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Podcast-Saúde-Mental-_2_

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Izabela Oliveira

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The transcription is about a podcast discussing mental health and justice, featuring two individuals from a mental health service. They talk about the closure of custodial hospitals and how it impacts society. They explain that these hospitals are for individuals with psychiatric disorders who have committed crimes. They describe the conditions in the hospital and the treatment provided. They mention that the hospital is a public security institution with both security personnel and healthcare professionals. They discuss the closure of the hospital and the challenges of reintegrating these individuals into society. They emphasize the importance of inclusion and understanding for individuals with severe and persistent mental disorders. They also mention the low rate of recidivism among these individuals. Oi gente, tudo bem? Hoje estamos aqui apresentando um podcast sobre saúde mental e justiça. Hoje a gente está aqui com duas identidades do CAPS. Tudo bem pessoal? Meu nome é Carolina, eu sou terapeuta ocupacional. Eu atualmente trabalho, atuo no que é um serviço de saúde mental aqui do município. E é um serviço do SUS, é um serviço que existe no país inteiro. E aqui em Janeiro eu estou atuando no CAPS 2. Oi pessoal, boa noite. O meu nome é Priscila, eu também sou terapeuta ocupacional. E atualmente eu estou na coordenação do CAPS 2, o mesmo serviço onde a Carol trabalha. Meu nome é Laís, eu sou estudante de direito. E a gente veio aqui apresentar o nosso projeto sobre política pública sobre o fechamento dos hospitais de custódia. Esse vai ser o tema de hoje. A gente vai falar sobre o fechamento, o porquê que ele fechou, como ele funcionava e como isso interfere na nossa sociedade. Meu nome é Maria Eduarda. Meu nome é Yasmin. Sejam bem-vindos ao nosso primeiro podcast. Meninas, vamos começar o assunto. Como que funciona hoje em dia o hospital de custódia aqui em Santa Catarina? Como essas pessoas são tratadas dentro desse hospital de custódia? Uma introdução do que seria esse hospital de custódia para a gente poder entender bem. Certo. Então, hoje nós temos um hospital de custódia no estado, que fica lá em Florianópolis. O Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, HCTP, a gente chama assim. O nosso hospital de custódia, eu já pude visitar ele recentemente, já duas vezes, porque a gente está já numa discussão, em conversas até com o colegiado de saúde mental do estado também, sobre essa questão da resolução do fechamento do hospital de custódia, a resolução 487 do Conselho Nacional de Justiça. E ele funciona assim, quando a pessoa entra em conflito com a lei e tem um transtorno psiquiátrico, ela vai passar por uma avaliação e audiência de custódia e tudo isso, e ela é encaminhada para esse hospital de custódia. Então, assim, é uma decisão judicial, o juiz que faz esse encaminhamento, baseado no laudo médico e na indicação e tudo. E a pessoa vai cumprir, então, lá a pena, nesse local, não num presídio ou numa penitenciária, por conta do crime cometido. E o hospital de custódia, ele é um local assim, são quartos, assim, celas mesmo, é trancado, né, até quando eu fui, porque a gente pensa, hospital, a gente tem às vezes uma visão de um hospital, mas é um hospital de custódia, é um judiciário, né, então eles estão lá para cumprir uma pena por conta de um conflito com a lei. Então, é um local, alguns ficam isolados, né, trancados, isolados, outros ficam em duplas. Tem alguns locais que são um pouquinho maiores, que tem mais pessoas e tudo, a equipe de lá que vai determinando ali, de acordo com a situação de cada um, a instalação que eles vão ficar. E tem, então, a polícia, né, que faz, trabalha lá, e tem também a equipe multidisciplinar, médico, psiquiatra, e tem a diretora. Então, ele é uma instituição de segurança pública, na verdade, não é de saúde, propriamente dito, apenas, né. Então, ela tem as duas coisas, né, de segurança pública e tem os profissionais da saúde lá por conta do tratamento, que dessas pessoas são submetidas a, ficam lá, né, afastadas da sociedade, mas elas estão ali também fazendo o tratamento. Tem o psicólogo, daí a medicação e tudo que precisa pra ir no, e uma avaliação no fim, né, no final ali pra liberação. E são dois anos, né, o máximo? Isso, dois anos. É, dois anos é o tempo. Hoje, nós não temos ninguém aqui no nosso hospital de custódia em Florianópolis que tá há mais de dois anos, né, na última vez que eu fui lá foi informado isso, e tá sendo feito já, né, a vinculação deles nos municípios de origem de acordo com o desdobramento do PTS, que é o projeto terapêutico singular de cada um, estão sendo direcionados, né, pros locais pra sair lá do hospital de custódia. Essa resolução, ela tem um prazo pra ser cumprida, esse prazo já foi prorrogado, agora é até maio, né, não sei se eu já tô entrando em muita coisa aqui, esperar vocês irem falando. Uma coisa que eu acho importante a gente ressaltar, porque eu acho que muita gente se confunde, é que o hospital de custódia era somente pros considerados inimputáveis. Não é só porque você tem algum laudo de transtorno psicológico e você cometeu um crime que você iria pro hospital de custódia. Somente se no momento que você comete a conduta tipificada, você estava num surto. Sim, exatamente. Tem que ser comprovado, né, que naquele momento a pessoa estava mesmo na crise, no surto psiquiátrico e não tem assim, digamos, a noção, né, daquela situação que aconteceu ali no momento, né, que cometeu o delito ou o crime, enfim. E vocês sabem mais ou menos quantas pessoas estão hoje em dia no hospital de custódia de Florianópolis? Muda muito, né, cada semana. A última vez que eu estive lá, que foi no mês passado, tinha 87 pessoas aqui no nosso hospital de custódia aqui de Florianópolis. E vocês saberiam quantas pessoas de Florianópolis viriam pra Joinville pra ser atendida por vocês ali do caso? Que estão no hospital de custódia? Então, até falar sobre isso acho que é importante porque, na verdade, nós atendemos pessoas com transtorno mental, independentemente se eles têm alguma situação com a justiça ou não, né, algum conflito com a lei ou não. Então, nós sempre recebemos essas pessoas. Isso não é nenhuma novidade, né, pra gente. Então, quando eles saem do hospital de custódia, eles estão encaminhados, voltam e vêm pra RAPS, né, pros atendimentos no CAPS, ou enfim, até na UBS, os atendimentos de saúde mental, pra continuar o acompanhamento, né. O que acontece hoje é que vai fechar. Então, a maior questão é que essas pessoas não vão mais pra lá quando entrarem em conflito com a lei, né, porque as pessoas saírem de lá e isso já acontece sempre. Eles vão lá, cumprem a medida e voltam, né. Então, porque eu vejo muito essa questão sendo falada, ah, vai fechar e vai sair todo mundo de lá, vai pra onde? Mas, assim, eles vão sair de lá um dia, não é uma moradia lá, né. Não é muita coisa mesmo. Não, não é muito, não. Então, assim, tem essa questão, né. E daí, agora, é quando acontecer o conflito, como vai ser, né. Acho que esse é o nosso maior desafio, de pensar isso, porque hoje a gente tinha essa opção do hospital de custódia, né, era mais fácil, assim, de resolver, mas a gente sabe que com a reforma psiquiátrica e a lei 10.216, que é de 2001, né, já era previsto que não existisse, porque, né, ela não só fecha hospitais, psiquiátricos, manicômios, mas também o hospital de custódia tá, né, previsto nisso. Então, assim, é algo que a gente já prevê que já até deveria ter acontecido, né, então... Pelo que eu pesquisei dessa lei de 2001, ela já falava que não era adequado esse tratamento isolado. Isso. Mas, então, prejudicial para essas pessoas, porque