livro que a gente conhece, o que é ciência afinal, essa coisa toda. Então acho que é por aí, que a coisa tem que começar. Agora que você falou essas questões todas, e pegamos também a decisão do Marcelo, é uma questão seguinte. Existe uma visão também estereotipada do que é a universidade. Eu acho que essa é uma dificuldade muito grande de compreender essa instituição, até mesmo para aqueles que almejam o ingresso a ela e para aqueles que a constroem. Então muitas vezes a visão estereotipada do que é a universidade a serviço de que a universidade está. O que é que ela forma, o que é que ela devolve à sociedade. Então tudo isso são coisas que às vezes a gente precisa também esclarecer as pessoas para que elas percebam qual é a real finalidade dessa instituição. Porque as pessoas imaginam muitas vezes que a universidade está lá para poder formar o profissional liberado. Mas ela também forma o cientista. E muitas vezes o aluno do ensino médio ou quem está fora da universidade da sociedade não a compreende, não entende muito bem o que ela faz no seu papel. E por essa questão de bolha, nós também não esclarecemos à sociedade qual é esse papel. E consequentemente a importância e o trato que se é dado a essa instituição vai depender do tipo de pesquisa ou trabalho que ela desenvolva reforçando ou esclarecendo a informação do papel do pesquisador. Então é comum, às vezes eu já tive a oportunidade de estar em algum lugar e alguém diz assim, poxa eu nunca conheço, é o primeiro doutor que eu conheço. E conhecendo o doutor no processo de formação continuada daquele que fez a graduação, fez sua pós-graduação e chegou além. Então a universidade, ainda nesse contexto do pesquisador, do cientista ela ainda não é tão clara para a sociedade quem é esse indivíduo. Qual é o seu papel, qual é o seu trabalho e que contribuição ele dá à sociedade. O que se tem realmente é uma visão deformada, como o texto fala. Mas essa visão que é deformada não é só pelo desconhecimento das pessoas que nos veem de fora, mas essa deformidade também acontece dentro pelo próprio processo de como a universidade está sendo construída. Porque queira ou não queira, quem constrói esses pesquisadores é a própria universidade. E quem também cria essas visões deturpadas desses profissionais é a própria universidade. Então eu acho que hoje, até mesmo para o estudante, o aluno que chega da universidade seria importante que ele entendesse o que é essa instituição. Essa instituição, a fim de que ela se criou, qual é o principal objeto dela, o senso do estudo, da busca do conhecimento, da transmissão, ou seja, de uma construção continuada de tudo isso. Então essa visão, e que o aluno não chegue para a universidade tendo a ideia só de que os que aqui ficam se tornam cientistas. Os que chegam aqui saem, são profissionais liberais e vêm pegar um conhecimento técnico. E que muitas vezes um dos problemas que a gente vê nas deformações que tem é justamente isso. Qual é a finalidade que eu vejo nessa instituição? Então eu acho que quando se começa a discutir todos os processos de deformação do que é o pesquisador, de visões estereotipadas da pesquisa, do que é o papel e a função da universidade, ainda é fruto da sociedade e principalmente dos alunos que ingressam e buscam não conhecerem efetivamente o que é essa instituição, a sua complexidade e o seu senso de participação com a sociedade. Recentemente a gente teve uma mudança na grade, né? Agora estão tornando a extensão obrigatória, 10% de extensão. Entra um pouco nesse âmbito, né? Pra gente devolver pra sociedade um pouco do que a universidade faz. Já fiz vários trabalhos aqui em Celebesca, e aí os alunos me perguntavam assim mas pode entrar na universidade sem autorização? Pode passear por lá? Pô, como assim não pode? Pô, é a universidade pública. Pode ir lá, é claro. E acho que às vezes a gente nem tem ciência de como as coisas funcionam. E começa daí o problema. Talvez não comece daí, mas faz parte do problema. Com certeza. Essa visão estereotipada que os alunos têm, muitas vezes, afasta o aluno da ciência. Ele vê a ciência só pra gênero. Eu já cansei disso. Quando tu faz física, tu deve ser muito esperto. E como vocês acham que a gente muda isso? É só assim? A gente pode mudar enquanto professor? A gente pode mudar enquanto pesquisador? Qual é o passo a se tomar pra tentar tirar um pouco? Porque essas deformações vêm da mídia, inclusive. A gente sempre vê na mídia como o cientista é um cara isolado. Um gênero que trabalha sozinho, faz descobertas sozinhos. Tem aí Tony Stark e vários filmes profissionais. Então, como que a gente diminui isso? A medida que a gente pode fazer, né? Também tem alguma ideia? Pois é. Eu não sei. Eu não sei. Comecei a falar, mas ainda é pouco. Eu acho que nós temos uma cultura de trazermos heróis. Sim. A gente nunca vê uma cultura em que as transformações são feitas pelo trabalho coletivo. Pelo processo da coletividade. Se a gente for ver os nossos vultos, os nossos heróis, são vultos individualizados, são personalizados nessa questão. E isso, consequentemente, também se der parte nas outras áreas. Então, sociedade não é fruto de como ela é construída, como é feita nesse sentido. O que a gente precisa, e talvez seja o grande desafio, é colocar e mostrar para o aluno, e aí vem o desafio, de que o conhecimento é fruto de um processo coletivo. Porque todo conhecimento adquirido até agora, ele foi feito de um processo coletivo. Como o Roberto também falou. Só que o homem, ao passo que ele vai evoluindo, ele vai adquirindo conhecimento, ele vai sistematizando essas questões. Então, o conhecimento não vem de uma forma isolada. Alguém brilhante, como o Teatro Exterior, alguém brilhante chegou e descobriu algo e foi... Não, com certeza é um caminhar. E mostrar ao aluno que ele faz parte desse caminhar. A universidade, a gente já sempre fala que é um tripé. Nós somos o docente, o dicente, o técnico. E somos mesmo desse tripé. E essa é a construção desses três segmentos. E esses três segmentos são inseridos dentro dessa sociedade. E esse conhecimento e esse saber que se faz, ele tem que ser participativo. Ou seja, é mostrar ao aluno que à medida que