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Entrevista com aluno de jornalismo cego, conta como é inclusão e acessibilidade para ele.
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Entrevista com aluno de jornalismo cego, conta como é inclusão e acessibilidade para ele.
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Entrevista com aluno de jornalismo cego, conta como é inclusão e acessibilidade para ele.
The episode discusses the topic of social inclusion and accessibility for visually impaired individuals at the University of Mato Grosso. Initiatives have been implemented to ensure that visually impaired students can fully participate in university life. The guest, Pedro, shares his experiences and challenges. The university has made adaptations such as tactile flooring and training for teachers. The use of braille printers and audio recording of materials is also suggested. The collaboration between Pedro and his reader has been beneficial in accessing adapted materials. The importance of promoting autonomy for visually impaired students is highlighted. Olá, ouvintes acadêmicos da Unemac, sejam bem-vindos a mais um episódio do programa Pode Saber. Eu sou Malcene Nunes e hoje vamos abordar um tema fundamental, a inclusão social e a acessibilidade para pessoas com deficiência visual. Vamos discutir como a Universidade do Estado de Mato Grosso, Unemac, Campos de Tangará da Serra, especialmente o curso de jornalismo, atende as necessidades dos acadêmicos com deficiência visual. Na Unemac, diversas iniciativas estão sendo desenvolvidas para assegurar que os acadêmicos com deficiência visual possam participar plenamente da vida universitária e alcançar seu potencial acadêmico e profissional. Hoje vamos explorar essas iniciativas e entender como elas impactam a vida dos estudantes. E para falar mais sobre esse assunto, trouxemos um convidado especial, o acadêmico do quarto semestre de jornalismo, Pedro de Sousa, ele que é cego e tem lugar de fala sobre esse assunto. Olá Pedro, tudo bem? Tudo bem. E para iniciar nossa conversa, vou fazer minha autodescrição. Eu sou da Coparda, eu tenho 1,54m, estou com a blusa da Corvinho, estou de calça jeans escuro, estou calçando uma rasteirinha, tenho olhos castanho escuro, cabelos cacheados e no momento estou com ele preso. E conte para nós como alguém deve se apresentar para você. Primeiramente a pessoa deve se identificar, falando o nome dela e falar um pouco da estatura e altura, falar basicamente como ela é fisicamente. Como foi sua recepção no curso de jornalismo pela universidade? Inicialmente fui bem recebido, tanto pelo professor que estava em sala de aula no dia e também pelos acadêmicos. Entendendo a importância de promover a inclusão e a acessibilidade, gostaria de saber quais são as principais barreiras que você enfrenta diariamente em relação a acessibilidade e a inclusão. Falando sobre a acessibilidade, infelizmente é um processo que ainda tem que se trabalhar muito, principalmente no processo de conscientização da parte dos governantes e também da sociedade aonde eu estou inserido, no caso a minha cidade, que é uma cidade que está crescendo, então tem muitas obras, tem muitas calçadas danificadas e já no processo da inclusão a gente vê que ainda precisa melhorar, porque muitas das vezes somos marginalizados, ou seja, deixados de lado, visto como coitadinho e a gente às vezes se sente triste por isso, mas assim, é um processo que tem a trabalhar de conscientizar, isso vem tanto da mídia como da própria comunidade em si, da sociedade. Considerando a importância das interações com os colegas, como foi seu primeiro semestre na universidade em relação aos colegas, quais foram os principais desafios que enfrentou? O desafio foi primeiramente conscientizar os colegas sobre a importância da minha inclusão no ensino e da minha participação nos trabalhos acadêmicos e graças a Deus os colegas entenderam bem esse processo e o que me marcou bastante foi na disciplina de linguagem