ficavam isoladas. Isoladas, é. Não era algo adequado. Não vai de acordo com a reforma psiquiátrica. Porque isolava os direitos do bairro. Exato. É que a gente falou agora há pouco, né, dois anos não é muito, mas é relativo, né. Se a gente for pensar, dois anos isolado da sociedade... É muito. Três anos de tratamento, nos casos graves, não é muito, né, realmente, porque o tratamento, as situações, na maioria das vezes, são crônicas, né. Mas, pensando no isolamento social, rompimento de vínculos, né, perda de relações afetivas, trabalho, isso daí é bastante tempo, sim, né. Sim, a gente sabe hoje em dia que também a gente vive numa sociedade bem preconceituosa, né. E vocês ficam pensando como que essas pessoas vão ser adequadas na sociedade, porque vai ser muito difícil para elas saírem do ambiente que elas eram acostumadas, querendo ou não, e saírem para o mundo, né, que vai sair de volta para o mundo. Sim. Como que elas vão preparadas, psicologicamente... É, mas essa é a história da reforma psiquiátrica, né. Esse é o nosso trabalho no CAPES, né. A gente tem usuários que até hoje, por conta do transtorno, por conta da gravidade da situação, não vivem de acordo com uma caixinha bem encaixadinha, assim, que a sociedade gostaria ou entenderia que fosse ideal. Nós estamos sempre numa briga pela inclusão de fato, né, que essas pessoas, as pessoas com transtorno mental grave, né, severa e persistente, que é o que a gente atende ali no CAPES, elas sempre vão ter particularidades. E elas vão precisar, de alguma forma, viver em sociedade, e a sociedade, de alguma forma, vai precisar se acostumar com essas pessoas, né, porque muitos que estavam na cidade custódia e saíram, não apresentam mais nenhum grau de periculosidade. Tiveram uma crise, e por conta de uma dificuldade ali, às vezes, da família manter o tratamento, do acesso ao serviço, tiveram uma crise grave, e, no meio dessa crise, tiveram conflito com a lei. Mas não significa que eles sempre vão ter esse grau de periculosidade. Pelo que eu pesquisei, 5% dessas pessoas, elas têm a reincidência. Então, é um... Baixa. Muito baixo. É, até porque esse preconceito também aumenta, porque a loucura e a agressividade ficaram associados, né, são associados constantemente. Mas a agressividade, ela é do ser humano. Ela não é da psiquiatria, ela não é da saúde mental. Qualquer ser humano pode, em algum momento, se tornar agressivo. Tem que ter certeza. Claro, exatamente. Mas ficou muito associado justamente por conta da história da psiquiatria. Né, Priscila? A gente trabalha há muitos anos na saúde mental. Eu nunca fui agredida. Exatamente. A gente nunca... Os casos de agressão física, dentro de um CAPS, por exemplo, onde tem uma concentração gigante de transtornos mentais, né, no mesmo momento, de todos os tipos, de todos os momentos, alguns mais em crise, outros mais moderados, né, são raríssimas as situações onde a pessoa tenta agredir um terceiro, um outro usuário ou um profissional. Na maioria das vezes, elas tentam se agredir, né. Pode acontecer às vezes, e muitas até têm relatos, olha, eu quebrei uma mesa para não bater em ninguém. Então, muitas crises, a pessoa tem até essa consciência, assim, de que ela precisa se controlar, que ela não pode machucar ninguém. Então, a agressividade, ela é do ser humano. Ela não é do diagnóstico. E a maioria dessas pessoas também, elas tomam o CAPS por escolha delas, né. O tratamento é voluntário. Elas querem o tratamento. Isso. O tratamento do CAPS é voluntário. Ela procura, né. É claro que tem a recomendação, quando saiu do hospital de custódia, tem a recomendação, né, de fazer, continuar fazendo o tratamento. E tem algumas... Às vezes, eles saem e tem algumas condições, né, que não há varada de soltura, eles colocam para a pessoa sair, tem os horários, tem que estar em casa, tem que ir para o CAPS, tem que... Mas, assim, o CAPS é um tratamento voluntário. O pessoal tem que querer, né, fazer esse tratamento, continuar. E, assim, a questão lá dos pós-custódia, ainda voltando um pouquinho, quando a questão da saída, né, é feito o PTS, a equipe multidisciplinar faz um projeto terapêutico singular de cada um. Então, não existe assim, ó, ah, tem 10 de junho em Ville. Não. É no PTS que vai ser definido onde essa pessoa vai morar, aonde ela quer morar, onde ela tem vínculo, tem algum vínculo, tem algum familiar em alguma cidade. E aí, vai ser feita essa reinserção, né. Eles fazem algumas visitas. A pessoa vai, vamos dizer, ah, eu tenho uma irmã lá. Eu sou de Junho em Ville, mas eu tenho uma irmã lá em Brusque e eu quero morar com ela. Daí, eles vão fazer um contato com essa família para ver a questão do vínculo, né, a possibilidade. Fazem visitas. Ele vai, passa um fim de semana, mas não é feito. Tem esse processo, né, que sempre existiu. Não é hoje, porque o hospital de custódia está fechando, mas agora tem um volume maior para fazer. Mas, assim, eles fazem isso e a pessoa, então, não existe assim, ah, tem tanto de Junho em Ville. Então, a gente não sabe. Vai ser conforme o desdobramento do PTS de cada um, respeitando sempre a vontade deles, né. Sim. E outra questão. As famílias, elas também estão preparadas para acolher essas pessoas que estão saindo do hospital de custódia? É. Olha, a família é um... A família pode ser tanto uma grande rede de apoio quanto um grande nó crítico, né. A gente percebe isso na nossa tática ali, mesmo nas pessoas que não chegaram a ter algum conflito com a lei, né. A gente vê isso na nossa prática diária. As famílias precisam de muito suporte, porque é muito complexo, assim, você... Ao mesmo tempo que você tem que entender sobre a doença da pessoa, entender da medicação, fazer aquele cuidado diário, ainda tem a parte emocional, aquilo que pega na pessoa, né. Você vê o seu familiar doente, você vê o seu familiar tendo um comportamento muito diferente, né, tendo atitudes muito diferentes da sociedade, sendo julgado, sendo discriminado. Então, a família tem um misto de emoções muito grande, assim. O cansaço, o desgaste, né. Às vezes, as famílias se isolam para conseguir cuidar daquela pessoa. Às vezes, a família não tem mais uma vida social, dependendo da gravidade do transtorno mental. Isso, muitas vezes, adoecem. Então, a família precisa de muito apoio. E nos casos dos crimes, né, quando tem um crime na família ali, e a pessoa tem um transtorno mental, foi para o hospital de custódia, às vezes, a família ainda está muito traumatizada e com medo de que isso aconteça de novo, né, porque realmente não há garantias, né. Quem garante aqui que uma pessoa X nunca vai cometer um crime? Não tem como a gente garantir isso, né. Eu acho que a gente dá uma associada de que para essa pessoa ter tal transtorno, ela não tem controle sobre ela. Isso. Então, a qualquer momento, ela pode virar a chavinha e vir para cima de qualquer pessoa. Isso, isso pode acontecer com qualquer pessoa do mundo. Exato. Qualquer um tem transtorno. Então, com as famílias, o trabalho é contínuo também. Dizer que todas estão preparadas, eu acho difícil, assim, né. Cada uma, a gente vai precisar olhar para cada uma delas, como a Pri falou, né, é feita uma visita, para ver a disponibilidade dessa família, né. A vontade do paciente também prevalece, né, na situação. Então, a gente vai acompanhando uma a uma, assim, conforme a demanda aparece, mas uma coisa é certa, elas precisam de todo esse suporte da equipe, tanto um suporte pedagógico para entender mesmo, para não cair naquela armadilha de achar que a pessoa faz porque quer, no senso comum ali de que, ah, não é tanto depressão não, acho que é um pouco de preguiça, ah, porque eu não quero trabalhar, ah, porque poderia ter feito diferente, né, porque como não é uma doença física, né, não causa a mesma comoção, assim, na sociedade, na comunidade, né. No início a pessoa até se comove, mas depois ela