ele evolui, ele também está contribuindo para aquele conhecimento. Seja de uma forma que ele talvez nem imagine, mas ainda assim ele está contribuindo. Ele está criando alvos feios ao ser suprido. Então, a questão de que a educação é uma via dupla, onde você, ao tempo que você leva o conhecimento ao seu aluno, o seu aluno também traz, você forma e é formado. Então é o aluno tentar mostrar, o aluno isso. Que essa parte do conhecimento é uma coisa construtiva, que é uma coisa coletiva. O conhecimento é algo que se adquire coletivamente. Eu acho que a gente tem a produção do conhecimento com a produção coletiva. Não tem como, não existe defeito nenhum. Até o processo de crítica, os valores ou não dos conhecimentos, é coletivo. A questão é a produção coletiva e a apropriação do conhecimento. Essa é privada. Essa não é coletiva. Todo conhecimento científico acaba sendo assim. Tem uma sinalidade. Hoje em dia a gente faz tudo por demanda. A gente não mais. Não estou mais trabalhando com coisas de laboratórios. Mas os editais são cada vez mais afunilados. Tudo sob demanda. Linhas que o Estado acha que a empresa quer que você desenvolva. Então a apropriação do conhecimento é privada. Eu gosto de dizer isso. As pessoas não são burras. Elas veem isso. Elas entendem isso. Você pode estar aqui na nova universidade aprendendo. Até porque o que a gente faz em sala de aula, o que a gente faz na nova universidade, num certo sentido, é pegar o que já está feito e ir atualizando. Então o aluno, quando ele chega, você pega o conhecimento que já está produzido, sancionado, e você vai tentando atualizar aquele aluno. Falar, agora temos isso aqui. Depois que você fizer a pesquisa, você vai adiantar. Mas apesar da produção ser coletiva, a apropriação vai continuar sendo privada. Ainda que isso não seja explícito, seja imediato. Porque a gente está inserido numa sociedade que funciona desse jeito. Então isso também precisa ser colocado. Isso não é uma deformação do trabalho científico. Isso é o próprio trabalho científico dentro de uma sociedade como a nossa. Não tem nada de deformação nisso. Porque não vai existir outra ciência fora dessa sociedade. Porque existe essa ciência dentro dessa sociedade de classe. Então acho que isso também é uma discussão que raramente é trazida. Para quem serve. Isso. Coloca o conhecimento como capital. O conhecimento é um capital. A questão é a seguinte. Como eu trago esse aluno para desmistificar, para ele fazer parte dessa discussão inicial. Para compor essa situação. Depois que você se torna e vai para o caminho da pesquisa, efetivamente, você vai atender editais. E os editais são cada mês. Você vai pesquisar o que o órgão de fomento te induz. Se a gente for pensar aqui agora. Pensando no exemplo da química. Hoje nós temos muito mais pesquisa em cima de substâncias com atividades biológicas para fins medicinais, para fins farmacêuticos. Do que basicamente uma linha de pesquisa que tem financiamento para discussão de novas rotas sintéticas. Grande parte do pessoal de síntese vai trabalhar e pesquisar principalmente voltado para a química medicinal. Porque os editais têm mais fomento de aplicação nessa situação. Então, isso é um trabalho do pesquisador. Se ele for sobrevivente, ele vai atender esses editais que o direcionam a ele. Esse é um processo de realidade do ambiente de trabalho do pesquisador. Mas o trazer esse aluno para o ambiente da pesquisa. E ele lá precisa que esses alunos cheguem. Porque é fundamental formar massa crítica. Até para que as discussões possam ser mais ricas. Ou sem ter pares para discutir. E saber que esse aluno se sinta atraído por esse saber. E que ele seja capaz de adquirir e absorver esses conhecimentos. De que ele é partícula de ter essa capacidade. E que para ele é importante o empenho e seriedade a como conduzir essas questões. E descobrir que esse trabalho de construção de conhecimento Ele é feito de maneira continuada. E precisa de um elo. Educação é uma coisa curiosa. Que para mim é o seguinte. Eu acho que a educação, ela se faz primeiramente como um ato de companheirismo. De fraternidade. Você poder contribuir para o desenvolvimento do outro. Você tem que ter uma empatia muito grande entre as partes. E nunca olhar isso como um processo de competitividade ou de rivalidade. Ou afirrado pelo tempo. Que a nossa sociedade também pense desse problema. E que uma série de questões que o texto fala. Eu me coloquei vendo o seguinte. Nossa, seria ótimo se nós pudéssemos realmente atender as discussões. Da maneira e módulo como são previstas. Aprofundar o conhecimento. Discutir casos. Avançar. Fazer o questionamento. Fazer o que o aluno pesquisa. Mas será que o nosso modelo educacional permite e leva esse tipo de formação? Será que um curso de graduação, no espaço de tempo que ele é dado. E com a grade cada vez mais enxuta. Em que as disciplinas. Não é uma questão só da universidade. Mas em todo o processo educacional do país. Em que determinados cursos têm que ter esse prazo de conhecimento. Com essa grade. Com essa situação. Com essa situação completamente fechada. E sem contar a atificidade da relação na universidade. Então existe um processo que é uma demanda de mercado. E talvez outras relações. Que nos impeçam também de ter o espaço para uma formação adequada. Como se diga. E essas formações faz também o aluno. Porque muitas vezes o aluno chega na universidade com o olhar e diz o seguinte. Eu tenho que adiantar porque eu tenho que acabar o meu curso em transfaço de tempo. É dado a ele essa percepção de urgência e de emergência. De ticar o seu fluxograma de disciplinas. E ter elas em suas caixas. E muitas vezes ele não tem a preocupação de poder interagir essas disciplinas entre si. De poder fazer a sua rede de conhecimento. Por que? Porque é a velocidade pela qual a gente estipulou essas questões. Então quando se coloca no texto uma série de coisas que poderiam ser sugeridas para que isso melhorasse. A gente esbarra no modelo de que é feito a pesquisa. A educação. Até mesmo dessa pesquisa. A quantidade de tempo que é disponibilizada para um curso de mestrado. Com a redução de carga de aluno dentro da sala de aula para