e fotografia, onde os colegas tiraram fotos comigo e também fez a autodescrição das fotos, das imagens produzidas por eles em ambientes, eventos e isso foi uma ideia da professora, onde ela pediu que cada acadêmico fizesse ali a descrição das imagens e com isso pôde contribuir para que os colegas da classe pudesse ali entender um pouco sobre e me incluir nas atividades para mim ter ali a participação dentro do curso e tudo isso veio a contribuir. Chamada Ana, acompanhe agora a entrevista feita pela repórter Giovana Silva com a professora Ana Andrushak, que também é colega de classe do Pedro. Ana, sabemos que as salas de aulas não estavam preparadas para receber o Pedro, quais foram as soluções encontradas? A única cuidado que nós passamos a ter é colocar aquelas mesas quadradas com a cadeira que facilita para ele sentar em vez dessas que tem um lado só, outra coisa que nós fizemos foi reivindicar um leidor para acompanhar ele em todo quanto é lugar, passamos a reivindicar para a gestão para ter piso tátil para ele circular pelos corredores da universidade, que em vez de conseguir via gestão, nós conseguimos um acordo com os alunos do curso de jornalismo, que estavam numa sala sem o piso tático, que era a turma do Pedro e uma turma do curso de biologia que estava na sala com piso tátil. Eu fui e conversei com os alunos, os alunos fizeram um documento de troca e conseguimos resolver pelos alunos. O que me marcou mais foi justamente essa luta do piso tátil e aí nós tínhamos nesse período, recentemente a Carla tinha vindo trabalhar com a gente e ela começou a explicar a importância de dar autonomia para um cego, que ele precisa entender que apesar da perda da visão, ele tem todo mundo, que ele é dono do seu próprio mundo e aí eu perguntei para ele um dia, quando a gente estava nessa luta para conseguir o piso tátil, como que ele se sentia sabendo que a gente não conseguia prover um piso tátil para ele e ele tinha que andar no corredor onde ele esbarrava num galão de água que ficava pingando a água do ar-condicionado, ele esbarrava em bicicleta estacionada, porque ele não tinha uma direção para ele andar porque não tinha um piso tátil naquele corredor da sala que ele estava estudando. Aí ele falou para mim assim, sabe como eu me sinto professora Ana? Ele falou assim, eu me sinto como se fosse um trilho fora do trem e isso me marcou demais porque eu queria uma fala dele para mostrar como ele se sentia e como que um piso tátil é importante para um cego. No ano de 2023, a gente sabe que foi feita uma dinâmica em que as pessoas colocavam uma venda nos olhos e tentava andar, se locomover pela faculdade com essa venda nos olhos. Para você, qual foi a necessidade maior de ter criado essa dinâmica? Então, o que nós fizemos? A partir de eu ouvir o próprio Pedro, ele perceber as necessidades dele e ouvir também a Carla, que é uma pessoa que tem toda uma capacitação. Nós fomos até a escola Zoldestock e conversamos com a Marli, que é uma professora que capacita, prepara professores para trabalhar com pessoas deficientes, prover essas condições de mobilidade, porque todo mundo acreditava, todos nós acreditávamos que ajudar o Pedro era pegar o Pedro da sala, levar no banheiro, pegar o Pedro, levar a beber água, pegar o Pedro, levar pra lá, levar pra cá, ficar com ele o tempo todo na cantina, em qualquer lugar o tempo todo como se fosse uma babá dele. A partir daí, nós começamos a entender que a gente precisava se sentir cego e aí foi feita toda uma dinâmica de andar com bengala, de andar cegos, pra sentir como que é o lugar da pessoa cega e mudou muito o cuidado com o Pedro, o olhar com o Pedro depois disso. Melhorou muito mesmo. Reconhecendo a importância de promover um ambiente inclusivo e acessível, quais recursos e adaptações você acredita que sejam mais eficazes para promover a inclusão de pessoas com deficiências visuais? Hoje, dentro da organização a qual estou inserido, a Unemate, precisa hoje se fazer uma sala de recurso adaptada principalmente