começa a cansar e daí já bota a culpa na pessoa, não na complexidade da situação. Eu acho que transtornos mentais são, em sua maioria, doenças que a gente tem muita ignorância, que a gente possui muita ignorância, porque a gente, agora, né, atualmente a gente ouve falar muito de depressão, mas as pessoas de fato entenderem o que é a depressão, o que é essa doença, é muito pouco. A sociedade é muito conservadora ainda, né, tem muitos princípios conservadores, ainda mais as pessoas que já tem aquela idade, que daí elas, ah, depressão é preguiça. Falta tudo o que fazer, lavar a balança, tem esses cabus, né, tanto como depressão até um transtorno maior, né, porque eles, tipo, adoram ansiedade e viram na depressão, e na depressão vira um caso mais sério, e essa pessoa fica num caminho sem rumo, né, eu falo disso porque eu sou uma pessoa que sofreu com depressão na pandemia, a pandemia deixou todo mundo fora de si, e foi bem complicado. Não tem quem não tenha sido afetado pela pandemia, de alguma forma foi. Eu vi que, tipo assim, que eu tava num caso, tava muito complicado, eu precisava falar com ajuda psiquiátrica, e eu vim de uma família muito conservadora, minha família era, tipo, totalmente contra psicólogos, todas essas coisas, e eu tenho uma tia que é psicóloga, e era muito, pra eles era, tipo assim, quem vai pro psicólogo é louco, quem vai pro psiquiatra é louco, quem toma remédio tem algum problema, então foi muito complicado voltar, tipo, querendo ou não, pro meu dia-a-dia, imagina uma pessoa que tem um transtorno pior. Isso, um transtorno grave, né, eles até tiram ela do mercado de trabalho, tiram da, né, da rotina ali, que é considerado normal, assim, como a Carol falou, a caixinha, né, que a gente tem que se encaixar, saiu disso, é complicado mesmo. Uma coisa assim, voltando um pouquinho no hospital de custódia, é o fato de que o hospital de custódia, me corrijam se eu estiver errada, ele não era somente para os que precisavam de internação, mas também os que precisavam de tratamento, era pros dois casos, né? É, ele é um hospital de tratamento psiquiátrico, até ele é uma internação, porque a pessoa vai lá pra cumprir a medida de segurança, o tempo, né, então ele fica internado lá, e durante a internação ele faz o tratamento. Ah, tá, eu achei que eram os dois, que eram os internados, porque, talvez eu tenha aprendido errado na aula, mas não sei. Mas eu me lembro que a professora falava que tinha alguns casos que era só tratamento, e outros que era necessária internação. Mas aí que eles não ficavam lá o tempo todo, é isso? Sim. Ah, então, eu não tenho conhecimento. Hoje, quem tá lá, todos cumprem algum tempo que tem que ficar, que foi determinado judicialmente, né, e enquanto eles estão lá internados, eles fazem o tratamento. Eu desconheço também de ter funcionado, talvez, como um local ambulatório. Eu achei que era mais ou menos isso que ela falava. Pode ser, é. Porque, assim, o que a gente entende que o principal objetivo do hospital de custódia era conseguir reintegrar a pessoa na sociedade, só que isso não tava acontecendo. E a gente sabe que no momento atual que a gente tá na questão de saúde, não tá muito favorável, a gente tá numa situação bem complicada dos hospitais estarem lotados, tanto os públicos como os particulares. Essas pessoas que não vão pro hospital de custódia e elas não vão pra um CAPS, por exemplo, elas precisam de um atendimento num hospital público mais comum. Como que elas vão... Tá, eu vou falar primeiro uma coisinha pra gente finalizar um pouco essa questão ali da legislação do hospital de custódia. Então, a gente tem a 10.216 lá de 2001, né, que já traz várias questões sobre internação e tudo mais. E depois disso, a gente teve algumas resoluções, também tem umas de 2004, e tem a número 4, de 30 de julho de 2010. Eu acho bem importante. Um momento. Essa lei, então, é antes de eu nascer. Sim. Em 2001. Não é nenhuma novidade, né? Na verdade, é agora que eu ia chegar. Então, assim, essa aqui de 2010, ela recomenda a adoção da política antimanicomial no que tange atenção aos pacientes judiciários em execução da medida de segurança. Então, ela já tá recomendando... Vou falar num termo bem leigo, eu não faço faculdade de Direito, não, trabalho como psicoterapeuta ocupacional. Mas ela já tá recomendando que, ó, adotem as medidas que estão lá, a lei 10.216 lá de 2001, né? Vamos lá, tá na hora. Então, assim, é isso que veio ano passado, a 4 e de 7, não é nenhuma novidade. Sim. Acabou se criando todo um auê em volta disso, mas é uma coisa que já veio de lá, entende? Já vem várias resoluções, recomendações, tanto que o estado de Minas Gerais já não tem hospital de custódia há muito tempo, já há anos. E eles já adotaram outras formas e que até tem sucesso, assim, de tratamento, né? Então, assim, não é nenhuma novidade. A gente já esperava por isso. Achei até que demorou bastante pra acontecer. Que é uma incoerência, né? O que diz lá na reforma psiquiátrica é que não é pra segregar. E isolar não adianta, né? Isolar... E tinha essa parte da reforma que não tava concretizada. E agora ela se concretizou. Exatamente. Então a gente vai viver de volta. E essas falas, provavelmente, são as mesmas falas lá do fechamento dos manicômios. Então a gente tá revisitando a história dos fechamentos dos manicômios. Agora com esse agravante da periculosidade. A questão judicial e isso, da questão do crime, né? Só que é, como a gente falou hoje de manhã num outro evento, né? É a nossa reparação histórica como sociedade pra essas pessoas. Porque, vou dizer pra vocês assim, ó. Se essa pessoa cometer um crime por conta de um transtorno mental, o Estado falhou com ela já. Porque o Estado deveria estar fornecendo o tratamento necessário pra que não chegasse nesse ponto. Porque isso é doença. Isso é uma doença. Ela não cometeu um crime por maldade, porque ela tava estressada, porque ela perdeu o emprego. Não planejou isso, né? Ela tem uma doença de base, uma doença grave e por algum motivo essa doença não foi assistida. E existe uma lei bem consistente pra isso. Então assim, já tem uma falha antes. Uma falha também, querendo ou não, do Estado, né? E dos municípios. Não divulgar essa questão, né? Porque até pra gente foi muito complicado a gente conseguir fazer uma pesquisa profunda através do porquê do fechamento, desde quando tá começando esse projeto pra fechar, como que essa cidade ia lidar. A gente não tinha divulgação, né? Eu acho que o Estado, o Brasil todo, não tá preparado, né? A gente até pegou um podcast da Folha Norte de São Paulo, que eles também estavam falando. Eles falaram que, foi em Goiás, né? Em Goiás já fecharam os hospitais de custódia e eles já estavam trabalhando. E os outros estados estavam mandando representantes pra tentar aplicar. Conhecer o modelo e aplicar. O Estado de Goiás, ele foi o primeiro a cessar esses hospitais de custódia já em 2006. Então, eles falaram que agora os estados estão colocando como modelo, adotando como modelo o Estado de Goiás pra fazer a mesma coisa. E assim, né? Eu sempre faço uma reflexão e vou fazer essa pergunta pra vocês também. Não existe hospital de custódia feminino. Sim, a primeira vez que a gente viu. E daí? Quando uma mulher com transtorno mental grave, em crise, comete um crime. Eu fiquei assim, chocada. O que acontece com elas? É uma organização de estrutura, né? É o mesmo caminho pros homens. O que já é feito. Então, já não tem novidade aí, né? É oferecer tratamento. Como a Carol falou, é antecipar também isso. Mas depois que acontece, porque pode acontecer com qualquer pessoa com ou sem transtorno, ela ter algum conflito com a lei em algum momento. Então, essa pessoa foi comprovada que ela teve esse conflito com a lei em função do transtorno, porque ela tava numa crise e ela vai precisar de um tratamento. E assim, aí a sua pergunta da questão da