a produção de papers. Eu não quero centralizar tanto o assunto. É porque eu me entusiasmo e vou falando. Mas eu quero que meus colegas digam. Que eu vou ficar também. Não é com aquele elemento tão asco do sistema. Mas eu quero pontuar que essas são deformidades estruturais. São questões estruturais de quem gesta a educação no país. Tem que pensar qual é o corpo que eu quero formar. Como é que eu formo. Como é que eu faço a formação de recursos humanos nessa área. Que é fundamental. Que é estratégia. E não tem coisa mais importante de um país que ter recursos humanos. A gente é para brilhar. A gente não é para morrer de fome. Então você ter pessoas e você ser o canal que traga essas pessoas ao centro desse conhecimento. E mostrar que elas são capazes de participar, de crescer, de se desenvolver. Esse é o desafio. E aí sim, com a massa crítica maior. A gente pode até brigar contra essas demandas. Desses elitais que nos ingestam. Que nos determinam o que fazer. Enfim. É preciso atrair gente. Atrair pessoas e mostrar que elas são viáveis de fazer. Eu acho que esse é o maior desafio que tem. Só voltando então. O professor tinha acabado com o posicionamento dele. Você quer falar alguma coisa, Roberto? Eu vou falar talvez uma coisa mais relacionada com o texto. Se eu entendi bem o que o texto colocou. Alguém falou assim. Como é que se estrutura a ciência? Como é que se trabalha em ciência? Em vez de querer saber antes o que é o cientista. A gente olha para a história. Então foi falado aqui. A colaboração. O cientista colabora muito. O Ito Japiasui. O Ito Japiasui fala por que a China. A revolução científica não ocorreu na China. Já que ela tinha pólvora. Navegações. Tinha uma tecnologia. Porque era uma civilização isolada. Então a ciência depende de dinheiro. A história mostra isso. Depende de colaboração. Entre os pais. Então esse texto. Acho que ele fala para a gente fazer um mergulho nisso. Qual é a história do conhecimento? Só que isso. Como o professor falou. A educação é um processo. É demorado. Então o que a gente faz no dia a dia? Ainda mais na era da comunicação. Tudo rápido. Compartimentaliza. Então eu quero entender o que o cientista faz. Eu vou criar uma disciplina. Cientista do novo milênio. Mas isso é uma coisa, como foi falado. Ela tem que ser natural. Ela tem que ser ao longo da formação. A gente perceber o que é a ciência. Como se faz ciência. Como se faz cientista. Se a gente não está fazendo isso. Não adianta criar uma disciplina, um curso. Uma especialização. Porque isso não vai acontecer. Então a mesma coisa. Tem uma disciplina especializada na química. Já se discutiu uma vez em outro universitário. Por que a história também não é abordada? Já que ela é importante para saber de onde a gente veio. De onde a gente vem. Porque ela não é trabalhada nas outras disciplinas também. Porque precisa de uma disciplina para trabalhar só a história. Então não vai trabalhar nada nas outras. Então eu acho que o texto coloca, talvez de um modo mais sutil. Algumas qualidades importantes para o pesquisador. O professor e cientista não é tão explícito. Como? A criatividade. Então se a gente é professor. E tem um fanatismo que eu chamo de método. De como avaliar. A gente não permite que haja uma pluralidade de ideias. Divergência de pensamento. Ele coloca muito isso. O livro didático. Que é talvez o responsável por formar essas deformações. Eu introduzi isso. Ele coloca uma estrutura perfeita da evolução. Então eu sempre fiz um trabalho sobre a CV dos 4 elementos. Por que isso não está nos textos? Pode estar no iniciozinho. Mas por que isso é tirado? Barriga abaixo do tapete. Então a gente tem uma ideia, talvez, como se colocou. Para vender uma imagem de uma coisa perfeita. O cientista tem que trabalhar. Que ele descobre tudo. Não tem os reveses. Não tem a falta de equipamento. A falta de financiamento. Então a gente realmente só com... Talvez melhorando a formação. Não sei. Mas a gente pode introduzindo leituras como essa. Sabendo que o cientista pode ser uma pessoa muito bem capacitada. Mas é humano também. Então ele pode ter falhas. Pode ter visões da realidade. Não existe uma objetividade 100%. Isso é uma coisa que se coloca muito. A ciência neutra. A partidária. A política. A ciência pura. Eu estou olhando ali como um cientista livre de julgamento. Ou de uma predileção por alguma teoria. Isso é uma coisa que, talvez, como o Luciano falou. Vem com o fazer de ciência. Então, vamos definir o que é ciência. Eu vou acabar com essas informações. Não. A gente vai fazer a ciência. E com o tempo a gente vai evoluindo. E a gente vai tentando mostrar para o aluno. Como é o fazer científico. Que não é uma coisa linear. Em busca da autorealização. De uma coisa perfeita. Não. Tem percalços. Tem obstáculos no caminho. E a gente vai tentando. A gente tem uma... Talvez como o Sagan falou. A ciência é uma visão de mundo. É uma forma de ver a realidade. Então nós partilhamos essa forma. E nós entendemos que é salutar. Para desenvolvimento social, econômico. Da sociedade, das pessoas. Você tem uma forma, uma lente científica. De olhar a realidade. Para desenvolver a sociedade que seja. Então, é mais ou menos essa linha. Mas vou com salgadinho. Pode ir com a minha vontade. Nessa linha do Roberto. Eu acho interessante, por exemplo. Eu vou trazer um exemplo. Para a realidade da química. E a realidade, principalmente, do meu professor. E que chamou a atenção. Essa questão da unidade. E como a unidade é montada. A forma de sistematização. A simplificação das questões. No processo da química. É muito claro. Ver uma linha cronológica. Linear. Do atomismo. Todos os alunos veem isso. Ah, o átomos. E tal. Agora, na história da química. Uma das coisas que eu fiz. Questão de discutir com os alunos. E trazer a luz. É justamente essa ideia de conceito. Será que foi tão bem aceito assim por todos? Será que não teve contextualização? Não teve um processo de rejeição? Desse modelo? Mostrando, mais uma vez, o que? Essa capacidade de construção de saberes. De que um dos próprios modelos foi fruto de saberes anteriores. E que mesmo esses saberes anteriores. Que tinham a certa, digamos o seguinte. Aceitação, ampla