com impressoras em braile e também com gravadores de áudio, para que viesse a ser gravado tanto as aulas como também materiais impressos, para não ser impresso, mas sim ser gravado em áudio, como já existe nas outras universidades que existe estúdio onde é gravado esses materiais. O ideal seria que fosse gravada as aulas positivas para facilitar, no caso, quando eu tivesse que fazer uma prova, fazer uma revisão, ter um estudo mais personalizado. E também assim que tivesse finalização nas portas, identificação em braile, para eu saber o número da minha sala, da minha porta, porque muitas das vezes tem que usar de pessoas para identificar, ler e falta essa melhoria. E também procurar um treinamento para o corpo docente, no caso os professores, para que eles venham a explicar mais, tipo gráficos, fotos, para que eu possa poder extrair mais ali o conhecimento dentro da organização da faculdade. E o que a universidade tem feito até agora para melhorar sua acessibilidade e mobilidade pelos corredores da Unemate? Hoje a universidade está num processo de adaptação, está se adaptando para me acolher tanto a mim como outros PCDs na universidade. Fez a implantação de piso tátil, também fez adaptação de banheiro, PCD, assim também como proporcionou um treinamento com os docentes, com a professora do município, que é apta na área para trabalhar com deficiente visual. Também fez a compra de notebooks adaptados, contratou uma profissional preparada e qualificada na área para ser a nossa ledora, transcritora e também a coordenação está sempre atendendo os nossos pedidos e buscando atender as nossas necessidades naquilo que a gente tem cobrado. Considerando o processo legislativo que exige a contratação de uma leidora para auxiliar você em suas atividades curriculares, como foi a colaboração entre você e sua leidora? Inicialmente foi bem promissor, porque através da leidora eu pude ter acesso aos materiais adaptados em textos e também em áudio, assim também como na hora de realizar provas, atividades avaliativas, na qual a leidora foi de suma importância, pois ela pôde ler e transcrever tudo aquilo que eu falava, assim também aquilo que eu tinha dúvidas e não estava entendendo, ela sempre foi muito dedicada para procurar, sempre trazer ali inovação e adaptar outros tipos de recursos. Fique agora com a repórter Giovana Silva, com a Carla Adriele, atual leidora de São Pedro. Carla, conta pra gente quais são as suas responsabilidades como leidora com os alunos com deficiência visual? O leidor é responsável pela acessibilidade do aluno na universidade, acompanhar e auxiliar nas demandas propostas pelos professores, como atividades, provas e também em laboratórios. E como você incentiva a autonomia dos alunos com deficiência visual? A autonomia do aluno precisa ser trabalhada realizando a mobilidade primeiro, que é apresentar o campus para o aluno, mostrar onde fica localizada as salas de aulas, os banheiros, os bebedouros e também os laboratórios e a coordenação, para que assim o aluno tenha autonomia para andar pelo campus sozinho. Entendendo que lidar com disciplinas que requerem o sentido da visão pode ser desafiador para estudantes com deficiência visual, como você lidar com essas disciplinas e quais estratégias utiliza para superar esses desafios? Muitas das vezes quando eu me deparo com disciplinas assim, eu tento complementar aquilo que o professor não conseguiu passar pra mim, buscando outras fontes, no caso Youtube ou até mesmo procurando conversar com a minha leidora, pedindo para que ela explicasse usando as técnicas que ela aprendeu no curso de leidora transcritora e isso ajuda a contribuir para o meu entendimento da disciplina. Nossa repórter falará agora com o professor Felipe Collar. Professor, conta pra gente a sua percepção sobre inclusão e suas disciplinas. Bom, pensar um ambiente universitário acessível para amplitude de sensorialidade, ou seja, pessoas viventes, pessoas não viventes, pessoas ouvintes, pessoas não ouvintes, pessoas