assistência ali hospital, então a RAPS, que é a Rede de Atenção Psicossocial, né? Ela é instituída, assim, por vários dispositivos. Aqui em Gevilha, a gente tem 4 CAPs e o S.O.S. E temos também os P.A.s, né? OPA, a Atenção Primária também, as Unidades Básicas de Saúde, todos compõem a RAPS. Constório na rua, SAMU. E a gente tem os hospitais, né? Então, o que a reforma psiquiátrica ela traz sobre isso de internação? Nós temos a aula psiquiátrica dentro do hospital regional. Então, você vai ter um tratamento dessas pessoas dentro do hospital geral. Tem a aula de ortopedia, a aula de cardiologia, a aula e a aula psiquiátrica. Então, o pronto-socorro é o mesmo pronto-socorro que todas as pessoas vão acessar, né? Nesse sentido. Então, aqui em Gevilha, a gente tem a nossa RAPS completa, né? Hoje, a gente ainda precisa ampliar pra um CAP da B3, que seriam 24 horas. Tem algumas questões que o município pelo tamanho já comporta, né? De melhorias na nossa RAPS. Mas a gente tem uma rede completa de atendimento. Então, são esses... Claro, é a questão de saúde pública, né? Até da epidemia da dengue agora, das votações, das... Mas é o que todo mundo enfrenta com qualquer doença, né? Uma pessoa que tem alguma outra... Tendo um AVC, uma questão cardíaca, ela vai bater na porta do hospital. É uma doença do dia-a-dia, né? E a psiquiátrica é a mesma coisa, né? Então, é uma... Assim, é da gente olhar pro paciente psiquiátrico como um paciente, como outros. Ele tem a complexidade dele, a individualidade como qualquer outro em qualquer situação. Tem o especialista pra atender nessa área, tem o especialista na cardiologia, tem o especialista... Né? Então, assim... Quando a pessoa entra em conflito com a lei, o que que é feito hoje quando é uma mulher que acontece isso e daí tem o transtorno, né? Então, é oferecido tratamento. É a mesma situação. Ela vai, muitas vezes, responder, né? Tem a questão de audiência de custódia, tudo isso, né? Não vai... Que as pessoas dizem... Ah, daí vai... Um assassino ficar solto na rua. Mas, assim... Em qual contexto, né? Que a pessoa tá falando isso. Como a... A questão também... Ah, pedofilia, estupradores... Né? As pessoas... Elas já vão muito, né? Na questão já do preconceito, assim... Que a pessoa com transtorno mental grave são todas... E, assim... Qual é o número de crimes causados por pessoas com transtorno mental, né? E elas não... Não vai... Essa pessoa vai ser oferecida tratamento pra ela. Ela vai responder também. Vai ter uma agência de custódia, tem um juiz envolvido, tem um médico envolvido, né? Se precisar, às vezes, é... O que tem que ser adequado é o nosso sistema penal também. Os presídios, esses locais, os presídios penitenciários, eles também tem que ter uma assistência pra quem precisa, né? Porque vai ter gente que vai tá lá, que tem transtorno também, que tá lá, né? E precisa ter um atendimento. Então, assim... Não é... As pessoas generalizam, né? Como se fosse acontecer uma revolução agora, né? Que as pessoas... E não é assim. Então, a gente tem que estruturar a nossa RAPS mesmo pra o atendimento fortalecer, ela divulgar, né? Como vocês falaram, as pessoas não têm o conhecimento dos serviços que existem. Prevenção à saúde mental, né? O tratamento precoce. Como a Carol disse, prevenir praquilo não acontecer. Então, o Estado... É responsabilidade do Estado, né? Divulgar e oferecer esses serviços. Então, assim, o que leva uma pessoa, né? Ter um transtorno grave é chegar num ponto desses, assim. E, claro, aí tem toda uma avaliação, né? No momento, cometer um crime grave. Vai ter toda uma avaliação. Ficar... Eu acho que a mídia peca muito nesse sentido pela sua falta de informação presencial. Então, é muito ignorante porque a falta de informação e eu acho que a mídia deveria falar mais sobre isso. E essa pessoa cometer um crime grave, tem transtorno. Foi comprovado, né? No momento ali que a pessoa não estava... É que na hora de ele divulgar o crime, eles postam, né? Sim. Na hora de ele divulgar uma coisa que está adequada pra pessoa, eles não estão divulgando. Porque, se não, a sociedade deveria ter conhecimento disso que ele está se adaptando também pra receber essas pessoas. Exato. E, assim, aí, nesse momento da avaliação, você vai lançar mão de quê? De uma internação psiquiátrica? Sim, pode ser. A gente tem as modalidades de internação psiquiátrica compulsória, voluntária e involuntária. Então, assim, a gente tem várias alternativas pra tratamento em liberdade e isso que tem que ser fortalecido, né? Essa nossa rede. Então, não é... É uma questão que envolve várias... Saúde, segurança, a questão social, vários setores envolvidos. E na resolução fica bem claro ali. Tem equipe multiprofissional, tem equipe de acompanhamento. Não é algo assim que... E é uma coisa de muitos anos. Então, a gente... Quando veio tudo isso, veio um turbilhão, assim, ai, agora, tal. Mas a gente começou nós a refletir nossa nacionalização de mental, né? Não, mas... A gente recebe essas pessoas, eles saem dos povos de custódia, eles vêm, né? A gente tem as mulheres também que têm conflito com a lei, que muitas vezes... Então, assim, não tem... As pessoas estão tratando isso como... Não vai ser uma área de domínio. Não. A gente não vai mais ter aquele lugar pras pessoas virem, mas eles vão se tratar e vão. Vai ter... De fato, agora que a gente está conversando, que eu pensei, se são... Se somos todos iguais, por que que eles vão pro hospital de custódia e agora você vai pro presidiário? Isso mesmo. Qual é a diferença? Esse é o ponto. Esse é o ponto. Essa é a questão da reforma psiquiátrica. Porque, assim, tudo isso é um reflexo da nossa história, né? Isso. Se a gente for olhar pro período de reforma, comparado ao período anterior à reforma, nós somos adolescentes ainda, na reforma psiquiátrica. A gente passou muito mais tempo vivendo naquela era negra, na barbárie, do que na reforma. Então, a gente está caminhando ainda. Estamos passando, assim, gatinhando na questão da reforma. E essa questão de separar a pessoa com o transtorno mental da sociedade, isso vem de uma teoria muito antiga. Isso ficou enraizado na nossa sociedade, de que o louco só pode viver com o louco. Por isso fizeram o manicômio, pra deixar os loucos lá, só entre eles. Aquele caso, né? Isso. Localço Brasileiro. Recomendamos assistir esse documentário. É um documentário forte, muito forte, assim. Mas é importante a gente saber disso, né? Que é a história do nosso país, né? Direito ao tratamento, né? Tratamento adequado. Restaurador, reparador. Desfavorável pra saúde mental, né? De qualquer pessoa. E depois, né? Ela vai ser isolada, vai pagar pelo crime, de uma forma isolada, lá, punitiva. E depois, num lugar extremamente falubre, né? E o porquê que esse crime aconteceu? Muitas vezes a pessoa tá lá, vivendo numa situação horrível, de extrema vulnerabilidade, miséria, uma condição social de extrema pobreza. E aí, o mundo do crime tá ali, coladinho, dependendo de onde a pessoa mora. E aí, quando você vai ver a história da pessoa, é uma história de extrema violência dentro de casa, onde falta tudo. O crime foi o único lugar, né? Que ela conseguiu, sei lá, um dinheiro pra manter a família e tal. Então, se você for olhar a história da pessoa, ela não precisava ser... Precisa ter a ver com a lei, com o que ela fez, mas ela precisa de uma base pra não voltar pra esse crime. E aí, você coloca ela num presídio, num lugar extremamente falubre, onde quem comanda tá dentro do crime também. Então, assim, as pessoas vão fazer escola ali, na verdade, ao invés de reparar esse dano social. Não vamos generalizar, algumas situações são diferentes, né? Mas a situação da saúde mental é a mesma coisa, né? As crises, mesmo quando culminam numa agressividade, elas não vêm do nada. Toda crise se anuncia. Todo surto. Ninguém acorda... Dorme bem de noite, saudável, e