aceitação. Quando se criou o modelo. Se teve resistência. E que o ambiente da ciência. O ambiente da pesquisa. É sempre o ambiente da discussão. Da fundamentalização. E isso vai se fazer. Você só discute. Você só questiona. Aquilo que você. Pouco entende sobre aquilo. Se você não tem. Nenhum entendimento sobre aquilo. Você não é capaz de levantar questões. Sobre esses alunos. Eu estou rindo por causa de youtuber. Estamos numa nova era de youtuber. O cara entende. O cara leu. Ele só questiona. O que você entende. É assim. Qualquer coisa. Outra coisa é o seguinte. É o comprometimento. Acho que tem também. Na área de química. No meio didático. Já tem anos. Décadas. Tudo bem. Antes do programa na sala do meio didático. É pior. No país inteiro. Você tem mais ou menos. Possibilidade de acesso. Ao mesmo tipo de conhecimento. Tem que sempre lembrar. Existem realidades e realidades. De maneira alguma. É um absurdo. Mas a gente poderia. Trazer a discussão justamente. Para esse ponto que você coloca. O meio didático. Necessariamente. Vai omitir coisa pra caramba. Não tem como ser de outra forma. Ele é limitado. Facialmente falando. E a gente não tem nenhum domínio. Sobre a formação dos professores. Num país como o nosso. Muito grande. Não tem como saber. O cara da aula anterior. Do Amazonas. Aquilo. Não vai existir. Não tem professor de química. Não é o mesmo peso. Não tem como existir isso aí. Isso é um ponto. O outro é justamente esse. Que você trouxe. Existe essa. Parece uma necessidade. Dessa visão. Eu digo. De mostrar que as coisas. Tem um determinado caminho histórico. E tudo teve uma evolução. E aquele lá gerou um outro. E o outro gerou mais um. Não tem sentido. Enfim. Um dia você mata uma galinha. E conversa sobre o outro. Então por exemplo. Vamos pegar. O que você coloca. Evolução do modelo atômico. Eu não entendo. Por que tem que ser estudado isso. Até hoje eu não entendo. Eu falo o seguinte. O modelo atômico começou a explicar alguma coisa. Quando? Se você fizer uma recapitulação. Para nós químicos. A ideia de modelo atômico. É uma coisa do microscópio. Que explica alguma coisa. Só vem com a quântica. Então o átomo do século XIX. É irrelevante para nós químicos. O átomo para nós químicos do século XIX. Era uma abstração útil. Porque os químicos pensavam que era equivalente. A ideia de pensar uma partícula. Isso é um absurdo. Dá para rastrear isso. E aí a gente começa a pensar o seguinte. Você pega lá. Dalton. Louros e louros. Camarada fazendo uma pesquisa. Sobre densidade de gases. Usando o pressuposto newtoniano. De alguma física. Ele oferece aquela memória dele. Para a sociedade lá. A científica de Manchester. Se eu não me engano. As últimas três páginas. Que o cara escreveu sobre esse negócio. Eu acho que. Átomos do mesmo substância. São iguais em peso. E aspecto. Eu me pergunto. Qual o impacto. Que essas três páginas. Tiveram na química. Contemporânea. E logo posterior. E eu der um responde. Nula. 50 anos se passaram. E os químicos não deram a mínima bola. Para essa ideia de átomo é indivisível. Átomo é não sei o que. Você só vai ter alguma coisinha. Começar a se pensar nisso. Lá no primeiro congresso mundial de química. Porque tem que falar em peso. Para começar a falar a mesma língua. Nem era ideia de átomo. Ninguém conseguiu nem pensar nisso. Passa o século inteirinho. O Thomson que era um físico. Que estava procurando outras coisas. E vem lá com outro modelo. Tristemente. É um átomo químico. Exatamente. Por que se traz isso para dentro. Do conhecimento de química. E falam que isso é uma evolução. Como se a química tivesse realmente. Não fez. A ideia de íons. Ela veio até uma dinâmica. Com a Rennes. Os ionistas. Não vem do átomo de Thomson. É outra coisa. Isso faz parte dessa visão. Mistificada. Deformada. Para usar o palavrão do texto. Deformada. Você fica inventando histórias. Ao invés de falar sobre história. Ela foi feia. Teve dedo no olho. Briga. Não foi bonitinha não. E tem muito mais erros que acertos. Que é muito bom. É interessantíssimo. E erros que perduram. Erros que induzem a outros erros. E que depois vão ver nas conexões. Ou seja. Ou não. Por exemplo. O logístico. Tem um autor. Que se chama. Heizok Chang. Ele diz que. Houve um preconceito com essa teoria do logístico. Porque ele diz que. É uma teoria bem fundamentada. E tinha observações feitas. Ele defende. Ele defende da teoria. E por isso durou muito tempo. A grande. Já que a gente está falando de heróis. Uma ideia que se fala de heróis. Que muitos livros de história da química. Põe o Lavoisier. Como um herói isolado. Capaz de ser um fundador da química moderna. E que no entanto. O Lavoisier. Viveu num período vistuoso da química. Teve sua contribuição. Mas teve também. Outros pesquisadores. Que foram inclusive. Digenciados. Que tiveram papel e trabalho. Que ficaram depois. Foram buscados pela habilidade. E o recurso. Diz o Lavoisier. Então essa é uma deturpação do herói. Individual. Que não leva a questão do coletivo. A história conta essa situação. Mas essa percepção. De que as coisas. São com acertos. E com muitos erros. Erros que induzem a outros. O logístico. Foi uma situação dessa natureza. Mas ficou. Em uma hora que não tinha como. Até está difícil tirar a ideia do logístico. Mas que depois que se compreende isso. As coisas. Dão outro salto. Dão um salto de compreensão maior. Então. O que eu quero dizer com isso é o seguinte. É que ciência também é feita de avanços e revezes. É para mostrar que não existe uma linearidade. Às vezes a gente está lá na frente. Com a ideia de pensamento. E a última cai. E a gente retoma. E avança novamente. Então essa é uma construção dinâmica. De avanços e revezes. E que talvez a grande habilidade. De quem trabalha. No ambiente da pesquisa. É estar atento. A essas situações. E estar sempre disposto. A rever. Reavaliar. Questionar. Discutir. E voltar às suas leituras. Porque isso é fundamental. Não ter uma situação ingestada sobre aquilo. A rigidez. Ela não contribui para a evolução do conhecimento. Então acima de tudo é ter essa flexibilidade. Do olhar. O que é consolidado. De ver novos ventos. E ter a capacidade crítica. De avaliar essas