que enfim fazem algum tipo de uso de algum recurso para locomoção, isso tudo precisa ser pensado no planejamento mesmo das disciplinas, no planejamento das dinâmicas, e no caso específico das disciplinas que eu atuei, estou atuando, tem a dimensão do audiovisual, então é um desafio muito grande trabalhar com pessoas não videntes, mas aí a gente vai explorar a linguagem audiovisual a partir de descrição, uma modalidade de tradução intersemiótica. Foi assim também que a gente realizou no semestre passado, ano passado na verdade, um laboratório de experimentação crítica livre em audiodescrição, porque era uma demanda a partir do contexto do curso de jornalismo, de estudantes, com estudantes cegos ou com baixa visão, então foi uma experiência legal. Claro, tem o problema da visualidade, mas temos outras maneiras de se adaptar e tornar o processo diminuir as barreiras que essas pessoas enfrentam dentro da sociedade. Nessas aulas que a gente sabe que linguagem audiovisual tem entrevista, tem edições, como que você pensou em adaptar a disciplina de linguagem audiovisual para uma pessoa perceber? No caso, eu tive o Pedro como estudante. O Pedro é uma pessoa com deficiência visual total, então foi um desafio muito grande, porque estávamos trabalhando questões de angulação para a construção de sentido nas peças audiovisuais. Trabalhamos ao mesmo tempo o som e a imagem, então a gente foi explorando, claro, com a audiodescrição para dar esse suporte, fomos explorando uma afinidade muito grande, por exemplo, que o Pedro tinha e tem com o som. Interessante observar um som que, para nós identes e ouvintes, passava despercebido ou numa tonalidade mais baixa, para ele ganhava um efeito muito importante na função da narrativa, então a gente foi explorando nesse sentido. Claro que a gente também contou com a leidora, a Carla fez um trabalho muito interessante de também mediar essa situação e exploramos outras possibilidades de pensar o audiovisual para além das filmagens. O audiovisual a gente começa a pensar numa pré, numa pós-produção, então o Pedro transitou em todos esses estágios. CONSIDERANDO A IMPORTÂNCIA DE GARANTIR SEU BEM-ESTAR NA UNIMAT, GOSTARIA DE PERGUNTAR, VOCÊ SENTE QUE AS SUAS NECESSIDADES SÃO ADEQUADAMENTE ATENDIDAS PELA INSTITUIÇÃO? EM CASO NEGATIVO, QUAIS MELHORIAS VOCÊ GOSTARIA DE VER? Atualmente eu gostaria de ver hoje dentro da instituição uma sala de recurso com outros equipamentos, impressoras, scanner, gravador, para que tivesse os materiais adaptados, tivesse um espaço para poder filmar. Fazer as provas, atividades, que seria uma sala de recurso, onde também pudesse ficar ali a leidora, a transcritora com aqueles equipamentos. PEDRÃO TEM ESSE APELIDO CARINHOSO DADO POR UMA PROFESSORA, QUE REFLEXÃO VOCÊ DEIXA PARA NÓS SOBRE SEUS SONHOS VANTAGES? E NOS FALA QUAL CARREIRA VOCÊ QUER SEGUIR? A carreira que eu pretendo seguir após a conclusão do curso é trabalhar no rádio jornal, eu gostaria muito de poder trabalhar em um programa de rádio jornal, apresentando as necessidades e as demandas da sociedade. E sobre a conscientização dos colegas, gostaria de deixar para todos vocês, que nunca desistam dos seus sonhos, continue lutando, quero que vocês vão até o fim, não volte para trás, mas siga avante, porque vocês são mais do que vencedores, porque estão aqui e continue assim brilhando, porque lá na frente vocês vão colher os frutos do vosso estudo. Obrigada Pedro por fazer parte do nosso Pode Saber. Eu que agradeço pela oportunidade. Esse foi o Pode Saber de hoje, sobre inclusão e acessibilidade para pessoas com deficiência visual. Eu sou Malciane Nunes e os entrevistados foram Pedro de Sousa, Felipe Collar, Anandro Schack e Carla Adriel. A produção do roteiro foi realizada por Carlos Daniel, Giovanna Silva e Vanessa Morim. A edição ficou por conta da Vanessa Morim. Agradecemos a você, a ouvinte, por nos acompanhar e até o próximo episódio. Este podcast é um projeto experimental da disciplina de laboratório de jornalismo e mídia sonora.