acorda num franco surto. O surto, ele vai se construindo, e a gente conhece isso na saúde mental, e a gente ensina isso pros nossos usuários, pra que eles percebam, reconheçam os sinais, os pródromos, né, que a gente chama da crise. A crise está chegando, né? É a falta de sono, é a irritabilidade, para de tomar o remédio, para de comer, delírios começam a aparecer, alucinações começam a surgir, e pra que ele reconheça esses sinais. E reconhecendo esses sinais, fazer contato com a sua rede de apoio, seja um CAP, seja família, pra que não chegue nesse ponto, né, da crise, que chegue a cometer um crime. Então, assim, essa questão, né, esse estigma da saúde mental, né, que a pessoa não vai conseguir se controlar, em alguns casos, realmente, ela não consegue se controlar. Mas antes de chegar no ponto onde ela não consegue se controlar... A saúde aumenta com isso. Tem um longo caminho. E a gente tem que olhar pra trás, toda a crise, ver aonde falhou. Isso é uma coisa da reabilitação psicossocial também. Da gente falar com o usuário no pós-crise, fazer esse atendimento pós-crise, pra ver o que que te deixou em crise. Pra gente, numa próxima, não deixar isso acontecer de novo, né? O que que a gente vai evitar pra que você não tenha uma crise de novo? O sistema de justiça teria que ter isso também, né? Exatamente isso. Porque parece que, quando o caos acontece, eles vão lá, resolvem, e acabou. É um grande band-aid social. Se você bota o band-aid em cima, ninguém tá vendo o que tá acontecendo por baixo. E a ferida lá só aumentando. Seja uma ferida social, seja uma ferida emocional. E pra gente curar essa ferida, a gente tem que abrir e botar o dedo mesmo, né? Quem trabalha na saúde sabe que curar a ferida é limpar. Limpar a ferida dói. Às vezes a ferida também funda. Então é isso que a gente tem que fazer. Falar sobre isso, escancarar isso. Não fingir que não tá acontecendo. E quando eu falei dos dispositivos da RAPS, eu esqueci de um bem importante. Que são as residências terapêuticas. Que elas foram criadas também, né? De acordo com a reforma psiquiátrica. Esse dispositivo, ele é um dispositivo de moradia. Uma residência pra pessoas egressas. Então de hospédia e custódia, de internações psiquiátricas. De longa permanência. De dois anos ou mais ininterruptos. Isso é o que diz na lei, né? O perfil de moradores das residências. Então essas residências terapêuticas são dispositivos da saúde. Onde elas têm uma supervisão de algum CAPS. Então uma equipe do CAPS que vai supervisionar. Tem vínculo familiar, isso. Às vezes não tem família. Quando foram criadas, na época tinha manicômio fechando. Tinha gente que tava no manicômio há 20 anos já. 30 anos. E essas pessoas não tinham mais vínculo com família. Nem sabia quem era a família. Então assim, as residências terapêuticas foram criadas com essa finalidade. Ter uma moradia digna, um local. A residência, a casa deles. E aí o CAPS daria... Nós temos aqui em Joinville duas residências terapêuticas. No CAPS a gente faz a supervisão. Com 10 moradores cada uma. E as pessoas fazem o tratamento no CAPS. Ou na unidade básica de saúde. E assim, tem uma equipe, tem cuidador. As nossas residências são do tipo 2. Que é um tipo um pouco mais complexo. Que pode ter moradores com mais dependência. Pessoas que às vezes precisam de um cuidado maior em saúde. Então tem os cuidadores de saúde. Técnico de enfermagem. Aí tem a pessoa que vai fazer cozinha. Mas assim, os que tem condições ali. Eles lavam a roupa deles. Então tem uma rotina. É uma família que mora ali junto. Até a supervisão do CAPS. É pra que a gente garanta isso pra eles. Que aquilo ali não se torna uma clínica ou um mini hospital. Nada disso. É a casa deles. Eles vão sair dali pra fazer o tratamento que eles precisam fazer. Lá é a casa. Então assim, a nossa RT que fica perto ali do CAPS 2. Tem uma cachorra. É uma casa assim. Não tem placa nenhuma. Quem passa na frente não sabe. Passou uma vez assim, né? É um serviço do município ali. Que o município tá cuidando, bancando. Nada disso. É uma casa normal. Com um muro normal, fachada normal. Porque senão segrega novamente. Exatamente. Como nós somos um serviço muito grande aqui no estado. Uma estrutura, né? Nós somos a maior cidade do estado. Então nós temos um serviço bem estruturado. Nossa saúde mental é antiga aqui no município. Nós temos CAPS antes da libertação do CAPS. A libertação do CAPS. A gente já tinha um CAPS. Então assim. Muitos municípios menores que estão estruturando a sua saúde mental. Vêm aqui, conversam com a gente. Pegam algumas ideias, né? Tiram algumas dúvidas. E tem interesse em visitar as residências terapêuticas. A gente não permite. Porque não é um mostruário. Ninguém vai lá em casa, um desconhecido. Não bate lá na minha porta e diz. Deixa eu ver como é que você mora aí? Como é que você faz? Como é que você almoça? Como é que você organiza aí a tua vestimenta? Ninguém faz isso. Então a gente quer garantir que aqui seja minimamente um lar. E é um desafio gigante porque é uma residência, mas não é como uma casa onde eu escolhi morar. Tem toda uma história por trás e uma complexidade maior do que um lar só de uma família. Mas a gente tenta ao máximo garantir que eles fiquem confortáveis e felizes ali. Essa é a nossa batalha. Pra que eles sejam felizes dentro daquela casa que foi o que é possível ser feito. Sim. O estado de custódia, que ficou dois anos, muitas vezes volta e tem um perfil pra morar em uma dessas residências pra romper os vínculos familiares até às vezes em função do crime, da situação com a justiça. Então quando elas foram criadas foi também com esse objetivo. É uma reparação histórica mesmo. Quando a gente fala de reforma psiquiátrica, a gente tem que pensar na questão da reparação histórica. Que a gente deve isso a eles. O Estado deve isso a essas pessoas. Por conta de tudo que aconteceu no Brasil, no mundo. Mas a gente fala de Brasil. Na época que tinha os manicômios, o holocausto brasileiro e tudo. Também tem o filme da Lizzie. De que pouca gente fala. Isso, isso. É forte. E a questão das residências então é isso, mas a gente como a Carol falou. A gente até esquece de falar da residência porque ela não é o CAPS. Não, é a casa deles. Não tem placa. Mas ela faz parte da RAPS e é muito importante por conta de garantir a questão da moradia. Eu acho que por conta da ignorância das pessoas e minha própria as pessoas pensam assim, não tem mais hospitais de custódia. Pacientes em surto vão pra onde? O que a gente faz? Em surto sem ter cometido um crime? Mesmo se tiver um crime. Eles são atendidos nos hospitais. Isso, então o SAMU vamos supor assim, se o paciente está se a pessoa está em tratamento no CAPS e ela entra numa crise durante o tratamento. Comecei o tratamento agora em janeiro, não estava muito bem, mas aí dei uma piorada agora aqui por abril. O que acontece? Qual é o fluxo? Qual é a assistência que a gente dá? A primeira coisa que a gente faz é intensificar o cuidado que o CAPS oferece. A gente tem várias opções. A gente tem uma frequência intensiva a pessoa pode passar todos os dias lá com a gente passar o dia inteiro com a gente sobre os cuidados e o olhar da equipe se ela tem uma família bacana que tem uma estrutura bacana, que apoia o tratamento que consegue garantir o cuidado a noite, ela vai pra casa no final do dia. E no outro dia ela volta e passa o dia com a gente, desabafa sobre o que está sentindo e a gente acolhe a crise dela e por aí vai. Se essa pessoa não tem uma família que a gente possa chamar de parceira, se essa família está desestruturada por algum motivo, ou mora sozinha ou mora só na região, não tem vínculos aqui em Joinville, nós temos um outro dispositivo, que é o nosso CAPS 3, que ele é 24 horas. Então o que a gente faz? Uma indicação médica, faz uma consulta com o nosso psiquiatra, o psiquiatra indica essa