situações. Porque o que a gente vê ao longo do processo histórico. É basicamente isso. Coisas que outrora. Eram ditas como verdadeiras. Que era o paradigma daquele momento. Em outro momento. Eu tenho acesso a outra fonte de experimento. A outro processo de investigação. E consigo ter um olhar. Mais apurado sobre isso. E esse olhar apurado. Vai se dar dano. Com a evolução mesmo. Do processo tecnológico. Do conhecimento. A capacidade de pensar coletivamente. A capacidade de discutir. É por isso, mais uma vez, que a gente fala. Que o cientista ou quem trabalha em pesquisa. Não pode viver isolado. Essa é uma ideia estereotipada realmente. Porque o pensamento científico. Se faz pela crítica. Daqueles que estão debruçados. Sobre aquele problema. E aí você traz outra questão. Eu tenho uma pergunta. Assim como você não tem. O gênio. Fazendo artigos fechados. Pensou e tal. Também uma coisa que está muito presente. Nos livros. A nossa forma de ver a ciência. A ideia de experimento decisivo. Quem nunca ouviu falar de experimentos. Contefor da folha fina de ouro. Tu vai ver a história. Do que foi aquilo. Foi qualquer coisa menos um experimento. Com a folha fina de ouro. Para fazer o que está escrito. Nos livros. São absurdos. Que vão sendo perpetuados. Absurdos. E se esquece. Nos livros quase não há atenção. Depois de 20 anos. De trabalho anterior. Em radioatividade. Foi um dos pioneiros. Em química. Com soja. Aquele negócio de modelo atômico. Tudo bem. O que veio depois foi maravilhoso. Tudo a quântica em cima. Bóra etc. Mas aquilo ali fez parte. Na verdade foi um ponto de chegada. De todo um processo de pesquisa. Em relação a radiação com a matéria. Eu diria que foi quase um acaso. O pessoal do laboratório dele. Que existe até hoje. Recriaram modernamente. Tem vídeo. O pessoal mostra lá. Como colocar uma campainha. Para cada vez que uma partícula ricocheteava. Ele estava lá conversando. Uma a cada oito mil. Foi quase um acaso. Poderiam simplesmente não ter visto. Aquele resultado. Ou ignorado. Tem a genialidade? Tem. Tem a sacração. A criatividade. Tem coisa interessante. E tem que ter a mente preparada. Para observar isso daí. São coisas que acontecem no paciente. Se a gente for pensar, por exemplo. Na área da penicilina. Foi um acaso. Se a gente pensar no surgimento de diuréticos. Foi um acaso. Se a gente pensar a questão dos diuréticos. Foi o trocador da maravalha do rato. Estava se fazendo um experimento com rato. O cara que fazia. A troca da maravalha. Viu que trocava aquela maravalha. Com mais frequência. Então, consequentemente, ele percebeu. Que os ratos estavam tendo uma diurese maior. E essa substância começou a se receber. Essas questões. O acaso também. Agora, o acaso só ajuda uma mente preparada. O gira que fez a equação lá. A diurese não descobriu o resultado positivo. Quando jogou o resultado fora. Porra, isso aqui é um pósito. Em 1928 o cara descobriu. Exatamente. De Einstein. Chegou a quantidade cosmológica. O universo estava em situação de avançar. Não pode ser. E nega. Ano depois, nega o Capitério. Então, essa foi a coisa também. Que precisa. Professor. Eu também já. Marcelo já fez alguns trabalhos. Filosofia da Química. Uma área muito exigente. Um pouco fechada. Então, assim. Como se produz esse conhecimento? Está falando aqui do esforço de vários pesquisadores. A ideia que dá, às vezes. Vendo alguns textos. Alguns revisores. É que tem um pessoal. Que é daquela linha do corte epistemológico. Da ruptura. Mas tem um pessoal. E aí? Surgiu na mente de uma pessoa. Uma coisa maravilhosa. Um passo de mágica. Ah, beleza. Teoria dos quatro elementos está errada. Mas a gente ficou milênios nisso. Tudo bem. Pode ser do acaso de a gente não ter pensado em outra teoria. Eu acho que a ciência tem o esforço coletivo. Pensativo e erro também. Quem vai saber se uma teoria vai dar frutos? Vai ser comprovada que seja. Então, assim. Existe simplificação. Existem tendências do pesquisador também. É como ele olha a realidade. Ele não consegue separar. Então é difícil saber como as coisas evoluíram. A gente chegou até aqui. Então é mais fácil ensinar que foi uma coisa perfeita. De repente o Dalton. Teoria atômica. Já se pensava nisso na Grécia Antiga. Eu escrevi aqui. Como é que um cara na Grécia Antiga ele vai chegar assim. A matéria é formada por 125 elementos. Eu falei isso com um pesquisador. Ele disse, não, por que não? 120 elementos são de 25. O cara, um elemento. A água, a terra, etc. Então, talvez uma mensagem para os alunos. Que a gente possa dizer. É que a ciência, o cientista, a figura é uma construção. Como você falou, coletiva, social. Mas os alunos, a habilidade, a criatividade, a forma de ver a realidade, é importante para essa construção também. E o cientista do século XXI já não é aquele cara isolado. Já é um cara que tem que fazer extensão. Já tem que divulgar o conhecimento. E saber falar com a sociedade sobre isso. Não pode ser muito hermético. O falar dele. Já existe um área que é justamente divulgador de ciência. A gente está numa posição privilegiada porque a gente aprende com as gerações que estão chegando. Trazendo novos valores, novas visões sobre a realidade. Isso é muito bom. Por isso que a gente está em uma das profissões mais interessantes. A gente está sempre renovando também. Eu acho que isso. O que é importante do cientista ter? Qualidade. Isso é importante que seja falado. Há visões deformadas? Há visões deformadas. Mas é que nem um pesquisador falou. Eu acho que era o Bragg. Era uma teoria errada. É melhor que nada. Então, você ter uma visão sobre ciência é uma visão. É uma coisa que você vai pensar. Você vai tentar olhar a realidade. O niilismo. Não existe nada. Todas as informações que nós temos. Mas a gente vai ter. Então, a gente precisa entender na universidade o que a gente quer do profissional e do cientista. Reproduzir informações. Então, a gente precisa mudar também os nossos métodos. Como você falou no início da sua fala. Mudar os métodos de avaliação. Mudar os métodos de ensino. Porque a gente tem que evoluir de alguma forma. O que a gente quer do aluno? Você vai ficar dando aquela prova. Aquela aula teórica. Ele vai ficar