terapêutica que é o que a gente chama de hospitalidade noturna. Então a pessoa vai dormir no CAPS 3, de manhã cedinho a gente busca ela lá, ela passa o dia com a gente a mesma coisa, passa o dia com a gente. O CAPS 3 vai fazer às vezes da família, vai ficar no lugar da família. Quando o CAPS 2 está fechado vai ser uma mãe, né? Tem uma equipe lá, tem médico de sobreviso Ah tá, mas nada disso está funcionando ainda. Aí é que nós vamos partir para uma internação hospitalar. Internação é o nosso último recurso. A gente vai lançar a mão dela, depois de esgotadas todas as outras possibilidades ambulatoriais e de tratamento. E ainda assim, é uma internação breve. É 15 dias, é 21 dias, é raro hoje, né? Curta permanência. É raro quem fica 3 semanas. Então assim, ali e aí a gente já tem tudo amarradinho com o hospital regional porque nós trabalhamos em rede, né? Aí o hospital regional já encaminha pra nós e ali a pessoa já faz um cuidado intensivo, pós-alta se for necessário, a gente bota ali todos os dias sobre os nossos cuidados, segunda, sexta se precisar acenar o CAPS 3 também, como ele é 24 horas ele dá essa assistência. Então assim, pra pessoa chegar hoje com a estrutura de saúde mental que a gente tem aqui em Janguiri, pra chegar a cometer um crime por conta da sua saúde mental, é porque ou essa pessoa está tão desconectada da realidade, que ela nunca ou não tem nenhum vínculo com a comunidade ou com a família pra ser levada até o CAPS, né? Ou é uma situação tão grave assim que não deu tempo da gente agir. Ou muitas vezes a primeira porta que vai bater é o SAMU e o regional, mas de lá o fluxo regional encaminha pro CAPS, existe esse fluxo. Então ninguém sai de uma crise ou de uma situação de transtorno grave, alguma internação, sem saber da existência ou ser encaminhado pra um CAPS, né? Então tem esse fluxo também. E o CAPS atualmente você atende pessoas também com ansiedade e depressão, ou só pessoas com transtornos mentais graves? Nosso serviço, nós somos o que a gente chama ali na estruturação do SUS da média complexidade, né? Então assim nós vamos atender as pessoas mais agravadas. Pode ter depressão e ansiedade, mas se for só isso a gente vai indicar o tratamento lá no posto de saúde, pra começar lá no posto, né? Porque o... A porta de entrada é a porta de entrada do SUS, né? Que é a assistência básica, né? Que são os postos de saúde. Básico, não simples. É básico, mas não é simples, né? É bem complexo também. E daí nós somos o setor secundário da saúde. E o terciário seria SAMU, hospital, beijar, internação, cirurgias mais complexas e tal. Mas nós somos o meio do caminho ali, né? Então se a pessoa não tá tão grave assim, a gente vai indicar o posto de saúde. Quando tem situações mais graves, né? Um pensamento de morte, de tirar a própria vida ou já tem um diagnóstico de base, ele quer uma esquizofrenia, um transtorno bipolar, aí a gente vai absorver essa pessoa no serviço, vai tratar ela, vai cuidar dela. Quando ela estiver melhor, ela vai receber alta do CAPS, porque nós não queremos de forma alguma repetir um modelo de institucionalizar ninguém, de depender desse serviço. Nós queremos que a pessoa passe um tempo com a gente até ela ficar bem e depois ela volte a se tratar lá no posto de saúde, lá no território dela, lá perto da casa dela, pra que não haja uma dependência. Porque assim, os manicômios foram fechados, mas assim como o hospital de custódia vai ser fechado, mas as posturas manicomiais, elas ainda permanecem em algumas condutas profissionais. Então a gente tem que tá sempre repensando as nossas práticas pra que a gente não repita um modelo de manicômio sem manicômio. Porque você institucionalizar alguém é um pensamento, é uma ação manicomial. Então assim, o manicômio não é só aquele muro que ele pede. É o nomezinho bonitinho, até no hospital de custódia que eu vi que hospital de custódia é só um nome bonito, né, porque não é um manicômio. É um manicômio judiciário. Não dá muito o termo manicômio judiciário, né. É. E assim, então o tratamento, a gente sempre preza pelo tratamento em liberdade, né, por essa luta anti-manicomial de quebrar essas barreiras mesmo, pensamento manicomial e tudo. E aí a internação vai ser a última alternativa depois que a gente lança a mão de todas as alternativas que a gente tem nos CAPS, né. E na atenção primária, nos CAPS, e depois, e assim, é importante falar que o CAPS 2 e o 3, durante o dia eles são iguais. Só que atendem regiões diferentes da cidade. Então eu moro no Ibiriu, eu vou no CAPS 3. Eu moro no Paranaguamirim, eu vou no CAPS 2. Então a gente tem de regiões, mas durante o dia eles são iguais. Depois das 18, então o CAPS 2 fecha, e daí o CAPS 3 se torna a referência pra cidade toda 24 horas. Não é um pronto atendimento de psiquiatria. Pronto atendimento é o PA e o regional. Ele vai atender, vão dormir lá e vão passar a noite pacientes referenciados, que já são, que já estão em tratamento nos CAPS e que a equipe de algum CAPS ou do CAPS AD ou CAPS 2 ou IJ ou o próprio CAPS 3 indicou a hospitalidade noturna, né. Então é funcionada dessa forma. Eu acredito que, então o que as pessoas precisam entender é que o hospital de custódia fecha por conta da segregação que tá fazendo, fez, né. E cumprimentam a lei. Exato. Em 2001. Cumprimentam uma lei, ele fecha e o tratamento dessas pessoas vai ser da forma como a lei diz como tem que ser, né. E que as pessoas que estão em surto elas vão ser internadas como já acontece. Não é porque o hospital de custódia vai fechar que as pessoas não vão ter pra um dia ir, porque elas já estão internadas no hospital se precisar ou então elas fazem o tratamento. Como eu falei, existem modalidades de internação, né. Então existe internação involuntária, compulsória, que é com a ordem judicial e a voluntária. Todas têm que ter indicação médica e existe internação, hoje tem a lei das internações psiquiátricas, hoje não, também já é de tempo. E a internação involuntária, ela pode ser de até 90 dias, é o prazo máximo que tem, né. Então existe também isso, que também é uma coisa que pode ser, a pessoa passou por várias internações de curto permanência, é um outro recurso que também a gente tenta usar o mínimo possível, mas também existe, né, por ordem judicial e tudo, uma internação de 3 meses, 90 dias. Então a gente tem também essa questão. Até pra gente não cair no erro de romantizar situações graves, né, não é, a gente não está aqui querendo minimizar. Nós temos casos gravíssimos, casos de pessoas que têm conflito com a justiça, que estão pagando por esse crime que cometeram, que estão com dificuldade de adesão ao tratamento, que não tem muita crítica em relação ao que aconteceu, que acha que está tudo bem, que pode voltar para uma situação ali anterior, onde gerou a crise e nós ficamos em cima, nós falamos, olha, cuidado, você está em débito com a justiça, né, essa situação é grave. Então assim, essas internações de 90 dias também são necessárias, para que a pessoa tenha um tempo maior de adequação, para que as equipes consigam avaliar com mais cautela como que essa pessoa vai ficar de volta, aonde ela vai ficar, vai voltar para sua família, vai ficar em um outro lugar, né, então assim, nós também não vamos dizer, em momento nenhum, que não existem situações onde as próprias equipes ficam sem recurso, né, e aí entra a responsabilidade da pessoa que está ali, né, porque ninguém assim, a gente... É voluntário. É voluntário. E existe uma mística, assim, em relação a outras tormentas, que a pessoa vive num delírio, vive delirante, assim, nos casos graves, né, uma coisa meio cinematográfica assim, meio, né, infantilizado até, não existe nenhum, uma pessoa que está constantemente delirante. Qualquer usuário nosso, por mais grave que ele seja, ele tem momentos de lucidez, momentos de crise, né, e eu diria até que é muito menor os momentos de crise em relação aos momentos de lucidez, né, então a gente consegue dialogar com a pessoa sobre a responsabilidade dela naquele tratamento ali, né. Eu fico mais chocada porque eu trabalho em um hospital, né, e eu vejo o quão comum é transtornos mentais, e como ninguém fala disso. Todo dia vai entrar um paciente com transtorno mental lá, normalmente em situações críticas, e ninguém fala disso, ninguém fala o quão comum é. Sim, e ainda a questão da pandemia, a pós-pandemia ainda aumentou, né, a questão de estresse, a gente está falando de coisas graves, a gente tem estresse do trabalho, que pode se tornar uma coisa grave, a gente tem transtornos de ansiedade, uma depressão, que às vezes vem de forma leve, pode, né, depressão após-parto, os números são enormes, assim, se a gente for pesquisar, né, os índices são altos mesmo, e quem trabalha em um hospital vive essa realidade, mas realmente é algo que precisa ser mais falado, até pra, o falar e o divulgar é no sentido de prevenção, né, das pessoas saberem que isso existe, saberem quais são os sinais que qualquer um está sujeito, então você se cuidar e também cuidar de quem está perto de você, né, de poder identificar, ajudar, orientar, saber o que existe de tratamento, de ajuda, porque muitas vezes essa pessoa está ali com uma ansiedade e ela não vai para o hospital, mas por quê, né, mas se eu estou com uma febre há três dias, eu vou, né, mas a ansiedade também me traz sintomas ruins e também pode piorar, também pode trazer prejuízos graves. Mas é aquela estigma, né, a vergonha, ah, é louco, então tem muito isso, assim, por isso é pouco falado. É muito bem agora, está viralizando, está todo mundo falando, ah, agora toda criança é autista, toda criança tem TADH, mas na verdade é que sempre esteve ali o autismo, o TADH desde antigamente nunca era falado, nunca era falado sobre, não tinha muito, é a nossa geração agora, a gente tem mais o costume de ir para o psicólogo, é mais falado, como antigamente todas as pessoas continuavam tendo isso, sempre tiveram, só que não era falado porque elas não sabiam, e não tinham o costume de ir para o psicólogo. E também tinha segregação, né, muitos ficavam, não iam para a escola, ficavam em casa, as crianças, né, crianças com deficiência, então também tem isso, a questão da segregação também, então hoje, ainda bem, né, que a gente fala muito disso, tem os diagnósticos, os recursos, não mudou. E aí mesmo assim, com o autismo, que tem bastante pessoas com autismo, a sociedade também não está preparada para criança com autismo, porque se for entrar em uma sala de aula que tem quatro crianças autistas, é um auxiliar educador para cinco crianças, então é muito complicado, entendeu? A gente já pensa assim, do autismo, vai aos poucos, a gente está recebendo essas pessoas que têm esses transtornos mentais, a sociedade em si, não foi educada para isso, a gente foi preparada para abraçá-los. Estamos caminhando, né, de alguns anos para cá, já tem um grande progresso nessa área. Eu não sei se vocês têm reparado, mas eu, né, como uma jovem que estou sempre no Instagram, vocês viram que estou falando bastante do CAPS na internet. Tem até meme. Eu falei esses dias sobre o CAPS. Se a gente virou meme, é porque a gente está na boca do povo. É isso aí. O fato de estarmos aqui hoje, conversando com estudantes de direito, é a prova disso. Nós temos diversos atravessamentos judiciais na nossa prática que são... Será que eu vou ter alguma falha? Até onde você pode questionar? Em todas as áreas a gente vai ter falta de conhecimento. Não é por falta de inteligência de alguém, ou maldade, porque realmente a gente não tem como a gente saber tudo. A gente, por exemplo, não tem muita coisa de saúde mental. A gente já sabe mais porque a gente está ali inserido. Então, assim, tem assuntos que a gente não vai chegar aqui saber falar. Então, assim, eu vou pesquisar, vou estudar isso. Então, muitas vezes, decisões são tomadas por pessoas que têm um poder de decidir, mas que é difícil. E o movimento social é muito importante. A reforma psiquiátrica veio de um movimento social. A sociedade se mobilizou, se articulou e os manicômios foram fechados. Eu vejo que a questão do autismo e do TDAH também, o que aconteceu? Com as redes sociais, assim, que hoje é a maior fonte de informação das pessoas, gostem ou não, para o bem ou para o mal, né? O que aconteceu? Os autistas ficaram adultos. E tem muitos autistas com nível cognitivo de inteligência de dependência muito alto. Então, isso também começou por um movimento deles, né? Pela briga por lei, né? Por acesso. É sempre uma briga, né? É sempre brigando, né? Nunca foi pedindo por favor, é sempre pé na porta. Mesmo que eu diga que foi um manicômio, assim, foi um pé na porta. Nós vamos abrir esse manicômio de qualquer forma, né? Então, eu vejo que tem isso também, né? O movimento social com as redes sociais, os autistas que ficaram aí adultos agora estão brigando por esse espaço, pelo seu direito, porque realmente, né? A sociedade... Isso sempre existiu. Sempre existiu. Agora eles têm visibilidade. Eles têm a internet, né? É o TikTok. Nossa, uma rede social que a gente tem mais referência ao TikTok. Igual eu falo, ah, eu aprendi uma coisa. Onde você aprendeu? TikTok. E igual ela aí falou, não sei se é por conta que a gente pesquisa e o nosso celular filtra, que a gente tá pesquisando, o CAPS apareceu pra mim. Em Garuva, a gente não tem... Vocês estão falando a palavra CAPS ali, ó. Ela tá ouvindo e pegando. Em Garuva, eu sou de Garuva. E em Garuva a gente não tem o CAPS. A gente tem os CAPS que atendem uma vez por semana. Sim, são essas pessoas que têm transtornos mentais mais graves, mas a gente não tem o CAPS adequado pra eles, né? Então, pra mim foi uma novidade. Quando ela aí falou, não, vamos fazer o trabalho, eu vou falar sobre o CAPS. Eu falei, aqui tem o CAPS. Sim, sim. Não tem na minha cidade. Eu nunca precisei. Ninguém próximo a mim, né? Então, ela aí falou. Ela explicou como que era o CAPS. E isso é uma coisa muito interessante porque várias pessoas não sabem o que é o CAPS. Não tem conhecimento que pode pedir ajuda. Às vezes tem uma pessoa familiar que precisa de ajuda com tratamentos mentais e não sabe onde pedir ajuda. Ou se é pra recorrer. Até porque eu conheci... Olha isso. Eu conheci uma motorista no aplicativo e ela me contou sobre um parente dela. Ela é aqui de Anville e vocês falaram que o CAPS aqui é muito bem desenvolvido e ela não tinha consciência do como o CAPS poderia ajudar aquele parente dela. Eu não lembro qual era o problema dele, mas ele tinha alguns transtornos mentais e ele não tinha comida em casa. Quem cuidava dele faleceu. Ele estava totalmente de mão parada. Eu falei, você já ouviu falar sobre o CAPS? Olha que importante. Você sabia do CAPS. Alguém que conversou com ela sabia. Não teria acontecido isso. E a maior divulgação do CAPS que a gente vê nos acolhimentos é que o acolhimento é a chegada da pessoa pela primeira vez no CAPS. A primeira coisa que ela vai fazer no CAPS é passar por um acolhimento. O acolhedor sempre pergunta, como é que você soube do CAPS? Ele não vem com encaminhamento de algum lugar? A gente não exige, não precisa. Mas às vezes ele vem, um médico encaminhou, um hospital encaminhou. Se ele não vem com esse documento nenhum, a gente sempre pergunta, como é que você descobriu o CAPS? Como é que você chegou aqui? A maioria é o boca a boca. Ah, é que ele tem uma vizinha que já se tratou aqui. Ah, porque tem um parente que já está no CAPS da sua cidade e aí ele procura o CAPS. Então é o boca a boca. E uma coisa que eu vejo também é o fato de a gente estar aí nas redes sociais virar do meme. Até com a miseta. Eu vi uma pessoa que era provavelmente usuária de CAPS, que falou assim, eu sou famosa no CAPS. Eu acho também que o perfil do nosso usuário tem mudado