nisso. Não adianta ele pegar um texto. Ele pega um livro que está fora da sua disciplina. Ele faz uma relação com aquilo. Não, ele não vai cair na prova. Ele vai perder tempo com isso. A gente precisa também acompanhar a evolução. E também pensar. Hoje a ciência tem essas deformações. Não é ficar dentro do laboratório. Fechado ali. As coisas são mais complexas. O mundo mudou muito. A informação viaja a velocidade. Eu acho que nós também precisamos conversar e tentar mudar. Agora você falou, vocês dois falaram coisas perfeitas. É interessante esse processo de educação. Como é uma via de mão dupla. Como a gente ensina, aprende. Isso promove um crescimento nosso, como professor, pesquisador e dos alunos também. É uma coisa muito bonita, muito mágica. Acho que tem uma questão que é muito importante, que eu falei, pesquisador é uma profissão, professor é uma profissão. Será que sempre foi? Não. Então deve ter havido um momento ou em algum lugar, em um dado período, onde houve a necessidade de profissionalizar pesquisa e tal. E dá para rastrear isso também. Vai chegar lá no livro. A primeira pessoa que montou o que a gente poderia chamar de um programa de pós-graduação, um laboratório, a gente pesquisa, cada um faz um projeto e tal, foi o Líbio. Ele tinha dinheiro, ele era barão. Na verdade era o nariz de uma baroneira. Então ele pegou lá, construiu um prédio, tinha o instituto dele e muitos foram alunos dele. E era exatamente dessa forma. Ele chamou pesquisadores profissionais. Esse jeito de trabalhar vem dali, daquela época. Essa imagem estereotipada que existe do cara que resolveu trabalhar é até anterior a isso. A gente já está falando de algo na primeira metade do século XIX, entre 1825 e 1870, que isso aparece. O interessante, o curioso, é a gente pensar isso. Até hoje, essa visão estereotipada do cientista isolado, cientista maluco e tal, é um parâmetro que já tem mais de 100 anos e não é assim que funciona. É uma coisa profissionalizada. Inclusive surge uma demanda econômica também. Diz-se que ele tinha dinheiro e tal, mas o dinheiro vinha de onde? O Lydic tinha uma fábrica de produção de carne enlatada no Uruguai. Ele era o principal acionista disso. Ele tinha um negócio relacionado ao catrão, desenvolver pesquisa voltada para o todo orgânico e tinha uma demanda naturalmente econômica para ganhar dinheiro, para referenciar um pouco. Isso é tão antigo que realmente causa um esforço muito grande até hoje, ter essa visão. Ele falou do Thomson. Quem era o laboratório em frente ao Thomson? O Thomson descobriu o elétron, a relação massa-carga do elétron. Era o Aston, que foi o pai dos espectrônicos de massa. O Thomson, pai da técnica, ele descobriu. O que mostra o que a pessoa está falando é que precisa ter dinheiro. Então não adianta você investir durante alguns anos. Estou falando de 100 anos atrás, ficar investindo. Já era o Aston, o Thomson. Então precisa ter uma carreira consolidada, um plano de carreira, salários dignos e muito trabalho. Porque eu conversei uma vez com os alunos, todos esses prêmios Nobel, eles trabalham 12 horas por dia, o mínimo. Então não adianta você chegar no laboratório às duas, sair às quatro, achar que você vai descobrir e fazer. Então muito trabalho, financiamento. Ao longo de vários governos, várias décadas de investimento para você ter prêmios Nobel. E você ter uma carreira também, porque, como foi falado também aqui, não dá para você achar que as pessoas vão fazer uma missão, amor. Isso é importante, mas tem que sobreviver também. Esses primordiais, se a gente pensar, por exemplo, Karmendietz, como eu falei, Lavoisier, Ligby, eram pessoas que tinham Presley, eram pessoas que tinham outras atividades, mas tinham a ciência com uma vontade, com uma pergunta, algo que era notório e o questionava. E esse questionamento o entusiasmava a conhecer. Então, acima de tudo, quem trabalha com pesquisa é importante ter uma pergunta. Qual é a pergunta que eu quero responder? E talvez isso hoje, com a questão, digamos o seguinte, meio sequencialista. Muitas vezes um aluno, ele é um garoto que vai para a graduação, aí depois ele tem uma iniciação científica, aí da iniciação científica ele faz o mestrado, aí depois ele faz o mestrado, ele faz o doutorado, aí depois da própria pesquisa do doutorado ele vai para a vida acadêmica e ele vai engajando pesquisas ou perguntas que não são dele. Às vezes eu vejo isso muito no processo de qualificação, a dificuldade que o aluno, que já está à porta do trabalho de pesquisa, tem a dificuldade de elaborar a sua pergunta. Então, o que eu acho hoje também preocupante é essa forma cadencial, sem um momento se questionar o que está sendo feito. A economia é uma pergunta interessante. O que fazer, para quem fazer, por que fazer. E o pesquisador também deveria fazer essa pergunta. O que é que me motiva? O que é que me mobiliza aquilo? As nossas aulas também. Nós temos uma aula que eu vou ensinar, para quem eu vou ensinar. Então, essa é uma questão que às vezes nos falta o sentido de amadurecimento. Que é uma questão também disso. Você precisa estar motivado a alguma coisa. Porque você não deve é você cair nesse caminho por condução natural das coisas. Como muitas vezes o aluno vem fazer uma pós-graduação, já que o caminho do trabalho do pesquisador é via pós-graduação. Não é? Aonde ele, ao longo do seu processo de pós-graduação, ele não se perguntou ainda. Ele não formulou a sua pergunta. Ele não buscou a sua verdadeira linha de trabalho do que ele quer fazer. E muitas vezes isso faz com que as coisas fiquem um tanto mecânicas. Você vai pelo mecanismo das questões. Você vai gerando dados para tentar dar explicação pelos dados gerados. Com fundamentos é importante saber que você pode discordar do orientador ou do professor. Mas com fundamentos. Também não discordar por discordar. Eu gosto disso. Discordar das coisas que eu estou falando ou orientador, porque senão fica uma coisa de cima para baixo, autoritária um pouco. Essa é outra questão. Esse problema se tem dentro do caminho da formação do pesquisador. Que é um pouco de falta, às vezes, maturidade, no sentido de você descobrir em si qual é o seu objeto. O que lhe motiva aquilo dali. Porque, às vezes, você não se percebe a sua afinidade, o seu questionamento sobre aquilo que você quer. E aí você vai gerando dados, fazendo dados e discute em cima dos dados gerados e aqueles dados dão resposta a um experimento que você fez que gerou mais outros dados, se explica? O que é isso? Dados publicos. Dados publicos. E aí vem outra provocação. Será que um pesquisador intelectual O que é o trabalho intelectual? Será que um pesquisador, a sua formação é essencialmente técnica? Quem constrói o intelectual? Quem constrói o pesquisador? Quem é o agente ativo de sua construção? Você, propriamente, a própria pessoa. Você se constrói no seu andar, no seu saber, na sua busca, nas suas perguntas. E essas são suas perguntas que vão dar contribuição à linha do que você quer contribuir. Eu quero discutir quais temas, eu me junto às pessoas que me sinto feliz em querer questionar sobre isso, eu tenho um propósito sobre isso, eu tenho uma hipótese sobre isso, eu leio quem escreve sobre isso, isso me motiva. Então eu vou na busca disso. Mas não que eu fique simplesmente seguindo uma sequência tal qual como se fosse o primeiro, o segundo, o terceiro ano, primeiro semestre, décimo semestre e aí eu sou você mais um acadêmico num desenrolar de disciplinas e incorporação de conhecimento. Caminhando para o final já, e isso os dois professores têm hora, só mais um ponto que a gente esbarrou nele muitos momentos mas a gente não citou ele de fato, que é a questão do método científico. Você falou em pluralismo, essas coisas e tal, eu já ouvi os dois lados da história, que existe sim o método científico, a gente está rígido e tem que ser seguido, e a gente fala que não. Tem um método científico, existe um método científico, observo aqui hipóteses, o que vocês acham dessas coisas? Eu acho que tem vários métodos, eu não posso dizer que tem um método científico, eu também não posso dizer que tem uma ciência. Até quando falam assim, há ciência, no seguinte sentido, se você pensar, o conhecimento científico, ele é produzido coletivamente, ele é criticado por pares, quando possível, ele é validado externamente, ele é sancionado, essa coisa toda, ele acaba sendo incorporado nos caminhos mais futuros, a educação, essa coisa toda. Muito bem. Pouco se fala, realmente, de método, em geral ele se apresenta ao resultado, como foi dizer isso, você deu errado, tem isso, mas vamos lá, sem brincadeira, para voltar para esse negócio de método, aqui tem um físico químico, um orgânico, eu venho de uma área que é inorgânica, nós somos químicos, o Roberto é um enfermário, nós somos químicos, fazemos parte do mesmo campo de ação, só que dentro da química, tem as sub-áreas, e os métodos, o jeito de entender, é bem diferente, o físico químico é extremamente matematizado, a inorgânica, é uma mistura de físico químico com outras coisas, a inorgânica é um campo de conhecimento completamente autônomo, o uso do físico químico, claro que usa, mas é muito autônomo, se você pegar até historicamente como foram evoluindo esses campos, foram surgindo, independentemente, o orgânico é uma construção do século XIX, eu diria assim, há cem anos, o jeito de pensar faz conta, mas não mudou não, o jeito de pensar dos orgânicos é o mesmo, é a estrutura, tem que ter a estrutura, isso é um método, de fazer ciência, química e orgânica, se você pegar o físico químico, que é a mais nova sub-área da química, o fimzinho do século XIX, é outro mundo, é um universo completamente diferente também, e o orgânico é aquela coisa mais antiga de todos, da química mineral, um período completamente maluco, aquela coisa completamente descritiva, sem nada, até vir beber na fonte da física química, da quântica, é outro mundo, eu imagino que na própria física, eu falo muito pouco, o povo é cheio de física para lá, física para cá, como o Kuhn também, eles vão falar de um pedacinho da física, quero ver falar de física do estado sólido, quero ver, entrar em física do estado sólido, e falar que o método é o mesmo da cosmologia, que eles gostam tanto de ficar dando porrada, não é não, muito fácil escrever um livro de filosofia, de qualquer coisa, e falar que isso aqui é a ciência modelada, entendeu? Então nesse sentido, eu digo, não existe um método científico, cada área, cada nicho de conhecimento, produz o seu próprio método. Por quê? Porque é assim que funciona, é necessário que seja assim. Agora, a gente poderia pensar uma coisa assim, o conhecimento é tipo como um todo, uma espécie de planeta, e tal, e onde vai tendo os vários continentes, e cada continente tem a sua diferença, pode ter continente que está isolado geograficamente um do outro, cresce e se desenvolve de um jeito, outro tem comunicação. Essa metáfora não é minha não, mas eu peguei e emprestei de alguém, mas eu acho ela muito válida, no seguinte sentido, existe um quê de comum na ciência, não é o método. Então essas questões que a gente discutiu aqui, essa questão de ter que ser validado internamente e externamente, porque se você vai validar cenas internamente, qualquer maluco pode bolar um sistema de conhecimento que tem coerência interna, tem várias firmas filosóficas que tem coerência interna, bota a prova. Então vamos dizer, a ciência é posta a prova o tempo todo, o conhecimento científico é posto a prova o tempo todo. Exatamente. Se tem uma coisa que é comum, o conhecimento científico, é isso, você posta a prova o tempo todo, essa coerência, não é coerência interna, mas especialmente essa validação. A pergunta é quem decide isso, quem decide se você seguir o método ou se é a ciência aquilo. Isso é uma pergunta que a gente, o que a gente tem, a gente tem a revisão por partes, como ele falou, uma avaliação externa, então isso não é a melhor coisa do mundo, não, mas já passou pelos scrutins de alguns cientistas, pesquisadores, mas é o que a gente tem, no momento. Roberto Menescu, eu não me fiz entender, isso aí pra mim ainda é validação interna, porque está dentro do... da comunidade interna. A validação externa é, olha, cara, existe a realidade e a gente está tentando compreendê-la, funciona a minha interpretação, ela produz conhecimento que eu posso agregar e