por conta da nossa... do desenvolvimento social. Os transtornos mentais que antes eram comuns ou moderados, eles estão agravando. Dificilmente, antigamente, a gente atendia um paciente com ansiedade generalizada. Por exemplo, hoje nós temos alguns casos no CAPS com ansiedade generalizada e a pessoa tentou suicídio por conta da sua ansiedade. Os transtornos moderados estão aumentando, agravando. Só que essas pessoas são pessoas comunosas, que usam a rede social, que têm um cognitivo preservado. Então, acabam compartilhando suas histórias ali. Muitas têm perfis de saúde mental e compartilham a sua história de tratamento nas redes sociais. Então, isso também está mudando um pouquinho a cara do CAPS. Que, por um lado, é bom, porque a gente está dentro da sociedade. Porque, senão, a gente também fica dividido, separado, segregado dos outros serviços de saúde, dos outros tipos de tratamento. E uma coisa importante que eu esqueci de falar antes. Então, o CAPS é um serviço de atenção à crise e nós fizemos uma estatística, uma média de quanto tempo a pessoa fica. E a média é de três meses. Então, é uma média. Tem pessoas que ficam mais tempo do que três, tem outras que ficam bem menos, mas a média são três meses de atenção à crise para depois a gente encaminhar novamente para a unidade básica de saúde, para o território, para atendimento. A unidade de saúde do território dela. A unidade básica de saúde. Isso. Continua pegando a medicação, faz as visitas. A consulta pode continuar acontecendo lá na unidade básica de saúde. Esse é o objetivo. No seu território. Ser tratada no seu território. A gente tem um agente comunitário aqui na sala. Olha aí, que bacana. Olha, que bom. Que legal. Isso aí. É um papel importantíssimo. Ninguém conhece melhor o usuário do que o agente voluntário de saúde. Ele está lá no chão, né? Vai na casa. Eu não sei se vocês sabem, eu esqueço às vezes de falar isso, mas eu já me peguei perguntando e as pessoas não sabem. Por que a gente chama de usuários? Boa. A gente fala paciente, fala usuário, né? É usuários do SUS, como nós todos somos. Tem gente que diz, ah, eu não sou, eu tenho um plano de saúde. Ah, tu nunca se vacinou no posto. Água mineral que você bebe. Vigilância sanitária. O que é do SUS? O restaurante que tu vai lá. Vigilância sanitária SUS. Então todos nós somos usuários. Ninguém tem um plano de saúde, mas tomam vacina no SUS. É, usuários do SUS. De alguma forma a gente sempre vai fazer uso do SUS. Com a vigilância, com os lugares que a gente vai, que a gente come, a água que a gente toma. Então a gente fala usuários do SUS. A gente gosta desse nome. Até porque o termo paciente se refere ao passivo, né? A um termo muito hospitalar, onde a pessoa fica ali passiva aguardando o tratamento funcionar. E na saúde mental, até na saúde pública, no território, mesmo no posto de saúde, a pessoa, ela é um ator ativo. Ela é, o protagonista não é, no hospital, o protagonista é o médico. Vou arrumar uma briga agora com outra classe. Já arrumei com os juízes, agora vamos brigar com os médicos. Não, eu tô brincando, tá? Mas assim, o protagonista ali é o remédio, né? É o médico. Na saúde mental, na atenção à saúde lá no território, o protagonista é o usuário. É a pessoa. Então não cabe esse termo paciente de passivo que aguarda. Ele vai ajudar, ele vai se envolver no tratamento, ele é co-responsável por aquele tratamento, então o termo paciente não cabe nessas situações. Por isso que a gente chama de usuário. Queria fazer uma pergunta pra encerar, porque a gente conversou, deu uma hora. Deu, deu, deu uma hora. É a ponto que não é aquela coisa que a gente deveria ter avisado, né? Que a gente fala pra caramba. Eu não vou deixar as perguntas, mas eu vou deixar as pras próximas. Então, acho que a gente finaliza aqui, né? A gente conseguiu pegar bem o porquê do fechamento do hospital de custódia que já deveria ter sido fechado antes, né? Isso é uma lei, uma resolução que faz tempo, né? E do próximo, a gente espera poder falar como que tá mais a situação atual e o que a gente precisa, sabe? O que vocês querem falar que é isso que a gente tá precisando agora pra conseguir tirar isso do papel e fazer valer mais, sabe? Pode fazer uma divulgação? Pode, pode. Ainda vai sair a programação oficial, mas em maio a gente tem a semana de orientação e concentração sobre a saúde mental, que é uma lei municipal, que todo ano em maio, então a gente, uma semana que é bem na semana do dia 18 de maio, que é o dia nacional da luta antimanicomial, a gente faz então uma semana de ações pra comunidade, pros nossos usuários, pra profissionais. Então é uma semana assim que tem capacitações pra profissionais, também tem oficinas pra usuários, várias atividades. A gente envolve as universidades também, a Católica, que é uma parceira na organização e também cede espaço pro evento, e a Univilha, as outras universidades também, todos os serviços, né, atenção primária e saúde também, a gente envolve todos os atores ali, né, e os usuários, claro. Então é uma semana que vai ter capacitações, vai ter um dia de jogos pros usuários, o dia da festa da amizade da saúde mental pra eles também, aí tem o dia do cuidando do cuidador, que a gente também tem que olhar pros nossos profissionais, né, pra quem tá lá e também precisa ser cuidado e várias coisas, não sei se esqueci de alguma, mas é a prostituição, a festa, a encerramento, ah, mas é importante, a caminhada, aí tem um dia que é o dia da caminhada, a gente sai lá da Praça da Bandeira, do lado do terminal e vem, o final é aqui na Católica, e vão ter algumas salas aqui com oficinas e ações de vivência em saúde mental, que daí o pessoal chega da caminhada e pode ir, né, e essa caminhada é aberta ao público, a gente convida todo mundo, né, que quiser participar e tá com a gente ali nesse movimento, e o objetivo da semana é orientação e conscientização, é que as pessoas saibam, né, estejam orientados, estejam conscientes de tudo isso que a gente falou aqui, né, e dos serviços e tudo, então é também pra divulgar e pras pessoas saberem onde buscar ajuda, que tem, né, esses recursos, e ainda vai sair a programação oficial no site da Prefeitura, né, não tá ainda pronta, tô dando uns spoilers aqui, mas vai ser na semana ali, na semana ali do dia 13 de maio, né, e depois vai ter os links pra inscrição nas capacitações, pros estudantes também, pros profissionais, né, e usuários e familiares, e vai ser bem bacana, assim, todo ano a gente arrasa cada vez mais. É, é bem emocionante, assim, é bem legal. Caramba, que legal. Então, fica o convite, em breve vai estar lá no site, daí vocês podem acessar lá pra pegar todas as informações detalhadas. Pra gente participar, pra gente aprender mais, pra colocar no nosso podcast. Legal, legal. Isso, isso aí, isso aí. A gente quer agradecer, né, vocês por terem vindo aqui e parabenizar também pelo trabalho incrível de vocês, de verdade, assim, porque vocês com certeza cuidam e ajudam de muitas pessoas. Mas não é porque a gente é legal, estamos cumprindo a lei, isso aí. Mas muito obrigada por dispor do tempo de vocês, né, fora do horário comercial. Obrigada a vocês, meninas. Parabéns pela iniciativa também, e com certeza lá no futuro, quando vocês forem assinar alguma ordem lá de internação involuntária, vocês vão lembrar da nossa conversa, né, meninas. Não, vamos conversar com o pessoal do Capri, vamos lá ver esse caso aqui, o que está acontecendo, né. É o diálogo, né, mais importante entre todas as esferas, né, o que a gente precisa. Sim, a comunicação, né. Isso, muito bacana. A gente ficou bem contente da iniciativa partir de estudantes de direito, que não, né, o mais comum é nas áreas da saúde, né. Então, muito legal. Parabéns pela iniciativa de vocês. Obrigada. A gente agradece vocês. Obrigada. Obrigada.

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