passar adiante, isso é validação que eu chamo de externa. Essa incorporação desse conhecimento por todo o processo de sociedade, por qualquer aplicabilidade... É a validade social mesmo, se foi útil, se foi incorporado para uma dada da sociedade, e que hoje, inclusive, pode ser útil no posterior. Como, por exemplo, hoje nós tivemos um período de uma resistência ao conhecimento científico muito grande, de um questionamento muito grande ao processo do pensamento científico, anti-intelectualismo, o pensamento dessa natureza, mas que, de certa forma, a robustez do seu trabalho se mostrou, e se mostrou útil e eficaz. Nós tivemos um processo de campanha antivacina, que foi uma coisa terrivelmente, e que todo o embasamento de conhecimento e de cabedal, de tecnologia já debulsado sobre aquilo dali, deu uma resposta social. E que você acreditasse ou não aquilo, de fato, levou um fato de proteção. E aquilo foi fruto... Mas aí você vai pegar, até eu olhando esses textos e baixando outros, cheguei num texto lá, a ciência ainda se interessa pela verdade, você vai pegar a coisa, o conhecimento que pode ser aplicado prontamente, e a investigação da natureza, você vai descobrir coisas importantes para fundamentar a ciência que seja. Uma questão também que chama atenção, e principalmente com o ingresso, é o seguinte, será que tudo que eu venho para estudar na universidade, eu vou ter que saber onde eu vou aplicar diretamente? O meu olhar para o pensamento universal e diverso é só pelo processo de aplicabilidade? Ou é pelo prazer de conhecer e de saber? O estudar, ele começa pelo sentimento também de satisfação, de prazer de compreender, de entender o que está ao seu redor, não é? De poder estar entendendo a funcionalidade do que já estar aí à sua disposição. Sem que você, de certa forma, diretamente transforme. Em algum momento você vai ter capacidade de transformar o que aí está. Mas a universidade, ela também tem esse compromisso de lhe deixar livre, deixar o indivíduo livre ao estudar aquilo que lhe dá prazer. E isso leva à liberdade do homem. É por isso que a universidade, ela tem que ter espaço para todos os cantos e áreas da pesquisa. Não pode ter uma linha de tal porque essa linha me desenvolve e leva à aplicabilidade e gera à energia, isso não. Mas eu quero pensar, eu quero ter a capacidade de aproximar e refletir, eu quero ter a capacidade de me debruçar sobre temas que talvez não estejam tão à luz de uma grande maioria. De novo, quem decide isso? Teria que ter um Luciano lá no capo e dizer que, olha, vamos democratizar isso aí porque... Pois é, mas essa questão é que a ciência tem que ser além das nossas instituições financiadoras. Tem uma frase do Tom Carreiro, até coloquei na minha dissertação, que ele fala por que o cientista estuda a natureza. Ele não estuda porque é útil, ele estuda porque é bela. No final ele fala assim, se não pudesse estudar a natureza, contemplasse a beleza, não valeria a pena viver. Então tem que ter a paixão no sentido que ele falou, de você gostar de algo e querer estudar e querer se debruçar sobre aquilo. Não pode ser, como eu falei, imposto. Então para o professor, para o pesquisador, é muito difícil isso, de você olhar, às vezes os alunos não têm interesse, eles querem uma coisa pronta, eles querem acabar logo aquilo ali porque tem outra coisa que eles vão fazer que dá mais prazer, etc. Então eles querem esse movimento, as pessoas estão ali porque elas querem, elas são livres para estar ou não estar. Não pode dizer que são forças de mercado. É onde eu falo justamente, é onde eu falo justamente, a falta de compreensão do que é o papel da universidade. De quem ele busca. O aluno que vem pra universidade, o que é que ele busca? Ele está fiante do que ele quer buscar? Ele está comprometido com o que ele optou para o seu caminho? Mas ele pode começar a perceber isso no caminhar, né? É isso, no caminhar. É lógico. E isso é o olhar da evolução do estudante da instituição. É você pensar como você entra em um processo e nesse processo você busca a maturidade. E isso é uma parte do conhecimento. E essa maturidade é um papel que os professores vão construir junto com seus alunos. Responsabilidade. A sua formação, pelo seu trabalho. Exato. Então, por exemplo, é esse aí é que vem a afinidade que eu falo da relação de educador e educando. É um ato de fraternidade, é um ato de amizade. É um ato que você precisa estar harmonioso com aquilo que você estuda. Sabe como é? E é esse processo de harmonia que vai despertar no jovem ou se ele se interessa por aquilo verdadeiramente, ou se ele se debruçou sobre aquilo e estuda pelo prazer. Mas, acima de tudo, o comprometimento sobre aquilo. Não o olhar de que você chegue na instituição e tenha um tic-tac de matérias. Sabe? Porque também vão ter matérias que estão em todas as áreas. Todos nós passamos aqui que tinham matérias que nós tínhamos muito mais facilidades, outras menos, e isso fez com que nós tornássemos inorgânicos, orgânicos e fisicotínicos. Mas, com certeza, existia aí uma questão de compromisso com aquilo que se faz. E hoje, talvez, o olhar de quem busca é uma questão da sociedade que busca a universidade como carivadora de diploma. E o que a gente, muitas vezes, está fazendo é isso. É carivando diploma e que nem sempre esse que está com diploma carivado está tendo as habilidades e saberes específicos para a área que ele foi qualificado. Pelo imediatismo de formação, pela falta de compromisso, sabe como é? Enfim, por todas essas deformidades que a instituição vai, para a estrutura também que tem que se paga. Aí a gente já abre um curso de mestrado, não há alguma coisa aí para salvar os problemas. É isso mesmo. Entender, assim, liberdade, o equilíbrio. Você pode perturbar esse equilíbrio também. Então, a liberdade significa que você pode também questionar. Ou você pode ajudar o professor a construção dos métodos avariativos, das formas de conduzir. Então, o aluno precisa ocupar esse espaço também, nos descolegiados e também na sala de aula. Pô, você está jogando uma bomba. Você viu que a gente está falando de ciências porque foi universidade. Bem típico do Brasil. Conhecimento científico e liberdade.